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Crise freia expansão e constituição de empresas cai 20%

Fernanda Mathias / Campo Grande News - 18 de maio de 2006 - 16:26


Reflexo de uma crise que teve seu estopim em outubro do ano passado, com a ocorrência de focos de febre aftosa em municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo, o comércio de Mato Grosso do Sul vive uma longa ressaca e a constituição de novas empresas despencou. Em abril deste ano foram constituídas 423 novas empresas na Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul), número 20% menor que as 533 em abril de 2005 e 25% que em março último. No quadrimestre a queda acumulada nas constituições de empresas em relação ao mesmo período do ano passado é de 11,3%, de 2.116 empresas constituídas a 1.879.

Além da freada no ritmo de expansão da economia, empresas que já estavam estabelecidas no Estado reduzem a capacidade de produção, demitindo e dando férias coletivas a funcionários, como são casos das indústrias que processam frangos e que reduziram as exportações em função da expansão da gripe aviária na Europa. A Kepler Weber, que foi um dos investimentos vistos como mais promissores no Estado, demitiu 89 funcionários em 11 dias, redirecionado parte de sua produção ao Rio Grande do Sul.

O comércio é um termômetro da crise. Sente com intensidade tanto os efeitos da falta de circulação de dinheiro por conta dos problemas no campo quanto o anúncio de parcelamento de salários de servidores públicos estaduais pelo governo do Estado, devido à frustração da arrecadação de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Serviços e Mercadorias).

O número de empresas que fecharam as portas em Mato Grosso do Sul recuou em abril, para 67 contra 87 no mês anterior e 71 em abril do ano passado. No quadrimestre, porém, são 329 empresas extintas contra 296 no mesmo período do ano passado, ou seja, aumento também na casa de 11%. Já o número de falências teve grande queda, de 23 a 8.

O presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Luiz Fernando Buainain, afirma que o grande problema é que o consumo está inibido e o empresário não arrisca aplicar recursos em um negócio do qual não sabe se terá retorno do investimento do capital. “Além de tudo temos um mercado um pouco saturado”, diz, afirma, referindo-se à necessidade de planejamento na escolha do negócio.

A PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que em março as vendas do varejo em Mato Grosso do Sul caíram 2,37% em relação ao mesmo período do ano passado, o terceiro pior desempenho do País, atrás apenas do Mato Grosso (-11,13%) e do Rio Grande do Sul (-2,79%).

Todos são estados cuja economia está fortemente ligada ao setor agropecuário, prejudicado por baixos preços, quebra de safra e, no caso de Mato Grosso do Sul pelos efeitos negativos gerados pela ocorrência de febre aftosa, em outubro do ano passado. O Paraná, que também teve focos confirmados, registrou queda de vendas de 0,78%.

O presidente da Jucems, Ademir Osiro, afirma que o processo de redução na constituição de empresas teve em outubro seu ápice, com apenas 388 constituições naquele mês. Ele ressalta a grande vulnerabilidade de o comércio em relação à contaminação pela crise, uma vez que é ele o setor que mais sente as oscilações econômicas. “O que estamos vendo é que hoje quem tem dinheiro não se sente seguro para abrir uma empresa”, diz.

Osiro afirma que o poder público tem criado mecanismos para reduzir a burocracia e estimular a constituição dos negócios. Um deles, em vigor desde os últimos dois anos é o funcionamento de braço da Receita Federal na Jucems, através do qual o investidor já sai da junta com o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). Existente desde março do ano passado, parceria com a SERC (Secretaria de Estado de Receita e Controle) também agiliza a retirada da inscrição estadual.

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