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CPMI dos Correios vai cruzar informações de depoimentos

Agência Câmara - 04 de agosto de 2005 - 08:47

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, senador Delcidio Amaral (PT-MS), considerou que o depoimento da diretora financeira da empresa SMPB, Simone Vasconcelos, dado nesta quarta-feira à comissão, apenas ratificou o depoimento prestado por ela à Polícia Federal. Segundo Delcidio, a CPMI vai agora cruzar as informações de Simone com depoimentos anteriores, como o do empresário Marcos Valério, sócio da SMPB e acusado de ser o operador do "mensalão".
A comissão também vai analisar as duas listas, encaminhadas nesta quarta-feira à CPMI, com os nomes das pessoas que sacaram dinheiro supostamente emprestado ao PT pela SMPB. As listagens - uma assinada por Marcos Valério e outra por sua diretora financeira - totalizam cerca de R$ 63,6 milhões.

Valores divergentes
A senadora Heloísa Helena (Psol-AL) alertou que os valores das duas listas não batem com o montante da relação encaminhada pelo Banco Rural à CPMI. Segundo a parlamentar, de acordo com informações do banco, o volume de recursos sacados é maior.
A diretora financeira explicou à senadora que nem todos os pagamentos eram feitos com recibo, porque algumas pessoas não queriam ser identificadas. Por isso, podem não constar da lista. Esse foi, de acordo com Simone, o caso do ex-líder do PMDB na Câmara, deputado José Borba (PR), que não quis se identificar na hora do saque, assinando o recibo, o que foi feito pela própria diretora. Para o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), não há dúvidas de que os saques são muito maiores do que os divulgados pelas duas listas.

Relações políticas
À CPMI, Simone Vasconcelos disse ainda que a SMPB presta serviços publicitários aos governos de Minas Gerais e do Distrito Federal, aos Correios, à Câmara dos Deputados, à Câmara Legislativa do DF e ao Ministério do Esporte. Ela não soube dizer, porém, se houve custeio de campanha para o governo do DF.
Além de Marcos Valério, são sócios da empresa os publicitários Cristiano de Mello Paz e Ramon Hollerbach Cardoso. Segundo a diretora financeira, cada um dos três sócios possui 1/3 das ações. Ela acredita que todos tinham conhecimento dos negócios realizados pela SMPB, mas era Marcos Valério quem se responsabilizava pelos contatos políticos.
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) lembrou que, em depoimento à Polícia Federal, Marcos Valério teria dito que o mercado publicitário envolve submissão ao poder político, sem a qual não se consegue sobreviver. "Então, o modus operandi de Marcos Valério para captar clientes vai além do atual governo", concluiu Cardozo.
Cardozo ressaltou ainda que o empréstimo feito pelo empresário para a campanha ao governo de Minas Gerais do senador Eduardo Azeredo, atual presidente do PSDB, segue os mesmos moldes do empréstimo feito ao PT.

Caixa dois
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) destacou que vários partidos, e não só o PT, estão envolvidos nas denúncias de formação de caixa dois para campanhas eleitorais. Ele citou o PMDB, PL, PFL, PSDB, PP e PTB, afirmando que as investigações devem ser estendidas a todos esses partidos.
O parlamentar também lembrou que a diretora financeira Simone Vasconcelos exerceu cargo de confiança na Secretaria de Administração de Minas Gerais quando Cláudio Mourão ocupava a pasta. Mourão, segundo Fontana, foi tesoureiro da campanha ao governo de Minas Gerais de Azeredo. Campanha que, ressaltou Fontana, teria sido beneficiada pelo esquema de caixa dois montado pelo empresário Marcos Valério.

Balanços
O líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), solicitou que Simone Vasconcelos forneça oficialmente à comissão os balancetes trimestrais e os balanços anuais da SMPB dos últimos cinco anos. O objetivo, de acordo com o parlamentar, é saber se a dívida contraída pelo PT com a SMPB consta dos balanços.
A diretora não soube dizer à CPMI se foram firmados contratos a respeito dos empréstimos da empresa para o PT, nem se esses empréstimos estão relacionados nos balanços. Segundo ela, as ordens para que fossem feitos pagamentos com recursos supostamente emprestados ao PT eram dadas por Marcos Valério. "Valério me avisava de que um empréstimo de determinado valor iria entrar na conta e, aos poucos, ele ia informando quem deveria receber o dinheiro", contou.
Reportagem - Joseana Paganine
Edição - Simone Ravazzolli

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