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Delcidio se emociona no retorno a tribuna do Senado

Cadú Bortolotto - 17 de novembro de 2006 - 05:43

Depois de se dedicar nos últimos meses à campanha eleitoral, o senador Delcídio do Amaral(PT/MS) voltou nesta quinta-feira a ocupar a tribuna do Senado para defender uma nova postura do governo no segundo mandato do presidente Lula, a realização de reformas estruturais e a definição de um arcabouço legal que dê segurança aos investidores e permita ao país crescer em ritmo compatível com as necessidades da população.
- A campanha eleitoral acabou e nós precisamos olhar para todos os segmentos da sociedade. Não existem somente os desassistidos . Existe a classe média, os mais abastados e precisamos governar para todos. Não podemos criticar as ditas elites. O que são elites? Há elites de parlamentares, elites de professores, de cientistas, de intelectuais, de médicos. Não podemos generalizar esse discurso, porque precisamos fazer um governo para todos. Um presidente representa todos e não segmentos da sociedade, por mais que se deva ter uma atenção especial àqueles que precisam da mão generosa do Estado, para que conquistem dignidade e depois venham a ser preparados para o mercado de trabalho, a fim de que os programas sociais não se transformem única e exclusivamente em programas assistencialistas. Sei que não é esse, em absoluto, o desejo do nosso Governo – afirmou o senador.
Para Delcídio, é preciso que o PT faça uma reflexão sobre os erros cometidos nos últimos 4 anos.
- Temos de ter humildade para reconhecer aquilo em que erramos, no PT especialmente. Fazer uma avaliação rigorosa dos nossos passos, para que, com humildade, venhamos a corrigir nossos desvios. Isso é muito importante não só para o segundo mandato do presidente Lula, mas também para o futuro do Partido. Temos de ter coragem e reconhecer que erramos e não culpar quem fez um trabalho grande, quem teve um posicionamento isento ou quem, em seu dia-a-dia, no Senado ou na Câmara, honrou o Partido dos Trabalhadores no Congresso Nacional, como vários senadores do nosso Partido. Temos de passar por essa avaliação, que não está absolutamente fora do contextos pelos quais outros países de esquerda passaram pelo mundo – acredita Delcídio.
O parlamentar sul-mato-grossense defendeu ainda a atuação da imprensa durante os escândalos que foram acompanhados com atenção por toda a população.
- A imprensa fez um papel fundamental nesses últimos dezoito meses difíceis que enfrentamos. Ela simplesmente registrava o que acontecia e não é responsável pelos escândalos. Nós temos que virar essa página para que em seu segundo mandato o presidente Lula governe para um Brasil de todos – ponderou.

PROMOVER O CRESCIMENTO
Para Delcídio, o governo e o Congresso precisam resolver questões que estão impedindo o crescimento do Brasil.
- O grande fato, que ninguém está discutindo, é a necessidade de se reduzir as despesas do governo, porque isso gera corte e é antipático falar. Temos que debater a reforma da previdência para acabar com um buraco que chega a R$ 43 bilhões só no setor público. Alguma coisa precisa ser feita e isso não se faz com a caneta, mas sim com debate na Câmara, no Senado e com toda a sociedade. Precisamos discutir também a reforma tributária e a reforma trabalhista. Fizemos a reforma do Judiciário, comandada pelo senador Ramez Tebet, mas há toda uma legislação complementar que precisar ser aperfeiçoada. Essas reformas vão blindar a economia brasileira para que ela tenha condições de crescer – afirmou o senador.


ELOGIOS
As palavras de Delcidio foram elogiadas por parlamentares de diversos partidos.
- Vossa Excelência tem sido um dos grandes homens do PT. Tenho muito orgulho ter sido liderado por vossa excelência , que foi um grande líder da nossa bancada e um grande presidente da CPI dos Correios porque pensou sempre no País, com seriedade e com a responsabilidade que cada momento exigiu. O senhor tem todas as qualidades e está avalizado pela sociedade brasileira para fazer esse discurso. Como é bom vê-lo na tribuna do Senado fazendo esse brilhante pronunciamento – aparteou o senador Paulo Paim (PT/RS).
- Vossa Excelência escreveu uma das páginas mais bonitas do Congresso Nacional quando presidiu a CPI dos Correios e sempre nos encanta como líder. Aquilo que Diógenes procurava na Grécia, o homem decente, com vergonha na cara, está agora aqui na tribuna - disse o senador Mão Santa (PMDB/PI).
- O senhor foi um grande Presidente da CPI, agiu com autonomia, com equilíbrio e recebeu elogios do Brasil inteiro. Ao propor à equipe econômica do Governo que facilite a vida do Brasil desonerando a produção e reduzindo a carga de impostos, que é uma das maiores do mundo, vossa excelência dá uma colaboração inestimável para o desenvolvimento do nosso País – afirmou o senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE).

MARCOS REGULATÓRIOS
Ao retomar o discurso, Delcídio defendeu um esforço concentrado do Congresso e do Governo para criar marcos regulatórios que garantam segurança aos investidores.
- Hoje todo mundo fala de economia, de juros, de desenvolvimentismo, de ortodoxia. Eu quero falar de outra coisa, do arcabouço legal que pauta segmentos importantes da nossa economia. Nós temos legislação que garanta o desenvolvimento? Como é que vão ficar as agencias reguladoras? Como é que o investidor vai ficar, se existem dúvidas com relação às atribuições dessas agências?– questionou o senador.
Delcídio lembrou que vários segmentos precisam de regulamentação para poderem crescer.
- Temos , por exemplo, a questão do saneamento. Esse projeto caminha, lentamente, dentro do Congresso Nacional . E qual é o posicionamento? Parar, engavetar um projeto que ainda não está definido e não traz confiança? E a reforma do setor elétrico, da qual fui relator. Ela exigia uma série de regulamentações. Porque não foram feitas? Será que vão ser feitas por Decreto?
O senador afirmou que ainda falta uma série de ferramentas regulatórias para que se projete o setor elétrico.
- Não podemos tapar o sol com a peneira, sob o risco de enfrentarmos, a curto prazo, problemas no suprimento de energia. Vivi na Amazônia e sei o que é fazer barragem lá. Fui regional de operação na usina hidrelétrica de Tucuruí e sei as dificuldades que um projeto desse traz. Não vamos responsabilizar só o Ministério do Meio Ambiente ou o Ibama por atrasos nos projeto. Eles podem até ser os responsáveis pelo atraso de alguns projetos ou de vários projetos, mas há toda uma legislação que os principais investidores acompanham de perto e que ainda não está implementada – alertou.








Delcídio cobrou mais agilidade no desenvolvimento de projetos de infra-estrutura.
- Quando falamos em usinas nucleares, sabemos que Angra III já podia ter sido deliberada, bem como Angra II. Quem é da área nuclear sabe que esta usina opera absolutamente bem, diferentemente de Angra I, que apresenta uma série de problemas até hoje não resolvidos, como o gerador de vapor de Angra I, que nem Jesus Cristo consegue resolver.O que me preocupa é que sinalizam com projetos que resolverão a questão energética, mas que entrarão em operação em 2012 na melhor das hipóteses, sem falar que, no caso das usinas do Madeira e do Xingu, tem que haver linha de transmissão – disse.
Delcídio defendeu o investimento na termoeletricidade.
- Acompanhei comentários sobre o problema da falta de gás. Os gasodutos que estão sendo instalados já haviam sido previstos há muitos anos. Patinaram ao longo desses anos. Não vou entrar no mérito, mas isso já estava previsto. Urucu-Porto Velho até hoje patina. Coari-Manaus era um projeto absolutamente definido. O reforço do Bolívia-Brasil, a despeito desses problemas todos com o governo boliviano. Camamu, a interligação como Nordeste, o reforço do Ceará, o gasoduto do Sul, de Uruguaiana, que talvez tenha ficado para trás porque existem hoje problemas de gás natural na Argentina. Estava tudo colocado, mas não aconteceu. Por isso, vamos ter que passar por um processo de geração termoelétrica para garantir a otimização do sistema. Temos que olhar essas coisas com absoluto cuidado, pois são fundamentais para o crescimento do País, para a geração de empregos – destacou.
O senador cobrou também definições quanto as Parcerias Público-Privadas.
- Discutimos as PPPs na Comissão de Assuntos Econômicos, na Comissão de Constituição e Justiça, na Comissão de Infra-Estrutura e em todos os patamares institucionais aqui no Senado. E onde está o fundo garantidor das PPP’s?
E a problemática das rodovias, ferrovias e portos? Estamos perdendo competitividade.
Qual é o fundo que vai dar consistência aos projetos das PPP’s? O grande desafio para o Brasil crescer é a infra-estrutura. E não a crescimentos pífios de 2,5 ou 3 por cento – alertou.
Delcídio defendeu , porém, cautela na adoção de medidas que vão permitir maior crescimento da economia brasileira e maior oferta de empregos.
- Hoje, em função de funcionar de maneira interligada, a economia mundial não suporta bravata, nem desrespeito. Não podemos achar que com algumas canetadas vamos fazer o Brasil crescer 5%, quando a previsão é de menos de 3% para este ano. Precisamos tomar medidas cuidadosas. Conseguimos controlar a inflação. Os números macroeconômicos são consistentes, e não podemos aceitar essa conversa de desenvolvimentismo a qualquer preço porque podemos acabar caindo na mesma cilada, num quadro econômico com níveis inflacionários absolutamente galopantes. Prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Ninguém reduz a carga tributária na noite para o dia, em função das contas que temos que pagar. Mas temos que fazer o debate sobre a desoneração da produção. Não se pode conviver com uma carga tributária de 38% do PIB. Temos que facilitar a vida dos grandes, dos pequenos e dos microempresários – observou.
Para o senador sul-mato-grossense, é preciso ir ao encontro dos interesses da população brasileira.
- Precisamos ter uma visão ampla, ecumênica, dos problemas brasileiros, olhando, acima de tudo, o que a população do nosso país almeja.Temos que avançar na economia, nas reformas, aprimorar o embasamento jurídico. Precisamos entregar um Brasil aos nossos filhos muito melhor do que o que recebemos – destacou.



CAMPANHA MS
Durante o discurso , Delcídio aproveitou para agradecer os votos dos eleitores na campanha para o governo de Mato Grosso do Sul.
- Fiz uma campanha curta, exatamente pela sobrecarga de atividades aqui no Congresso Nacional, não só como Líder, como Presidente da CPI dos Correios, mas também como relator de projetos extremamente importantes que transitaram no Senado. Foi uma campanha de pé no chão, andando nas ruas, conversando com as pessoas. Uma campanha em que enfrentei as principais lideranças do meu Estado, as mais modernas e também as mais retrógradas. Uma campanha em que também convivi, com muita paciência e tolerância, com, em alguns casos, o corpo mole dos próprios companheiros de partido, mas uma eleição em que alcancei cerca de 40% dos votos, que representam muito além das votações que o meu próprio partido alcançou nas várias eleições disputadas. Uma votação que traz uma responsabilidade ainda maior, principalmente como liderança no meu Estado – afirmou.
O senador destacou a solidez da base construída em Mato Grosso do Sul.
- Diziam, à época, que, como meu adversário era muito forte e que seria a maior votação percentual das eleições de 2006 em Mato Grosso do Sul . Isso não aconteceu, apesar de todas as dificuldades que eu enfrentei. Nós fizemos uma grande eleição. Eu costumo dizer que nos 40% que tive os meus eleitores passaram por um verdadeiro corredor polonês. Portanto, é uma base sólida, que, mais do que nunca, representa aquelas pessoas que acreditam no meu projeto e caminham junto comigo – observou.
Delcidio reafirmou seu compromisso com a defesa dos interesses da população.
- Sei as dificuldades que enfrentei até em razão da postura que assumi, de isenção, do equilíbrio e, mais do que nunca, do meu compromisso com o Congresso Nacional. Não me arrependo de nada que fiz. E fiz isso pelo Brasil, pelo meu Estado. Com muita honra, representei o povo da minha terra, a minha gente.
Ainda durante o discurso, Delcídio fez questão de cumprimentar o senador Ramez Tebet (PMDB/MS).
- Quero, também, de público, mandar um grande abraço ao meu querido senador Ramez Tebet, homem que ainda está convalescendo em sua casa, em Campo Grande, alguém que sempre honrou e dignificou nosso estado. Todos nós estamos orando para que sua excelência ultrapasse mais esse obstáculo que se coloca à frente do seu dia-a-dia, da sua vida e do seu futuro. Todos estamos muito juntos com o senador Ramez Tebet, por tudo que ele representa para o nosso Estado e para o Brasil – emocionou-se.

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