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Doença de Alzheimer: As relações amorosas são, por si só, complicadas

Cuidadores da Doença de Alzheimer - 28 de abril de 2013 - 12:39

As relações amorosas são, por si só, complicadas. Quando a estas adicionamos a problemática da c a situação torna-se ainda mais complexa. Abordar o tema da sexualidade e intimidade ainda é um tabu mas é fundamental para a resolução de problemas relacionados com companheirismo, intimidade e sexualidade na Doença de Alzheimer.

O cérebro controla o nosso comportamento e emoções, determinando o nosso desejo sexual e comportamentos socialmente aceitáveis. Como tal, à medida que a doença evolui é natural que surjam alterações de comportamentos a nível sexual, entre os quais:

• Aumento do desejo sexual;

• Menor interesse sexual ou inexistente;

• Maior ou menor desempenho sexual;

• Alteração no comportamento sexual, preocupando-se menos com o parceiro;

• Alguns casais têm a capacidade de se adaptar a estas alterações facilmente, outros têm uma maior dificuldade em gerir todo este processo. É comum que os parceiros dos doentes de Alzheimer se sintam culpados, frustrados, ressentidos, embaraçados, confusos e com medo.

• Culpados por recusarem investidas sexuais dos seus companheiros ou por desejarem uma vida sexual satisfatória.

• Frustrados devido a problemas que surgem durante o acto sexual, ou pela incapacidade do companheiro em satisfazê-lo, ou em demonstrar interesse nas suas necessidades.

• Ressentidos por suprimirem as suas próprias necessidades ou pelas acusações de infidelidade por parte do companheiro demente.

• Embaraçados ou Confusos pelas alterações no comportamento e assédio sexual do companheiro que não se lembra do seu nome ou pelo seu desejo sexual incessante do mesmo após a relação sexual.

• Medo de ser egoísta, de atender às necessidades do companheiro, ou de ferir o orgulho se recusar avanços sexuais.

Necessidade de intimidade física
O aumento do desejo sexual fruto do desenvolvimento da doença é comum em doentes de Alzheimer e, muitas vezes gera conflitos entre este e o parceiro. Em alguns casos, este desejo sexual é manifestado em locais inapropriados sendo normal que o companheiro se sinta culpado ou não saiba como responder perante uma situação destas. O facto de muitas das vezes o companheiro sexual ser também o cuidador, faz com que o desejo sexual deste seja menor.

Por outro lado, existem casos em que o doente de Alzheimer apresenta um menor desejo sexual devido à depressão. Nestes casos, o tratamento da depressão leva a que o desejo sexual seja reposto.

Procura de companheirismo
À medida que a doença evolui, o doente de Alzheimer deixa de reconhecer o seu companheiro podendo procurar contacto físico íntimo com terceiros. Estas situações são recorrentes em doentes que se encontram em lares e, nestes casos, o tema deve ser tratado de uma forma delicada e é aconselhável que relações extra-conjugais sejam evitadas. A mesma questão também se levanta para o companheiro. Em alguns casos estes não se encontram felizes sexualmente e procuram pessoas fora da relação.

Comportamentos que podem ser erradamente interpretados como sexuais
Em algumas situações, a reacção do doente de Alzheimer pode ser considerada inapropriada quando este apenas estava a tentar comunicar ou obter uma resposta. Por exemplo, um homem pode colocar o pénis fora da roupa para tentar demonstrar que precisa de ir a casa de banho, no entanto, a maioria das pessoas entende como uma expressão de cariz sexual. É importante ter em mente que alguns dos comportamentos considerados anormais não têm um cariz sexual mas podem significar:

• Necessidade de ir à casa de banho;

• Desconforto causado por roupa apertada;

• Tédio e frustração;

• Necessidade de afecto;

• Mal-entendido relativamente às necessidades e comportamento dos outros;

• Confundir alguém com o seu parceiro.

Apesar da relação e intimidade do casal sofrer alterações quando um dos parceiros apresenta Doença de Alzheimer, é importante preservar os momentos a dois e focar os aspectos positivos da relação. Eis algumas sugestões de actividades que podem ser feitas a dois:

• Ouvir música;

• Rever álbuns de fotografias;

• Conversar sobre o passado;

• Caminhadas;

• Pequenos projectos (como jardinagem e pintura);

• Exercício físico;

• Dança;

• Assistência em cuidados de higiene (manicure, barbear,..).

Capacidade de consentir as relações sexuais
Uma outra questão que se levanta na área da sexualidade é capacidade do doente decidir se quer ou não ter relações sexuais com o seu companheiro ou terceiros. O facto de ter doença de Alzheimer não significa que o indivíduo não tenha capacidade de tomar as suas decisões e de reconhecer as suas consequências. Principalmente na fase inicial da doença a capacidade de decisão é variável, sendo fundamental distinguir quando é que o doente reconhece o parceiro e avaliar a sua capacidade de decisão e de expressão dos seus desejos.

Caso o doente não seja capaz de comunicar a sua decisão, em algumas situações é possível compreender o que este quer transmitir através da linguagem não-verbal. No entanto, é importante estar atento, principalmente a sinais de relutância por parte do doente. Esta temática traz grandes problemas éticos e legais, sendo um assunto bastante delicado que tem que ser tratado com todo o cuidado.

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