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CPI dos Correios aprova convocação de José Dirceu
A CPI dos Correios aprovou nesta terça-feira (2), em reunião administrativa, a convocação do deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP). Dirceu é acusado pelo deputado federal Roberto Jefferson (PDT-RJ) de ser o gerente do "mensalão", suposto esquema de pagamento de propina a membros da base aliada do governo.
A convocação de Dirceu tornou-se inevitável aos olhos dos parlamentares após a denúncia que um assessor do ex-ministro, Roberto Marques, foi autorizado a sacar R$ 50 mil da conta da SMPB, uma das empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, no Banco Rural. O publicitário foi acusado de ser o operador do "mensalão". A oitiva com o deputado ainda não tem data marcada, mas deve acontecer ainda este mês.
Segundo o relator da CPI, deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), José Dirceu será instado a esclarecer, entre outros pontos, quais eram os critérios adotados pelo governo no preenchimento dos cargos da administração pública.
Ao todo, foram aprovados, nesta terça-feira, 23 requerimentos, por meio de votação simbólica. Entre eles, o que pede a convocação de Henrique Pizzolatto, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, que teria sido o beneficiário de um saque no Banco Rural de R$ 326 mil da conta da DNA, outra empresa de Marcos Valério.
Os parlamentares também aprovaram o requerimento de convocação de José Carlos Batista, proprietário da Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações. A Guaranhuns é apontada pela CPI dos Correios como responsável por vultosos saques nas contas de Marcos Valério no Banco Rural. No endereço da empresa, no entanto, o que existe é um terreno baldio.
A oitiva com o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ficou para ser discutida futuramente. Os membros da comissão avaliaram que, antes de convocá-lo, precisam analisar os documentos que ele apresentou na manhã desta terça-feira, quando compareceu ao plenário da CPI espontaneamente para prestar esclarecimentos a respeito do empréstimo de avalizado por Marcos Valério para sua campanha de 1998 ao governo de Minas Gerais.
Também foi adiada para quinta-feira (4) a discussão sobre a quebra de sigilo dos fundos de pensão. Alguns parlamentares querem investigar se há relação entre os investimentos feitos por esses fundos e os empréstimos bancários feitos por Marcos Valério e repassados ao PT. O presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), assim como seu relator, no entanto, avaliam que o tema deve ser tratado com cautela.
- Temos que tomar muito cuidado com quebra de sigilo de fundos de pensão. Eles têm uma participação grande em várias empresas nacionais e estrangeiras, algumas até oriundas da privatização. Precisamos pensar muito bem para não fazer nada equivocado. Qualquer decisão da CPI traz impactos - alertou Delcidio.
- Não há consenso sobre a investigação de fundos de pensão na CPI dos Correios. Podemos até ter problemas na Justiça. Se os requerimentos forem aprovados, poderão ser questionados - ponderou Serraglio.