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Crônica do Corino - Um brinde, Dalmo Cúrcio

Corino Rodrigues Alvarenga - 13 de setembro de 2006 - 07:09

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Há amigos, há colegas e há companheiros - e há também os camaradas. Dalmo Saucedo Curcio era, naquela época do Cassilândia Jornal, uma mistura de tudo isso. E, como boa árvore não deixa de produzir bons frutos e pau torto não endireita, certamente que continua na mesma linha.
É raro conhecer alguém tão esforçado e tão perseverante. Era o titular da coluna Gente que é Notícia nos tempos que o Cassilândia Jornal era o Cassilândia Jornal, um jornal corajoso com a marca forte do paulistano Wanderleiy de Carvalho, que, com o passar dos anos, levou parte de seu conhecimento adquirido em Ribeirão Preto.
O relacionamento dentro do Cassilândia Jornal era muito bom, ainda que de vez enquanto o tempo fechasse e terminasse em arranca-rabo. Mas, no final – entre mortos e feridos – todos saíam sãos e salvos.
Lembro-me de Dalmo também pelos seus trajes despojados, com muito jeans, cores, e, sobretudo, por seu bom-humor. Para ele não tinha tempo ruim. E era esse bom-humor dele que dava um equilíbrio, afinal Wanderleiy sempre foi mais durão, mais paizão, que determinava, às vezes com broncas, os rumos de cada um dentro do jornal.
Não é sentimentalismo, não, mas naqueles tempos havia glamour naquele ofício diário que realizávamos no Cassilândia Jornal. Eu era redator do jornal e Dalmo, o colunista social.
Wanderleiy dava uma primeira olhada nos manuscritos iniciais de Dalmo e às vezes resmungava:
- Lá vem Dalmo de novo com esse conotando, denotando...
Mas não tinha jeito. Fazia parte do estilo Dalmo de escrever coluna social.
Ou, bem-humorado, ironizava:
- Ô, Dobernan, vai farejar essa informação. Vai checar essa fonte, pois precisamos dar esse furo de reportagem.
E Dalmo não se importava com aquela forma de tratamento que Wanderleiy utilizava quando se referia ao Dalmo repórter. Mesmo porque Dalmo sabia que tinha faro para a notícia e, mais ainda, adorava cães. Doberman caía certinho para o Dalmo farejador de notícias.
Além da coluna social, Dalmo era um excelente vendedor de publicidade e acabou sendo um professor para mim – na época, um iniciante na arte de vender.
Aprendi com Dalmo Curcio uma frase que uso toda vez que estou preparando a pré-venda de meus projetos gráficos e, sobretudo, quando fecho o primeiro contrato: “Porteira que passa um boi, passa uma boiada.” É tiro e queda.
Lembro-me de Dalmo sempre, portanto, pois estou sempre vendendo campanhas publicitárias de minha revista e do meu jornal. Ouvi essa frase pela primeira vez quando lançamos o Jornal Chapadão do Sul. Logo de manhã, levamos a boneca do jornal no primeiro cliente que, em poucas palavras proferidas por Dalmo Curcio, já fechou logo o primeiro contrato.
Ao sairmos de lá, ele disparou, feliz, sorridente:
- Porteira que passa um boi, passa uma boiada.
Eu às vezes me sinto um ingrato, uma pessoa desligada do mundo. Com tantos amigos que adquiri ao longo da vida, tenho uma grande facilidade de perder o contato, de não ligar, de não escrever.
Ontem li por aí uma frase das mais interessantes e quero transcreve-la aqui: “As pessoas que passam por nós nunca nos deixam sós: deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Já se passaram quase vinte anos, mas a presença do colega de trabalho e do amigo Dalmo Curcio mantém-se viva em mim. Soube que Dalmo chorou quando leu uma homenagem que escrevi para Wanderleiy de Carvalho há alguns dias. Isso não me surpreenderia nunca.
Alguém que tem tanta sensibilidade para fotografar quanto Dalmo Curcio, ao conseguir captar expressões e ângulos inacessíveis ao olhar do fotógrafo comum, só poderia mesmo chorar ao ler algo tão verdadeiro e puro sobre o nosso irmãozinho Wanderleiy de Carvalho.
Dalmo sempre foi, afinal, o braço direito de Wanderleiy naqueles bons tempos do Cassilândia Jornal. E eu me dou por satisfeito se for reconhecido como o braço esquerdo de ambos.
Um brinde, Dalmo! Um brinde, amigo!

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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