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Geral

Cresce o número de portadores de Aids na terceira idade

Cleide Lopes/ABr - 07 de março de 2004 - 11:32

Ao contrário do que muitos pensam, a AIDS não atinge somente os jovens. Ela vem sendo registrada de forma surpreendente entre os idosos. Para se ter uma idéia, segundo dados do Ministério da Saúde, dois por cento da população acima de 60 anos são portadoras do vírus da Aids. Isto significa que cinco mil e quinhentos idosos têm a doença. Só na capital mineira ,Belo Horizonte, três por cento da população está com o vírus. Um número acima da média Nacional.

A Assessora da unidade de preservação do programa da Aids do Ministério da Saúde, Vera Da Ros, atribui esse aumento a dois fatores: Primeiro à nova geração de idosos que possuem recursos que prolongam a qualidade de vida ,o que conseqüentemente prolonga também a vida sexual. O segundo fator é que ainda existe o tabu de se falar sobre a sexualidade na terceira idade. Para a assessora, é justamente aí que mora o perigo porque, comprovadamente, os casos infecção de AIDS nessa faixa etária, são sempre por contaminação sexual , e na maioria das vezes entre heterossexuais.

Vera Da Ros afirma que o idoso nessa faixa etária ainda está ligado à família, mas a falta de aceitação por parte dos familiares e dos próprios médicos de que ele ainda está ativo sexualmente faz muitos estragos .’’ Isso traz graves conseqüências porque a prevenção só vai acontecer se os familiares e os profissionais de saúde estiverem atentos. É importante que ao receber um idoso no consultório ou no posto de saúde, que seja apenas para medir a pressão arterial, lembrar e alertar a ele sobre a importância da prevenção da mesma forma que se fala ao adolescente”.

Preocupado com essas estatísticas, além da política nacional do Idoso, o ministério da saúde está voltando os olhos para esse seguimento social reaplicando o Programa Nacional de Combate a AIDS e das doenças sexualmente transmissíveis.

Para o Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria no Distrito Federal, Dr. Renato Maia, o crescente número de notificações de Aids entre os idosos é uma combinação de fatores. ‘’Mas o maior deles é a falta de identificação com as campanhas de orientação e prevenção da AIDS , que têm sempre como foco o jovem. Então, o idosos não se identifica como um doente em potencial”.

Maia concorda com o Ministério da saúde que o fator cultural é muito forte. “O homem mais velho tem mais dificuldade de aceitar o preservativo, porque ele associa isso à sua juventude, quando não se usava camisinha, e quando usada tinha o destino único e exclusivo à prostituição”.

Um outro fator segundo Maia , é que o homem idoso só tem ereção parcial, o que dificulta a colocação do preservativo. Além disso, tem o fator comportamental .“ O homem mais velho sempre busca uma mulher jovem que, na maioria das vezes, acaba sendo uma prostituta.”

Hoje o homem idoso tem acesso à medicação com função sexual, como o Viagra por exemplo,o que faz dele um risco potencial as doenças sexualmente transmissível e a AIDS. Por isso o Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria, Renato Maia defende uma maior atenção a sexualidade do idoso.

“A verdade é que médicos que lidam com idoso devem ficar atentos, porque uma das manifestações de AIDS, na velhice, é o quadro de demência . Muitos desses idosos não desenvolvem o quadro clássico, mas desenvolvem um quadro demencial em decorrência da AIDS”. Segundo ele, a atenção para esses casos devem ser redobrada se o idoso tem um passado de vida promíscua.

Para o Renato Maia, além da atenção especial, deve haver um comprometimento das campanhas colocando o idoso no grupo de risco, porque só assim haverá uma mudança cultural.E é exatamente sobre essa mudança cultural , e difundindo o uso de preservativos femininos entre essa faixa etária que o ministério da saúde vai atacar para reduzir o número de registros de AIDS na terceira idade.

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