O presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), e o presidente do Conselho de Ética da Câmara Federal, deputado Ricardo Izar (PTB-SP) decidiram nesta quinta-feira trabalhar em conjunto nas investigações das denúncias de corrupção envolvendo congressistas.

"Vamos ter reuniões periódicas, habituais. Não digo que serão semanalmente, poderão ser duas ou três vezes por semana, ou haverá semana em que não ocorrerá nenhuma reunião. Vamos trocar documentos, comparar depoimentos para acelerar os trabalhos tanto da CPI como do Conselho", explicou Ricardo Izar à Folha Online.

O Conselho investiga o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), devido a uma representação feita contra ele pelo presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), que alegou quebra de decoro parlamentar de Jefferson porque ele fez as denúncias sobre o pagamento de mesada a deputados sem apresentar qualquer comprovação de suas denúncias.

Já a CPI investiga as denúncias de corrupção nos Correios, entre elas a de que o PTB cobrava propina das pessoas indicadas pelo partido para ocupar cargos de confiança na estatal, e a fita gravada com o ex-chefe de departamento dos Correios Maurício Marinho na qual ele foi flagrado recebendo R$ 3.000,00.

As reuniões de trabalho entre presidentes e relatores da CPI e do Conselho de Ética devem começar já na próxima terça-feira (19). A intenção é trocar informações e documentos analisados nas investigações.

Novos depoimentos – A ex-mulher do deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP) prestará depoimento ao Conselho de Ética na próxima quarta-feira, às 15h (horário de MS). O deputado liberal foi acusado por Roberto Jefferson de ser um dos distribuidores dos recursos da mesada paga pelo PT para deputados da base votarem de acordo com as orientações do governo.

Maria Cristina Caldeira foi arrolada como testemunha de defesa de Roberto Jefferson. Ela veio a público e afirmou que Valdemar Costa Neto mantinha transações financeiras com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, acusado por Jefferson de ser o "comandante" do esquema do mensalão. Já o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, deverá prestar depoimento ao Conselho no dia 2 de agosto.