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Crise ainda leva empresas à inadimplência

Pedro Peduzzi , Agência Brasil - 24 de agosto de 2009 - 15:04

Brasília - A recuperação econômica detectada a partir de maio, associada à queda dos juros, à resposta do mercado interno e à volta gradual do crédito não foram suficientes para reverter os danos causados pela crise nas empresas brasileiras. Prova disso, segundo a Serasa, é a alta de 29,7% na inadimplência de pessoas jurídicas registrada no acumulado dos sete primeiros meses do ano, na comparação com igual período de 2008.

Apesar da alta registrada, esses resultados são inferiores aos 30,2% de inadimplência verificados na comparação entre o acumulado de janeiro a maio de 2009 com o mesmo período de 2008.

Na comparação sazonal – julho de 2009 com julho de 2008 –, o Serasa registrou um crescimento de 26,3% na inadimplência das empresas. Se o mês comparado, ainda na sazonalidade, for junho, a variação ficou em 26,6%, entre 2008 e 2009.

A alta também se verifica na comparação julho com junho de 2009: 6,6%. “Mas há um efeito calendário quando a comparação estatística é feita com junho”, alerta o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.

“Junho foi um mês de queda na inadimplência, na comparação com maio. Nesse mês a inadimplência foi 9,6% menor do que a registrada em maio, em parte por conta do fluxo que as vendas para o Dia das Mães representam no comércio. Além disso julho teve 23 dias úteis, dois a mais do que junho. Isso, por si só, já justificaria um aumento nas estatísticas de inadimplência registrada no mês”, explicou hoje (24) o economista à Agência Brasil.

“Isso mostra que a crise está se afastando, mas ainda deixa nas empresas alguns efeitos negativos que resultam em um aumento da inadimplência, principalmente por conta da falta de liquidez para o financiamento das atividades, para investimentos e para a renegociação das dívidas”, explica.

A previsão do assessor econômico da Serasa é de que a inadimplência continue em alta no mês de agosto, apesar dos dois dias úteis a menos que o mês terá na comparação com julho. “A situação se manterá em patamares elevados na comparação com 2008, mas deve melhorar a partir da maior liquidez que deve ocorrer nos meses de outubro, por causa do Dia das Crianças, e de dezembro, mês do Natal”.

Segundo a Serasa, os títulos protestados lideram o ranking de representatividade das dívidas das empresas no período compreendido entre janeiro e julho de 2009, com 41,6% de participação no indicador. No mesmo período de 2008 essa representação esteve em 42,1%.

Os cheques sem fundos vêm em seguida, com 39% de participação até julho. De janeiro a julho do ano passado, esse percentual foi de 38,7%. Por fim, as dívidas com bancos representaram, entre janeiro e julho de 2009, 19,4% das dívidas das empresas brasileiras. Em igual período de 2008, essa representatividade estava em 19,2%.

O valor médio das dívidas das empresas com bancos, nos sete primeiros meses do ano, é de R$ 4.563,70, segundo a Serasa. Valor 3,6% superior ao acumulado em igual período de 2008.

De janeiro a julho de 2009, os títulos protestados tiveram um valor médio de R$ 1.805,48 – um aumento de 20,7% ante o mesmo período do ano passado. E os cheques sem fundos apresentaram, no acumulado até julho de 2009, um valor médio de R$ 1.461,35. Isso representa um aumento de 14,5%, se comparado a igual período de 2008.

Mas no exterior a melhora não virá com a mesma velocidade. Para Almeira, ainda vai demorar para que a situação externa saia da recessão e seja revertida em crescimento. “A crise foi atenuada lá fora, mas não há, ainda, expectativa de reverter a situação para crescimento da economia”, disse.

Segundo ele, o real valorizado em um contexto de crise internacional acabou potencializando os efeitos da crise nas empresas que atuam no mercado externo. “As empresas cujas atividades estão direcionadas ao mercado interno têm melhores perspectivas, uma vez que não há, ainda, luz ao final do túnel para as voltadas ao mercado externo”.

“Com a crise, o endividamento privado ultrapassou o endividamento público”, afirma o assessor econômico da Serasa. “A gente vê isso pela inadimplência de empresas que se endividaram em 2008 e que, em 2009, vêm demonstrando dificuldade para arcar com essas dívidas”, completou.


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