Sabe o que vai acontecer do dia trinta e um de dezembro para o dia primeiro de janeiro? O calendário passará de terça-feira para quarta-feira. Nada mais. Não importa que as pessoas se vistam de branco, de amarelo, que pulem sete ondas, que comam sementes de romã, que troquem a folha de louro que guardaram na carteira. Não vão contar os abraços, os beijos, os sorrisos, as mesas lotadas de pratos gostosos, as bebidas, os fogos. De nada valerão as mensagens postadas nas redes sociais, onde se procurou a frase mais linda para mandar aos que compartilham a sua página. A noite de trinta e um para primeiro será apenas a mudança de um dia no calendário. Contados os 365 mais as seis horas, marcaremos o início de um novo ano. E daí?

A mudança, que tem que acontecer, é dentro de cada um de nós. O novo ano será aquilo que nós quisermos, não o que desejarmos. Precisamos dar um basta a essa falsidade que nos acompanha no dia-a-dia. Temos que pensar, com urgência, em amar o próximo como a nós mesmos, todos os dias do ano. Nada de jogar nas costas de Deus a responsabilidade, do tipo, desejo que Deus te abençoe, que Deus te acompanhe no ano todo, Deus te dê um ano lindo e maravilhoso. O Senhor estará sempre atento, como sempre esteve, independente de suas rogações. Nós é que temos que fazer de nós o instrumento verdadeiro da mudança. Menos religião, mais fé. Menos frases feitas, mais ação.

Não deixam de ser válidos os abraços, os sorrisos, as mesas fartas. O próprio Jesus disse que vinha para que todos tivéssemos vida em abundância. Mande os seus votos de ano novo a seus amigos, às pessoas queridas, mas não se esqueça delas o resto do ano. Lembre-se, principalmente, daqueles que têm menos que você, dos que não terão a mesa farta – não só no fim do ano, mas o ano todo. Esteja sempre atento, pois em grande parte da vida, há momentos em que o que mais necessitamos (e às vezes nem pedimos) é um abraço, uma palavra de conforto, uma prova real de que alguém se preocupa conosco. Bote de lado o egoísmo, o rancor, o revanchismo, nossos companheiros na vida em que vivemos. Seja amigo, não seja crítico. Escute mais, fale menos. Sorria. Se nós pudermos fazer alguma coisa em prol de alguém no próximo ano, com certeza Deus nos estará abençoando. E abençoando a pessoa a quem você desejou que Ele estivesse no próximo ano, dando saúde, paz, tranquilidade, prosperidade. E nem precisa pular onda nenhuma nem comer romã. Mas, vá lá, que seja...cumpra o ritual, mas mude de verdade, com fé e amor. Assim poderemos lembrar do outro extremo do Salmo 23, tão citado por tanta gente: “...certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias”.