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Deputados pedem mais responsabilidade da imprensa

Agência Câmara - 29 de junho de 2006 - 07:50

O presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG), cobrou ontem mais responsabilidade da imprensa no seu papel de mediar o relacionamento da sociedade com o Congresso. O assunto foi tema de painel, durante a manhã, em seminário promovido pela comissão com jornalistas, cientistas políticos e parlamentares. Eles discutiram a relação entre cidadania, mídia e política.
A deputada Iriny Lopes (PT-ES), que também participou do encontro, defendeu a liberdade de imprensa, mas lembrou que isso pressupõe responsabilidade. "Para que a mídia tivesse mais responsabilidade, precisaria ser cobrada pela sociedade, mas esta não tem informações para exercer esse controle", afirmou a parlamentar.
Iriny denunciou a existência de um círculo vicioso em que a mídia não oferece conteúdo e a sociedade não desenvolve instrumentos para fazer o controle. Geraldo Thadeu reforçou a opinião dizendo que a mídia se dedica quase exclusivamente aos escândalos e não oferece à população o conteúdo dos debates e das decisões operadas no Congresso.

Escândalos
A professora Alessandra Aldé, da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), disse que, apesar de o cidadão médio não estar atento para a política, em todos os lugares há sempre alguém ávido por informação política, com um amplo poder de circular a informação. Os veículos de comunicação, no entanto, resumem a política a manchetes que têm apelo de público, como os escândalos, segundo avaliou a professora.
Alessandra Aldé disse ainda que a percepção negativa do Congresso pela opinião pública pode ser explicada, em parte, pela competição dos parlamentares por atenção da mídia — uma conseqüência, segundo a professora, do sistema proporcional de lista aberta nas eleições.
"Os parlamentares não atuam de forma coletiva, e isso dificulta a construção de uma imagem mais positiva da instituição", afirmou a professora. O problema se agrava, segundo ela, com a incapacidade da mídia de fazer cobertura adequada das eleições proporcionais. "Alegando dificuldade para estabelecer critérios equânimes de cobertura dos candidatos a deputado, a mídia acaba reforçando o desinteresse da sociedade na escolha de seus representantes na Câmara", argumentou ela.

'Coronelismo eletrônico'
Durante o seminário, também foram feitas críticas a parlamentares que são proprietários de emissoras de rádio e TV. O editor do Observatório da Imprensa no Rádio, jornalista Mauro Malin, pediu ajuda aos integrantes da Comissão de Legislação Participativa para encontrar formas de combater o "coronelismo eletrônico".
Malin criticou o fato de vários deputados e senadores serem donos de emissoras de rádio e TV. Alguns, continuou ele, fazem parte da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática que julga as outorgas das emissoras.

Conselho
Já o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, endossou as críticas de que a mídia exerce mal sua função educativa. Ele defendeu, no entanto, a liberdade do jornalista de estabelecer critérios editoriais, mas disse que os profissionais devem tentar equilibrar o conteúdo.
Segundo ele, a Fenaj retomará no próximo ano o debate sobre a criação do Conselho Federal de Jornalismo, rejeitado no ano passado por pressão de alguns órgãos de comunicação, como afirmou.



Reportagem - Cid Queiroz
Edição - Noéli Nobre

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