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Criadouros com formas imaturas do Aedes aegypti

Agência Notisa - 20 de outubro de 2008 - 18:05

O Ministro da Saúde José Gomes Temporão lançou hoje, no Rio de Janeiro, a Campanha Nacional de Combate à Dengue cujo objetivo, segundo release divulgado pela assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, sugere que o combate aos criadouros dos mosquitos deve ser uma das estratégias na tentativa de diminuir ou eliminar a endemia. Tal estratégia é corroborada pelos resultados de pesquisa feita por Rafael Maciel de Freitas e colegas do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz e da Escola Nacional de Saúde Pública (ambos da Fiocruz, Rio de Janeiro). Os resultados aguardam para ser publicados em edição impressa da revista internacional Tropical Medicine e International Health e vão além de apontar criadouros: estabelecem diferenças entre o potencial de produtividade destes quando comparam criadouros compostos por formas imaturas do mosquito àqueles com formas mais adultas.



O primeiro objetivo do trabalho foi, segundo os autores, avaliar a ocorrência, manutenção, produtividade e distribuição espacial, comparando o PCI (índice de produtividade de criadouros de Aedes aegypti) entre propriedades chamadas casas-chave (key premises) e casas infestadas, em um subúrbio (Tubiacanga) e em uma favela (Favela do Amorim) no Rio de Janeiro. O segundo interesse foi estabelecer o papel destes fatores na distribuição espacial da fêmea do mosquito, responsável por picar e infestar os seres humanos. De acordo com o texto, casas-chave são propriedades que contêm três ou mais criadouros de formas imaturas do mosquito (larva ou pupa) e parecem ser estes exatamente os locais responsáveis pela maior produtividade do vetor, quando não combatidos.



Na pesquisa, os cientistas inspecionaram 2456 casas para formas imaturas e 1100 para a forma adulta do mosquito. “As casas-chave corresponderam a 16,08% e 17,86% de casas infestadas em Tubiacanga e 13,5% e 11,1% na Favela do Amorin, durante as estações secas e chuvosas, respectivamente”. Além disso, as casas-chave tinham significativamente mais pupas e larvas do que as casas infestadas em ambas as localidades e em ambas as estações, além do que o PCI das casas-chave da Favela do Amorim foi mais alto do que o das casas infestadas.



Para os autores, um fato importante é que a medida da PCI “provê uma estimativa alternativa satisfatória sobre o nível de infestação das casas sem a necessidade de entrada nas mesmas”. Tal importância deve-se, segundo eles, ao uso do PCI poder fazer frente a um fator importante que limita o controle da dengue: a obstrução que os moradores impõem à inspeção de seus criadouros. “Esta abordagem provou ser confiável em Queensland (Austrália), onde casas com PCI elevado mostraram maior probabilidade de estarem infestadas e apresentaram mais criadouros infestados do que casas com um PCI baixo”, afirmam no artigo. Por fim, eles observaram que “a distribuição de casas-chave e de fêmeas adultas do Aedes aegpty foi sempre congruente, indicando que as casas-chave influenciam o padrão de infestação observado nas áreas estudados”.



Mais dados sobre a sobrevivência e dispersão do mosquito da dengue estão descritos em outra obra de Rafael Maciel de Freitas – sua dissertação de mestrado disponível on line no endereço http://www.bdtd.cict.fiocruz.br/tedesimplificado/tde_arquivos/2/TDE-2006-08-29T141327Z-44/Publico/Tese%20Rafael%20Maciel%20de%20Freitas.pdf. O trabalho foi defendido na Fiocruz para obtenção de título de mestre em biologia parasitária na área de entomologia médica e orientado por Ricardo Lourenço de Oliveira e Claudia Torres Codeço.






Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

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