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Delcídio defende reforma ministerial e fala sobre CPI

Cadú Bortolotto - 27 de junho de 2005 - 07:03

A edição desta semana da revista Isto É publica uma entrevista do senador Delcídio do Amaral(PT/MS), presidente da CPI dos Correios, onde ele defende uma reforma ministerial ampla , “que traga novos ares para a administração Lula”, e garante que os trabalhos da comissão produzirão os resultados que a população espera. “Vamos averiguar, buscar provas. Mostrar todo o mosaico da corrupção. Punir os responsáveis, doa a quem doer ”.

Na entrevista, o líder do PT no Senado afirma que dificilmente o país suportaria o funcionamento simultâneo de mais duas CPIs - a do Mensalão e a dos Bingos. “Vai ser uma onda de denuncismo e instabilidade forte. O Congresso pode, em tese, operar as três, mas acho difícil. Depois que começou a CPI dos Correios eu não consegui encaminhar uma votação. Os partidos terão dificuldade em achar quadros para todas. Será impossível trabalhar no Congresso “.

Na apresentação da entrevista, assinada pelos jornalistas Eduardo Holanda e Luiz Cláudio Cunha, a revista Isto É ressalta que a missão de Delcídio é difícil, já que o senador comanda “uma investigação que pode revelar uma possível rede de corrupção dentro do governo”.

A íntegra da entrevista de Delcídio é a seguinte :

ISTOÉ – A CPI dos Correios virou a CPI do Mensalão?
Delcídio Amaral – Não. Os requerimentos já aprovados são exatos e têm total ligação com a questão dos Correios. Mas as investigações é que vão mostrar se há relação entre as duas CPIs.

ISTOÉ – Então decola?
Delcídio – A investigação vai trazer os resultados que a opinião pública espera. Não vai ser uma CPI chapa-branca. Já temos agenda para duas semanas, aprovada por consenso. Tivemos um teste difícil no primeiro dia, quando achei que a CPI seria inadministrável. Mas depois ela achou seu caminho.

ISTOÉ – O depoimento de Maurício Marinho trouxe luz para a CPI?
Delcídio – O que ele disse é controverso. Confrontando o que falou, o que declarou na Polícia Federal e as gravações, há muitas alterações. Vamos montar uma planilha e comparar. Deveremos inquiri-lo de novo.

ISTOÉ – Ele pediu proteção. Tem gente preocupada com o que
possa ser descoberto pela CPI?
Delcídio – Ele alega que já foi seguido por três automóveis, um deles
da Polícia Federal. Mas isso não impede que seja novamente inquirido.

ISTOÉ – Como se tem certeza de que um depoente fala a verdade?
Delcídio – No caso dele, vamos ouvir os empresários que seriam os mandantes
da gravação, a empresa que fez o serviço, os operadores, a Polícia Federal, o Ministério Público, a Controladoria. Tudo para um diagnóstico claro sobre se ele disse a verdade ou não.

ISTOÉ – Marinho diz que cada diretoria era indicada por um partido. Isso
mostra uma confluência suspeita de interesses políticos e comerciais.
Delcídio – Efetivamente isso existe, mas acho que ele deu uma conotação excessivamente política. Não se fica recebendo apenas os indicados politicamente. Há fornecedores, portadores de serviço, etc. Atividades naturais da função.

ISTOÉ – O Marinho joga o caso no colo do Planalto e do PT quando cita o
ministro Gushiken e o Sílvio Pereira?
Delcídio – O requerimento de convocação do Sílvio já tinha sido aprovado. Falta só definir a data. Quanto ao Gushiken, são informações pouco consistentes. Não se pode atropelar os trabalhos com base em cada novo depoimento. Para garantir a credibilidade da CPI, temos que atuar com equilíbrio e bom senso. O País está conectado, a tensão é muito grande, não se pode fazer coisas erradas.

ISTOÉ – O presidente do Senado, Renan Calheiros, vai indicar os integrantes
da CPI do Mensalão e o STF determinou que a CPI dos Bingos seja instalada.
O País suporta três CPIs?
Delcídio – Vai ser uma onda de denuncismo e instabilidade forte. O quadro não
está bom, precisamos avaliar muito bem a situação. O Congresso pode, em tese, operar as três, mas acho difícil. Depois que começou a CPI, eu não consegui encaminhar uma votação. Os partidos terão dificuldade em achar quadros para todas. Eu penso até em me afastar da liderança para me dedicar à CPI. Será impossível trabalhar no Congresso.

ISTOÉ – O governo errou ao indicar o sr. como presidente da CPI?
Delcídio – Tentei compor, mas não deu certo. Lula conversou comigo e disse: “Delcídio, eu não devo nada. Meu desejo é que se apure tudo.” Então recoloquei o meu nome para a presidência. Ficou na cabeça das pessoas a idéia de chapa-branca. Mas estamos mostrando que isso não é verdade.

ISTOÉ – Lula errou ao dizer que é honesto e culpar o Congresso?
Delcídio – Ninguém duvida da sua honestidade. Acho que, no calor da emoção,
ele fez as declarações, o que não foi bom. Também foi ruim colocar o Congresso como responsável por todos os males da República. Lula deixou o coração
suplantar a razão.

ISTOÉ – A CPI dos Correios pode acabar em pizza?
Delcídio – Não. Não é correto e não seria responsável. Vamos averiguar,
buscar provas. Mostrar todo o mosaico da corrupção. Punir os responsáveis,
doa a quem doer.

ISTOÉ – O sr. acredita na reeleição?
Delcídio – Acho que a reeleição é perfeitamente factível. Isso se o presidente
tomar a ofensiva nas ações, na política. Tem que deixar de lado o coração e agir
com frieza, sinalizar para a opinião pública uma mudança de gestão. A crise pode contaminar o governo. A reforma, agora, pode oxigená-lo, dar um novo impulso. Estamos chegando no limite.

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