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Dieta hipocalórica: é possível perder gordura sem ela!

Dicas de Musculação - 12 de dezembro de 2015 - 11:00

Constantemente chegam pessoas para mim com o objetivo de reduzir o seu percentual de gordura corpórea e ter uma definição muscular melhor. Na maioria desses casos, tanto homens quanto mulheres, encontram-se com uma taxa de gordura corporal não necessariamente alta, mas que esteticamente não os deixam felizes. Dessa forma, ao solicitarem o planejamento buscando a perda de gordura, logo imaginam que iniciarão um processo de dieta hipocalórica (corte de calorias), mas não é bem este tipo de dieta que costumo passar.

Ao receberem um planejamento cujo, normalmente, NÃO INCLUI uma dieta hipocalórica, o susto é relativamente grande e muitos passam a não entender o que cerca por trás dessa ideologia. A grosso modo, imaginam que comendo mais ou igualmente o que gastam não conseguirão queimar aqueles quilinhos extras de gordura ou mesmo reduzir aquelas medidas na sua região abdominal. Com o passar o tempo, eles começam a entender que realmente essa é a melhor saída e surpreendentemente começam também a entender a lógica disso.

A maioria das pessoas que decidem começar uma dieta para perder alguns quilinhos ou para definição muscular pensam que o melhor é aplicar uma dieta hipocalórica (corte de calorias), quando na verdade essa pode não ser a melhor opção para casos onde a perda de gordura é bem pequena e você não quer afetar a sua massa muscular. Enfim, poderemos entender um pouco mais sobre toda essa lógica no decorrer do artigo.

A dieta hipocalórica
É costumeiro ouvir que para perder peso é necessário ingerir menos do que se gasta. A grosso modo, isso faz sentido e é totalmente correto, entretanto na prática, nem sempre essa colocação pode ser a mais conveniente.

Em primeiro lugar, a dieta hipocalórica define-se como sendo uma dieta “baixa em calorias”, causando um déficit energético no corpo. Esse déficit é o responsável por fazer com que o corpo busque energia em lugares alternativos em nosso corpo, entre esses locais podemos citar as gorduras estocadas, o tecido muscular e etc.

Quando comemos menos do que gastamos, a tendência é reduzir o peso, claro, porém o que nos garante que esse peso reduzido é de gordura corpórea? Se você percebeu, o corpo busca “locais alternativos” para obter energia e não somente as gorduras estocadas. O tecido muscular também pode ser degradado para fornecer energia ao corpo. Aliás, a depender dos estímulos hormonais (pela dieta e atividade física) obtém-se maior desvio de busca energética para uma ou outra (s) via (s).

Dessa forma, objetivando um trabalho eficiente, é interessante que ELIMINEMOS GORDURA e não ELIMINEMOS PESO. E é justamente ai que entra a graça de que nem sempre fazer a dieta hipocalórica será resultado de queimar apenas gordura.

Logicamente a dieta hipocalórica tem suas aplicações, com pessoas obesas e/ou com altíssimo percentual de gordura corpórea, com alguns indivíduos com doenças específicas e etc. Nesses casos, devemos ter uma avaliação individual para traçar quais são os protocolos, pois muitas vezes estão envolvidas questões de saúde, onde, por exemplo, a perda da massa muscular é um dos fatores menos importantes, frente ao risco em que o indivíduo encontra-se com aquela quantidade de peso e/ou gordura corpórea.

Portanto entenda que a dieta baixa em calorias (hipocalórica) não é a ideal para pessoas que conquistaram uma grande quantidade massa e agora buscam apenas a definição ou para pessoas que querem perder poucos quilos de gordura, por exemplo, no abdômen. Porém ela pode ser aplicada a outros tipos de indivíduos que queiram perder grande quantidade de gordura ou possuam algum tipo de doença.

Queimar gordura vai além de reduzir calorias: O impacto hormonal
A influência do impacto hormonal pode ser a primeira diretriz para pensarmos na queima de gordura corpórea. Existe, em nosso corpo, uma grande via de sinalização anabólica, conhecida como AKT/mTOR que é a principal via de síntese proteica. Entretanto, contraria a ela, existe a via AMPK, ativada pela aerobiose (energia do oxigênio).

Isso nos leva a crer que fica complicado manter a massa muscular em aerobiose constante e frente a déficits energéticos grandes também. Além disso, em déficits energéticos, temos alta ação de hormônios como o glucagon, o cortisol, a adrenalina, entre outros, que também são responsáveis pela degradação muscular.

Dessa forma, imagine que um indivíduo até não tenha um percentual de gordura esteticamente bom, mas tenha uma boa quantidade de massa muscular. Ele decide optar por fazer um período de “cutting”. Por suas questões metabólicas, é muito provável que ele sacrifique sua massa muscular e passe a deixar também seu metabolismo mais lento. Ele até eliminará um pouco de gordura corpórea, mas perdendo massa muscular, o resultado será uma relação massa muscular X gordura corpórea maior para a gordura corpórea. Traduzindo isso em questões estéticas, ele continuará com aparência de “flácido” e “gordinho”, tipicamente de um falso magro.

Por outro lado, imaginemos que o exercício físico e uma dieta muito bem estruturada podem otimizar os níveis de GH, IGFs, testosterona e outros hormônios potencialmente anabólicos. Esses estímulos são altamente convenientes para manter e também para aumentar a massa muscular. O que se objetivaria nesse caso é um trabalho de aumento de massa muscular para que naturalmente o corpo possa manter seus tecidos musculares operantes (o que requer uma grande quantidade de energia) e necessite solicitar de “fontes alternativas” essa energia. Entre elas, devido ao estado hormonal preventivo à massa muscular, está o estoque de gorduras em nosso corpo.

O aumento da massa muscular e a sinalização hormonal anabólica são convenientes para promover a queima de gordura e manter a massa muscular, o que resulta claramente em um corpo esteticamente, e funcionalmente, muito melhor.

Como citado, muitas vezes, as pessoas pensam que apenas reduzindo as calorias irão conseguir “secar” de maneira eficaz e se esquecem que por trás de tudo há uma lógica fisiológica a qual não pode, JAMAIS, ser negligenciada.

Conclusão:

Contudo, podemos entender que nem sempre dietas hipocalóricas são sinônimo de perda de gordura corpórea. Mais do que isso, é necessário levar em consideração fatores hormonais e a relação de massa muscular X gordura corpórea. Lembre-se que não queremos reduzir apenas nosso peso, e sim perder gordura, afinal ninguém o achará mais belo pelos números na balança.

Portanto, tenha sempre uma avaliação crítica de seu estado e das reais necessidades e aplicações da dieta hipocalórica ou não.

Boa alimentação!

Artigo escrito por Marcelo Sendon (@marcelosendon)

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