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Depressão afasta motoristas de ônibus

Agência Brasil/Clara Mousinho - 28 de abril de 2007 - 16:19

Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) revelou que a depressão e dores nas costas estão entre as principais causas de afastamento do trabalho de motoristas de ônibus rodoviários. Além disso, o estudo constatou que o setor de transportes terrestres é a segunda profissão com mais diagnósticos de estresse.

A coordenadora do Laboratório de Saúde do Trabalhador da UnB, Anadergh Barbosa Branco, analisou o número e o motivos dos atestados concedidos por mais de 15 dias pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), nos anos de 2003 e 2004. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ela disse que entre os motivos que podem ser apontados para a depressão estão a escala de viagens e a violência no ambiente de trabalho.

“A gente sabe que existem linhas que só conseguem ser feitas com escolta [policial, por conta do número de assaltos]. Imagina a situação de estresse e medo dessa pessoa. A insegurança é um fator que contribui muito para depressão”. Para a médica, o tempo ideal de trabalho diário de um motorista de ônibus é de aproximadamente seis horas. “A posição do motorista é um muito desgastante. Além disso, ele precisa se concentrar no trânsito”.

Outro fator que também influência no afastamento desses motoristas é o isolamento, principalmente em viagens fora de suas cidades. “Além de estar isolado dos passageiros, ele está longe da família e dos amigos. O motorista segue uma escala que independe das necessidades dele. É uma sequência de fatores que acabam contribuindo para isso”, explica.

Segundo ela, esse quadro é perigoso, porque causa risco às vidas de motoristas e passageiros. “É preocupante porque quando o trabalhador é afastado o seu estresse já está num estágio avançado. E até ele ser afastado? Isso não começa depois. Existe uma fase de transição que gera alta vulnerabilidade dos motoristas e passageiros”.

A professora acredita que essas empresas deveriam dar atenção diferenciada às escalas dos motoristas para que elas possam atender mais as necessidades dos trabalhadores. “Trabalhador satisfeito rende muito mais e adoece muito menos”, acrescentou. Mas, segundo a estudiosa, a depressão e o estresse de motoristas de ônibus rodoviários são problemas difíceis de serem resolvidos. “É uma série de fatores. Nós não vamos resolver os problemas, mas temos que trabalhar para minimizá-los”.

Neste sábado (28), comemora-se o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.

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