Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) mantém o entendimento de que "a deterioração das expectativas para a inflação de 2005 ainda não se estancou", apesar da valorização do câmbio, da queda recente dos preços internacionais de algumas commodities e da sinalização de aperto da política monetária nos últimos meses.

É o que revela a ata da reunião que o Copom realizou na semana passada, quando elevou a taxa básica de juros (Selic) de 16,75% para 17,25% ao ano. O documento menciona que desde a reunião de outubro houve redução dos preços internacionais do petróleo e apreciação do real em relação ao dólar norte-americano, com indícios de "arrefecimento" da atividade econômica.

No entanto, esses fatos não foram suficientes para alterar as perspectivas da dinâmica futura da inflação, em que pese "a mudança evidente na postura de política monetária" a partir de setembro. Por isso, o Copom entendeu que o processo de ajuste gradual dos juros deveria prosseguir para "assegurar" a convergência da inflação para a trajetória de metas em um "horizonte relevante" para a atuação da política monetária.

O ajuste de meio ponto percentual na Selic, de acordo com a ata, foi para "evitar que medidas mais fortes sejam necessárias no futuro para desinflacionar a economia". Além disso, acrescenta que "consolidar a convergência da inflação para as metas é crucial para o prosseguimento balanceado" do processo de retomada da atividade econômica.

Nesse sentido, acrescenta a ata, o ajuste da política monetária objetiva reduzir a volatilidade do produto e oferecer condições de sustentabilidade de longo prazo para a economia. O Copom adverte, contudo, que poderá alterar "o ritmo e a magnitude" do processo de ajuste nos juros, se necessário, para conter riscos de a inflação se distanciar da trajetória de metas.