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Dormir bem à noite pode ser a melhor forma de obter um peso saudável

Boa Forma/ Uol - 23 de março de 2013 - 14:30

Há anos os pesquisadores sabiam que as pessoas que dormem menos do que cinco ou seis horas diárias estão mais propensas a estarem acima do peso. Entre as crianças, o tempo de sono inferior a 10 horas diárias está associado ao ganho de peso.

Um novo e fascinante estudo agora sugere que essa associação talvez seja mais perigosa do que se pensava. Perder apenas algumas horas de sono durante algumas noites seguidas pode gerar um aumento de peso quase imediato.

Pesquisadores do sono da Universidade do Colorado recrutaram 16 pessoas saudáveis, de ambos os sexos, para um experimento de duas semanas com monitoramento do sono, metabolismo e dos hábitos alimentares. Não foi permitido que nada ocorresse de forma natural: os participantes permaneceram em um quarto especial que permitia aos pesquisadores monitorar seu metabolismo por meio da medição da quantidade de oxigênio inalada e de dióxido de carbono expelida. Cada bocado de alimento ingerido era registrado e foi imposta uma rotina de sono rígida aos participantes.

A meta era determinar se apenas uma semana de sono inadequado – como ocorre quando estudantes se preparam para uma prova ou quando profissionais ficam acordados até mais tarde para cumprir prazos de entrega de tarefas – influenciava no peso, comportamento e na fisiologia das pessoas.

A equipe consentiu que metade dos participantes dormisse nove horas na primeira semana do estudo e a outra metade ficasse acordada até quase meia-noite e depois dormisse por cinco horas. O acesso a alimentos era ilimitado para todos os participantes. Na segunda semana, os cientistas inverteram o tempo de sono permitido para os dois grupos: o grupo que havia dormido nove horas passou a dormir por cinco horas e vice-versa.

Calorias a mais

Interessantemente, eles descobriram que quando os participantes ficaram acordados até tarde e dormiram apenas cinco horas seu metabolismo aumentou. Os participantes que tiveram seu sono reduzido queimaram na realidade 111 calorias a mais por dia, de acordo com as descobertas publicadas na semana passada no periódico The Proceedings of the National Academy of Sciences.

Apesar de queimarmos mais calorias quando estamos acordados, a privação de sono não é uma boa forma de perder peso. As pessoas que dormiram pouco acabaram comendo muito mais que as que dormiram nove horas e tinham engordado em média aproximadamente um quilo no final da primeira semana do estudo.

Os participantes que dormiram nove horas na primeira semana também engordaram na segunda semana do estudo, quando seu tempo de sono foi reduzido para apenas cinco horas. Na segunda semana do estudo, o grupo cujo sono havia sido restrito na primeira semana perdeu parte, mas não todo o peso que havia ganho na primeira semana.

Kenneth Wright, diretor do laboratório de sono e cronobiologia da universidade, afirmou que a mudança era, em parte, comportamental. Permanecer acordado até tarde e não dormir o suficiente fez com que as pessoas não apenas comessem mais, mas mudassem o tipo de alimentação.

"Descobrimos que as pessoas ingeriam carboidratos demais quando não dormiam o suficiente", afirmou. "Elas comeram mais, mas também mudaram o tipo de alimentação. Elas comeram menos no café da manhã, mas comeram muito mais no jantar."

Os participantes privados de sono acabaram, na realidade, ingerindo mais calorias ao beliscar após o jantar que em quaisquer outras refeições feitas ao longo do dia. Os participantes consumiram no total 6% mais calorias quando dormiram pouco. Quando seu tempo de sono aumentou, eles passaram a ingerir alimentos mais saudáveis, com menos carboidratos e gorduras.

Wright observou que, na vida real, os efeitos da privação de sono sobre o peso seriam provavelmente semelhantes, porém não tão pronunciados como no ambiente controlado. Os pesquisadores descobriram que a privação de sono desregulou o relógio biológico das pessoas e isso, por sua vez, parecia influenciar na mudança de hábitos alimentares.

"Eles estavam acordados três horas antes do horário considerado como noite pelo seu relógio biológico", afirmou Wright. "Eles ingeriram refeições leves, que correspondiam a cafés da manhã, provavelmente porque estavam acordados em um horário considerado como noite pelo seu relógio biológico."

Esse efeito é semelhante ao que ocorre durante a mudança de fuso horário, quando as pessoas viajam da Califórnia para Nova York.

Diabetes

O periódico The Annals of Internal Medicine divulgou no final do ano passado um estudo em que pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que a falta de sono altera a biologia das células de gordura. No estudo modesto – envolvendo apenas sete voluntários saudáveis – os pesquisadores monitoraram as alterações nos participantes ao deixarem de dormir 8h30min e passarem a dormir apenas 4h30min. Após quatro noites de privação de sono, as células de gordura dos participantes estavam menos sensíveis à insulina, alteração metabólica associada ao diabetes e à obesidade.

"Do ponto de vista metabólico, a falta de sono envelheceu as células de gordura em 20 anos", afirmou Matthew Brady, professor adjunto de medicina da Universidade de Chicago e autor sênior do estudo. "Os participantes tinham vinte e poucos anos, mas agora é como se estivessem na meia idade, no que se refere a sua reação. Ficamos surpresos ao observar a intensidade dos efeitos."

Wright e Brady comentaram em seus artigos que os efeitos de um período longo de privação de sono sobre o peso não estão claros, uma vez que seus estudos tiveram duração de apenas alguns dias.

Brady afirmou que embora não seja possível solucionar o problema da obesidade com a melhora do sono, a atenção aos hábitos de sono pode ajudar as pessoas a controlarem melhor seu peso.

Ele espera investigar futuramente a possibilidade de melhorar a saúde das pessoas de meia idade que estão acima do peso ou de pré-diabéticos focando em um sono mais adequado.

"Acreditamos que seria mais agradável dizer às pessoas que elas precisam dormir mais como um meio de melhorar sua saúde metabólica", afirmou Brady. "Acreditamos que o sono seja pouco valorizado."

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