Adauto Belli (38), brasiliense, é adestrador de cães e tem uma doença degenerativa chamada Retinose Pigmentar, que leva à cegueira. Mesmo com a visão extremamente comprometida, cultiva um sonho: correr longa distância em um local inóspito. Pode ser um deserto, uma cordilheira, ou qualquer outro local onde perseverança e determinação façam a diferença. Durante o dia, e à noite. Sob o luar, sob sol ou chuva. Um teste para corpo e mente. Ininterrupto.



Weimar Pettengill (38), sul-mato-grossense radicado em Brasília, empresário, topou o desafio. Vai apresentar o Pantanal do Mato Grosso do Sul ao amigo. Será seus olhos. Seu guia na Estrada Parque Pantanal Sul, no trecho de 120 km que separa Corumbá de um dos maiores refúgios da vida silvestre no mundo: o Pantanal da Nhecolândia, no Passo do Lontra – às margens do rio Miranda.



Além do desgaste de correr tamanha distância em menos de 24 horas, a dupla espera por oscilações bruscas de temperatura, chuva, jacarés, sucuris e outros tantos obstáculos, entre eles, os buracos comuns em estrada de terra: o maior temor de Adauto, pois podem ser fatais para o ambicioso sonho de ser o primeiro deficiente visual a correr uma ultramaratona.



Esta é a segunda grande façanha da dupla. Em janeiro de 2009, em uma bicicleta dupla, saíram de Brasília rumo ao Rio de Janeiro, percorrendo 1800 km em estradas de terra, cortando o país, desbravando recantos e conhecendo toda a Estrada Real – o Caminho do Diamante e o Caminho do Ouro. A viagem transformou-se no livro Brasília – Paraty, Somando pernas para dividir impressões. Um relato intrigante de como utilizar o Turismo de Aventura para falar de superação, conquistas e inclusão social.



A odisseia agora será registrada pela produtora Cinevideo, e sob a ótica do diretor Caetano Curi – que acaba de gravar uma série para o Discovery Channel, em breve será lançado o documentário Pantanal 120k – Ultramaratona.