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Crise a vista na pecuária de corte de MS

Dourados News - 24 de maio de 2005 - 13:13

A pecuária brasileira, desde 2003, é líder mundial no mercado de carne bovina, respondendo por 19% do total comercializado no mundo. Dados da Food and Agriculture Organization – FAO, indicam que o País deve consolidar-se como o maior exportador mundial de carne bovina, passando a responder por 21% do volume total comercializado no mundo. Contudo, tais resultados não têm favorecido o pecuarista, que tem sentido mês a mês redução dos seus lucros, com o risco, a continuar neste ritmo, de inviabilizar a atividade.

Os fatores que tem levado a atividade a resultados negativos podem estender desde os sistemas de produção até às limitações do comércio internacional, com o dólar sendo desvalorizado continuamente frente à moeda nacional, encarecendo externamente o nosso produto, tornando-nos menos competitivos frente a outros países exportadores de carne.

O Estado de Mato Grosso do Sul é responsável por cerca de 21% do rebanho de corte do País, sendo o maior produtor de carne cuja produção atende tanto o mercado interno quanto o mercado externo. Mas os preços pagos aos pecuaristas pela arroba do boi atualmente são os mais baixos registrados desde a implantação do Plano Real, trazendo uma redução drástica no lucro dos pecuaristas, conforme mostra estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.

A competitividade cresceu com investimentos em melhoramentos genéticos, melhoria de pastagens, enquanto a arroba do boi teve variação negativa no preço, em torno de 8,25% neste ano de 2005. Na Segunda-Feira (23/05), o preço pago em Mato Grosso do Sul pela arroba do boi variava de R$ 46,00 a R$ 48,00 enquanto que a arroba da vaca estava em torno de R$40,00, os valores mais baixos desde 1996, segundo a CNA.

Como os criadores fizeram muito investimento para acelerar a engorda de seus rebanhos, para abate-los mais cedo, o Estado de Mato Grosso do Sul desenvolveu projetos incentivando a pecuária de corte, como, por exemplo, o novilho precoce e, com o advento de tecnologias avançadas, criou-se ótimos caminhos para a expansão do gado de corte no Estado.

A inspeção da qualidade da carne bovina implantada em muitas fazendas é complementada pelo rastreamento, permitindo conhecer toda trajetória da vida do animal, desde o seu nascimento até o abate, com todas as etapas, passando por fiscalização, dando mais confiabilidade ao produto. Todo esse processo envolve gastos despendidos pelos produtores para equipar suas fazendas, seguindo normas sanitárias rigorosas e contratação de pessoal especializado para o trabalho, daí a preocupação dos pecuaristas com a queda no preço da carne bovina, pois o atual cenário compromete a expansão do rebanho, portanto a competitividade do Brasil lá fora, colocando em risco o primeiro lugar no ranking de exportação de carne bovina.

Segundo o CNA, neste ano de 2005, até abril, as exportações brasileiras de carne bovina cresceram 25% na comparação com igual período de 2004, alcançando U$ 862,3 milhões, com embarque de 693,4 mil toneladas do produto. Só no mês de abril/2005 as vendas de carne bovina in natura e industrializada renderam ao País U$ 249,2 milhões, 32% mais do que no mesmo mês em 2004.

A exuberância dos números no setor da carne bovina é creditada à eficiência do setor produtivo, embora a evolução dos indicadores de custos preocupe o setor. Os custos totais no Estado de Mato Grosso do Sul aumentaram 8,3% nos últimos oito meses, enquanto os preços se elevaram apenas 1,32%, e a inflação no período, medida pelo IPC/CG, foi de 3,16%.

Apesar da pecuária de corte ainda manter fôlego, em médio prazo a perda de renda junto ao produtor pode comprometer a oferta de carne, porque o pecuarista é obrigado a reduzir investimentos e abater matrizes, o que reduz a oferta de bezerros. De acordo com o presidente da CNA, Antenor Nogueira, em 2004 chegou-se a abater 35% de matrizes, enquanto o máximo aceitável é de 25%.

Segundo o Coordenador do Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC / CG), Celso Correia de Souza, o preço da carne bovina no varejo alimentar de Campo Grande tem apresentado queda de preços, em torno de 6,7%, comparado com o mês de dezembro de 2004, não refletindo, ainda, toda queda de preços imposta aos criadores do Estado. A tendência é que o consumidor passe a pagar, nos próximos meses, um valor ainda mais baixo em suas compras da carne bovina, pois, com o início da entressafra que se aproxima, haverá redução das pastagens, com conseqüente aumento da oferta de gado de corte para abate, fazendo cair o preço da arroba pelo excesso de oferta de animais.

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