Num depoimento que o senador Cristóvam Buarque (PT-DF) definiu como “marcado pela emoção e a percepção da extrema gravidade da situação”, o senador Delcidio Amaral, líder da bancada do PT, abordou no final da tarde de hoje o problema das mortes de crianças indígenas que vem ocorrendo em Mato Grosso do Sul, nas últimas semanas. O senador disse que todos os órgãos envolvidos, direta ou indiretamente, com a questão indígena precisam ser mobilizados, pois o problema ele definiu como “dramático”.

O senador anunciou para amanhã, no Senado, a realização de uma audiência publica convocada pelo senador Juvêncio da Fonseca, da Comissão de Direitos Humanos onde estarão presentes autoridades e representantes das próprias tribos.

“Subi à tribuna” disse Delcidio, “porque esse problema é absurdamente complexo.”

Neste final de semana Delcido diz que estudou com cuidado o trabalho que a Funasa, órgão encarregado da saúde dos indígenas, vem realizando.

“Percebi que, nos anos anteriores, tivemos resultados melhores, no aspecto do falecimento das nossas crianças. Hoje, os óbitos voltaram a crescer, e é fato que não só os kaiowás que estão passando por isso, mas outros municípios da região e até de outros estados, como Mato Grosso e Santa Catarina”, acrescentou.

Delcidio chamou a atenção para o problema “cultural”, que dificulta e muito o atendimento das várias etnias. Disse, por exemplo, que não adianta tentar fazer os kaiowás aceitarem cestas básicas.

“São índios caçadores e pescadores. Essa tradição é milenar. É impossível alterar alguns de seus hábitos e eles não tem mais espaço. Como caçar e pescar numa área de 3.500 hectares habitada por 11 mil índios?", pergunta o senador.