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Crise no campo derruba valor das terras em MS

Fernanda Mathias e Hélio de Freitas / Campo Grande News - 08 de junho de 2005 - 16:00

Tradicionalmente amarrada ao preço do boi e da soja, as terras de Mato Grosso do Sul passam por processo de desvalorização que dos últimos dois anos para cá chega a 50%, em algumas regiões. O cenário não é diferente do que ocorre no resto do País, onde a crise do setor produtivo foi sentida fortemente este ano por conta da severa estiagem e também dos preços de produtos agropecuários em queda.

Na região do Paiaguás, Corumbá, por exemplo, existem áreas onde o hectare que custava R$ 500,00 passou a R$ 250, segundo o corretor e proprietário da Garcia Imobiliária, Alcides Garcia. Nesta região um agravante é que, além de muitas propriedades estarem suscetíveis a alagamentos, elas são grandes, uma média de 10 a 15 mil hectares. Por outro lado, segundo Garcia, os preços baixos estão atraindo interesse de muitos investidores paulistas.

O preço competitivo das terras faz de Mato Grosso do Sul um potencial receptor de investimentos em plantações de cana-de-açúcar, segundo mostrou reportagem publicada pelo Valor On-line de 30 de maio. Naquela ocasião o presidente da Udop (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), Luiz Guilherme Zancaner, disse que Araçatuba, que antes tinha terras a preços que equivaliam de 60% a 70% às de Ribeirão Preto, hoje está na proporção de 80%. "A cultura começa a avançar para os limites de Goiás, Minas, Mato Grosso do Sul e Paraná", afirmou.

O corretor Ajurycaba Cortês de Lucena, de Dourados, afirma que tem constatado queda de até 29% no preço de terras, cujo alqueire (cada um tem 2,4 hectares), passou de R$ 19 mil a R$ 15 mil. "Caíram substancialmente o preço da terra e o volume de negócios envolvendo terras na região de Dourados. Por causa da crise da agropecuária. Até quem não foi afetado pela seca parou de comprar, fica na expectativa", disse Ajurycaba.

Ele cita como exemplo uma propriedade de 100 alqueires na região de Dourados. O proprietário queria R$ 19 mil o alqueire, acabou baixando para R$ 16 mil e mesmo assim não consegue vender as terras. Segundo Ajurycaba de Lucena, quanto mais fértil a terra, maior a queda no preço. Em propriedades cujo alqueire valia R$ 35 mil antes da crise da agropecuária, o preço caiu para R$ 25 mil, segundo ele.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira, destaca que o preço da soja em relação ao melhor momento do ano passado, quando chegou a R$ 50,00 a saca, caiu pela metade e o boi também opera em baixa, fatores decisivos na valorização da terra.

Já o presidente da CVI (Câmara de Valores Imobiliários), Eli Rodrigues, explica que não há uma queda acentuada de preços e sim uma acomodação normal em razão da sazonalidade. Ele lembra que em períodos de cotações em alta os preços de terra também sobem acima do valor normal de mercado e por isso neste momento acompanham a redução. “Hoje temos um excesso de oferta e a soja e boi em baixa, mas a queda de preços não chega a ser tão alta a ponto de gerar reclamações no mercado. É uma acomodação em razão da sazonalidade”, diz.

Ele lembra que nos últimos anos tem ocorrido um forte processo de valorização e cita como exemplo a região de Camapuã, que chegou a ser a mais desvalorizada do Estado e hoje se chega a falar em R$ 2,5 mil o hectare.

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