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Crônica do Corino - Equívocos

Corino Rodrigues Alvarenga - 15 de outubro de 2006 - 05:58

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Equívocos

Quando eu ouço os chamados especialistas dizerem que o Brasil está tecnicamente quebrado, que vai à bancarrota se nada for feito, que a Previdência Social não agüentará mais dez anos com o modelo de gestão atual, eu fico a imaginar o quanto este País é rico e o quanto é mal administrado por nossos governantes.
Eu não sei se você já parou parar pensar nisso, mas você já viu quantos hospitais estão sendo construídos neste exato momento no Brasil? Uns duzentos, pelo menos. E quantos pronto-socorros e postos de saúde? Uns mil, talvez.
As verbas para a saúde são gigantescas, mas o brasileiro continua doente. E por quê? Porque a maioria dos brasileiros infelizmente ou ganha mal ou está desempregada, sem perspectivas de vida. E a tendência de quem se alimenta mal é ficar doente – e essa é uma tendência natural, é o curso normal da coisa toda.
Já dizia a minha avó: saco vazio não para em pé. Todo mundo sabe disse. Só o governo, no entanto, não sabe. Ou se sabe, não põe em prática. Sem comida na panela, meu amigo, haja hospitais. Haja pronto-socorros. Haja postos de saúde.
Eu não sei se você parou parar pensar também na quantidade de obras públicas que estão em andamento. Olhe para os lados. Os nossos governantes neste momento, na maioria dos municípios, estão fazendo calçamento ou pavimentação asfáltica, mas sem a rede de esgoto.
Em todos os países desenvolvidos, há esgotamento sanitário também. Lógico que há. A diferença, meu amigo, é que nesses países desenvolvidos o esgoto corre pelo cano e no Brasil, infelizmente, a céu aberto, deixando o povo, sobretudo as nossas crianças mais carentes, doente.
Então, senhores governantes deste País, ouçam a voz da razão:
- A primeira obra que tem que ser erguida neste País é o emprego sustentável com base numa economia bem administrada, com políticas públicas viáveis e com vistas ao mercado internacional, buscando-se exportar mais do que importar e, sobretudo, investir em áreas tão fundamentais quanto a educação.
Então, senhores governantes deste País, ouçam a voz da razão de novo:
- Cada centavo investido em educação significa um centavo economizado na saúde – porque gente bem educada se alimenta melhor e de forma adequada e, portanto, tem a tendência de utilizar menos os hospitais e de sair da longa fila do INSS -. Cada centavo investido efetivamente na educação significa dinheiro economizado nos programas públicos de assistência às vítimas de acidente no trânsito, no trabalho, no dia-a-dia.
Então, senhores governantes deste País, ouçam a voz da razão finalmente:
- Em vez de pontes, viadutos, prédios suntuosos e elefantes brancos que estão sendo erguidos, construam cidadania, dignidade e civilidade, investindo mais na qualidade de vida dos meus irmãos brasileiros que querem, sim, trabalhar, estudar os filhos, ter uma universidade pública de qualidade e verdadeiramente democrática, ter o direito de ser gente – e gente decente.
O grande equívoco deste País tem sido esse que nossos governantes historicamente cometem desde Pedro Álvares Cabral: investe-se em grandes obras, mas não se investe no essencial: o ser humano. Troquem, senhores governantes, portanto, o cimento pela criança carente; a brita e os azulejos caros pelos idosos; os acabamentos suntuosos à Niemeyer por mais comida no prato do brasileiro.
E, sobretudo, senhores governantes: invistam mais em educação, fazendo com que cada centavo chegue, sim, ao seu destino e não vá para os chamados caixas-dois, para os bancos dos paraísos fiscais ou para financiar campanhas eleitorais de políticos de duvidosa honra e competência.
Eis o nosso grande equívoco, senhores políticos. Reparem-no. Corrijam-no. Dizimem-no.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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