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Diagnóstico do câncer gástrico tem sido feito tardiamente

Agência Notisa - 01 de novembro de 2010 - 17:22

AGÊNCIA NOTISA - O câncer gástrico atinge mais de um milhão de pessoas por ano e é a
segunda causa de morte entre as neoplasias. Segundo Durval Renato Wohnrath, médico
do Hospital de Câncer de Barretos, São Paulo, a prevalência da doença apresenta
grande variação geográfica. \"O Japão, por exemplo, é o líder mundial. Lá 100 pessoas
em 100 mil desenvolvem o câncer gástrico. Já no Brasil, entre 100 mil indivíduos, 18
homens e 8 mulheres desenvolvem a doença\". Esta neoplasia foi o tema de simpósio
realizado na tarde de quinta feira (28) na 9ª edição do Congresso Brasileiro de
Cirurgia Oncológica.



Atualmente, segundo Durval, o número de novos casos de câncer gástrico tem aumentado
exponencialmente. O médico apresentou dados epidemiológicos de pesquisas realizadas
no Hospital de Câncer de Barretos. Segundo ele, hoje em dia, o grande problema
acerca da doença é o diagnóstico tardio. \"Por exemplo, no nosso serviço, de 540
pacientes com a doença apenas 12% apresentavam câncer gástrico precoce. Nesse tipo,
apenas a mucosa [revestimento interno do estômago e outros órgãos] é atingida pelo
tumor. Já no estágio avançado, além da mucosa, pelo menos a camada muscular também é
atingida\", explicou.



A preocupação com a demora no diagnóstico foi compartilhada por outros médicos.
Alemar Roge Salomão, cirurgião do Instituto Nacional do Câncer (INCa), acredita que,
no momento, a cirurgia oncológica - graças à melhora da anestesia e do tratamento
intensivo - chegou ao seu máximo de resolução. \"Pouco se discute sobre mudanças. O
futuro do tratamento do câncer gástrico depende da oncologia. Mas, atualmente o
diagnóstico precoce é a principal preocupação. Não há nenhuma política no país
voltada para essa questão. Deveríamos criar um serviço de diagnóstico precoce de
câncer gástrico\", considerou.



Para Flávio Tomasich, da Liga Paranaense de Combate ao Câncer, do Hospital Erasto
Gaertner, a alta prevalência dos tumores avançados é uma realidade no país. E, por
isso, ele também destacou a necessidade de somar esforços para a criação de serviços
de diagnóstico precoce. Segundo ele, a cirurgia oncológica do câncer gástrico
realmente atingiu seu auge e os avanços nessa área devem vir do desenvolvimento de
outras alternativas.



Um dos fatores que podem vir a alterar prognóstico do câncer gástrico são parâmetros
moleculares. Fábio Pinatel Lopasso, professor do Departamento de Gastroenterologia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paul (USP), apresentou alguns
biomarcadores que têm sido utilizados na busca de se tentar estabelecer
prognósticos. Ele lembrou ainda que possuir exames de imagem suficientes também pode
atuar como um fator prognóstico.



Outro fator que pode contribuir para um melhor prognóstico é a nutrição. Segundo
Nivaldo Barroso de Pinho, do Serviço de Nutrição do Hospital do Câncer I, do INCa,
pesquisas têm questionado longos períodos de jejum no pré e pós-operatório.
\"Atualmente, ainda prevalece o jejum de 10 a 16 horas no pré-operatório. Mas esse
tempo é considerado muito longo do ponto de vista metabólico\", lembrou.



Além disso, a desnutrição, segundo ele, é comum entre esses pacientes. \"Estima-se
que 22 a 58% deles apresentem desnutrição. No Brasil, 35% dos pacientes cirúrgicos
apresentam esse quadro\", afirmou.



Como não há comprovações de que esse jejum prolongado no pré-operatório traz
benefícios, atualmente algumas sociedades de anestesiologia têm adotado jejuns de 2h
para líquidos com carboidratos, contou Nivaldo.



O jejum no pós-operatório também é questionado. \"Vários estudos têm demonstrado que
a oferta de líquidos com carboidratos em até 2h após a cirurgia pode ser benéfica. A
nutrição precoce parece trazer benefícios como menor tempo de internação hospitalar
e menor morbidade\", afirmou.



Durante o simpósio, os tumores neuroendócricos gástricos também foram discutidos.
Segundo Laércio Lourenço, atualmente observa-se um aumento na incidência em todo o
mundo. \"Normalmente eles são assintomáticos e alguns podem ser agressivos\", disse.
David Ilson, dos Estados Unidos, também apresentou dados sobre tratamento
neoadjuvante e adjuvante no câncer gástrico.



O congresso, promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, ocorreu
simultaneamente com a 6ª edição do Gastrinca e com a 4ª edição do Fórum Nacional do
Consenso Nacional de Nutrição Oncológica. O congresso que foi realizado na sede da
SBCO, em Botafogo, encerrou sábado último.



Agência Notisa (science journalism - jornalismo científico)

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