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Depoimento de Delúbio Soares não ajuda CPMI dos Correios

Agência Câmara - 21 de julho de 2005 - 08:16

Após 14 horas de depoimento, o tesoureiro licenciado do PT, Delúbio Soares, conseguiu decepcionar oposição e governistas. Amparado por um habeas corpus preventivo, Delúbio não apresentou nenhum fato novo que auxiliasse a investigação. O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), considerou o depoimento de pouca ajuda. "Não trouxe novos elementos e não acrescentou nada ao que a CPMI já sabia, ao contrário do que se acreditava", avaliou Serraglio.
A oposição esperava denúncias com os nomes das pessoas que se beneficiaram dos recursos distribuídos por Delúbio em conjunto com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Mas o tesoureiro licenciado manteve silêncio sobre os nomes, alegando não querer prejudicar pessoas que em tese podem ser inocentes. A todas as perguntas nesse sentido Delúbio respondeu que "as investigações mostrarão os nomes dos envolvidos".

Operação de busca
Diante da recusa de Delúbio, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) anunciou que já apresentou à CPMI um requerimento para que a Polícia Federal realize uma operação de busca e apreensão do computador de Simone Vasconcelos, funcionária das empresas de Valério. Segundo Fruet, ela seria a responsável pela relação dos destinatários dos saques realizados pelas empresas de Valério no Banco Rural. O deputado afirmou que há indícios fortes de que a movimentação financeira nas contas do empresário acusado de operar o "mensalão" ultrapasse R$ 1 bilhão. Assim como outros parlamentares, Fruet defendeu a convocação de Simone Vasconcelos e de Renilda Santiago, esposa de Valério, para depor na CPMI.
Entre os governistas, a esperança de que o depoimento demonstrasse como foram feitas as operações, e separasse definitivamente culpados e inocentes. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) avaliou como frustrante e angustiante o depoimento, especialmente para os petistas. "Mas ao invés de ajudar, Delúbio lançou mais névoa sobre a questão", avaliou o deputado.

Acareações
Delúbio Soares disse durante o depoimento que não se esquivará de acareações com o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ou com Marcos Valério. O desafio contra Jefferson é provar que embora tenha havido distribuição de dinheiro, não se tratava de negociação por apoio ao governo em votações. Já com Marcos Valério, a discordância de Delúbio se dá quanto ao conhecimento prévio do deputado José Dirceu (PT-SP) - então ministro-chefe da Casa Civil - sobre as negociações que fez com o publicitário em nome do PT.

Dinheiro na cueca
Já no fim de seu depoimento, em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Delúbio Soares negou que o dinheiro encontrado com José Adalberto Vieira da Silva tenha qualquer envolvimento com os recursos que têm sido citados na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios.
Assessor do deputado estadual José Nobre, José Adalberto foi preso no início deste mês ao tentar embarcar em São Paulo com R$ 200 mil em uma valise e 100 mil dólares (cerca de R$ 250 mil) na cueca. José Nobre é irmão do ex-presidente do PT José Genoino.
Delúbio desmentiu a versão publicada na imprensa de que o dinheiro teria saído da sede do PT em São Paulo e que seria parte de um complô operacionalizado por ele próprio para derrubar Genoino. Delúbio Soares disse ainda que estava depondo na Polícia Federal no momento da prisão

Divulgação de listas
O relator Osmar Serraglio declarou que a CPMI nunca vai divulgar listas relativas a quebra de sigilos. “É ilegal a divulgação das listas de movimentação financeira. Quem fizer essa divulgação pode ser processado.”
A declaração ocorreu devido à divulgação de várias listas que começaram a ser publicadas na imprensa sobre os supostos beneficiados do repasse de verbas das contas do publicitário Marcos Valério.
Serraglio explicou que o sigilo bancário “está quebrado” porque é transferido para a CPMI, “mas de forma alguma pode ser divulgado para o público em geral”, enfatizou.
Todos os documentos da comissão são mantidos em uma sala no Senado que é chamada pelos parlamentares de “sala-cofre”, porque tem vigilância 24 horas por dia.

Reunião de votação
A CPMI reúne-se nesta quinta-feira para votar requerimentos e os parlamentares devem decidir quando será o novo depoimento do publicitário Marcos Valério e o de sua mulher, Renilda de Souza.
A reunião está marcada para as 10 horas, na sala 2 da ala senador Nilo Coelho, no Senado Federal.


Reportagem - Marcello Larcher e José Carlos Oliveira
Edição - Regina Céli Assumpção


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