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Corinthians: Mano abre o jogo ; confira a entrevista

Agência Corinthians - 23 de fevereiro de 2008 - 10:48

Mano Menezes começou a trabalhar dentro de campo no dia 3 de janeiro, data da reapresentação do elenco. Mas já havia arregaçado as mangas bem antes. Foram inúmeras reuniões com a diretoria para a montagem do elenco que terá como missão levar o Corinthians de volta à divisão de elite do futebol brasileiro.

Passados quase dois meses, o técnico concedeu uma entrevista à Timão TV em que faz um balanço do seu trabalho. Confira!

Início do trabalho

Acredito que está dentro do esperado a primeira fase do trabalho. Precisamos considerar de onde partimos. Iniciamos com um número muito grande de jogadores chegando num curto espaço de tempo e de preparação para os primeiros jogos. Seria natural que tivéssemos algumas dificuldades, mas elas estão dentro do normal, comparando-se com os principais adversários, que poderiam ser separados em dois grupos: os que estariam melhor preparados, que eram as equipes do interior, e os que, como nós, iniciaram mais tarde, mas que tinham uma condição de formação de plantel um pouquinho mais adiantada em relação a nós.

Equilíbrio entre os grandes do Paulistão

As equipes grandes é um bom parâmetro para nós medirmos a capacidade que temos para melhorar, mas também para entendermos o estágio que estamos passando. Porque mesmo com o Corinthians tendo que na segunda parte da temporada jogar com outros adversários, você precisa se comparar com as maiores equipes, com os maiores clubes, porque o nível de exigência é muito parecido.

As dificuldades no Timão

Antes de tomar a decisão de dirigir o Corinthians, procurei me inteirar bastante sobre o que iria assumir como chefe da comissão técnica. Os nossos maiores problemas continuam sendo o fato do clube ser muito aberto e muito exposto no seu dia-a-dia. Isso para conduzir um trabalho é mais difícil.

Mas o Corinthians não tem um centro de treinamento - o que se espera é que num curto espaço de tempo vá ter -, vive num ambiente de clube social, então as pessoas estão muito próximas dos jogadores, no pátio, quando eles se deslocam para suas casas, e até quase que no seu local de trabalho propriamente dito. Essa é a parte mais difícil.

A outra está dentro da realidade dos clubes de um modo geral: a pressão é a mesma, a exigência por resultado é exatamente a mesma, e nós já conseguimos avançar nessa questão de dar tranqüilidade para os jogadores trabalharem, que eu acho que é o melhor caminho para o Corinthians voltar a ter bons resultados.

O elenco do Mano

É sempre subjetiva a montagem de uma equipe, embora eu tenha procurado indicar para o grupo jogadores que tivessem uma boa capacidade técnica e também experiência. Nós tivemos a felicidade de conseguir fazer isso na montagem do plantel, então os jogadores se encaixaram bem nesse processo defensivo.

Outros jogadores que já estavam aqui no clube cresceram bastante com essa organização escolhida para a equipe atuar. A primeira parte, que eu julgo que seja a ordem natural de montagem de uma equipe, já foi feita. Agora nós temos que nos preocupar com a segunda parte; tudo está dentro de um cronograma que nós estabelecemos para início de temporada.

Nós fizemos um planejamento de montagem do elenco que se deixou um espaço bastante grande para os jogadores da casa. Deixei bastante claro a todos que o fato de receber oportunidades não estava ligado a ser ou não formado no Corinthians, de ser ou não indicado pelo técnico momentaneamente para formar o grupo.

As oportunidades estariam ligadas diretamente à sua produção no dia-a-dia. E foi o que se confirmou. Quem está bem nessa avaliação que se faz, está indo para o jogo, está tendo a oportunidade de mostrar sua capacidade. Muitos deles estão aproveitando isso muito bem, o que nos deixa feliz.

Experiências de fora do campo usadas dentro do campo

Bom, vamos começar pela parte do filho de político, né? O futebol tem muitas coisas parecidas com política. Nas vitórias recebemos muitos tapinhas nas costas, e na política é mais ou menos parecido, quando você é eleito, quando você tem mandato, você recebe muitos tapinhas nas costas. E o contrário também é verdadeiro. Você não tendo, não vale mais.

No futebol, quando se perde, você precisa ter muita estrutura, porque as pessoas se afastam, e os jogadores precisam entender isso cedo, cabe ao treinador passar isso. A parte de administração de empresas, me dá uma base técnica, em termos teóricos, para saber conviver com certas situações em termos de gerenciamento da carreira dos jogadores, que cabe hoje muito ao técnico. Essa tomada de decisões diárias influencia no seu contrato do ano seguinte, para melhor ou pior.

E, para finalizar, a parte de gerenciamento de recursos humanos me dá uma noção muito clara de como fazer isso sem perder o comando de um vestiário, que é bastante difícil: estabelecendo regras absolutamente claras para todos, procurando ser o mais correto possível na aplicação delas de forma igualitária, para que todos se sintam muito bem comprometidos com aquilo que nós entendemos que seja nossa filosofia de trabalho. São experiências que eu tive a oportunidade de vivenciar, e certamente algumas me servem como exemplo para não fazer, não percorrer determinados caminhos, e outras para exatamente insistir naquela linha. Alguns têm mais sorte na vida, eu desde pequeno tive essas oportunidades e elas me ajudam muito, me ajudaram a me formar como pessoa, em termos de valores que acredito e que repasso aos jogadores que fazem parte dos grupos que dirijo.

Tenho uma boa capacidade de vivenciar em equipes de trabalho. Compartilhando fica mais leve para todo mundo e faz com que todos se comprometam mais, que se sintam inseridos mesmo no processo. Estamos fazendo isso no Corinthians e espero que logo ali na frente os resultados sejam ainda melhores.

Decisões balanceadas

Existe um lado subjetivo em cada caso. Você tem que ter uma boa capacidade de discernimento em cada situação, porque elas estão ligadas ao custo-benefício de cada caso. Se você tem um benefício grande em relação a uma situação, você é mais tolerante com ela. Você precisa inteligentemente ser mais tolerante. Porque você pode até ser mais duro, mas o prejuízo vai ser muito maior logo ali na frente para a equipe. Você tem que levar a condição de equipe sempre acima de qualquer situação, das suas pessoais, inclusive. Então você procura ir analisando caso a caso. É uma linha muito fina que separa as duas situações, de até onde você pode ir.

Tempo livre em São Paulo

Os jogos estão muito próximos, sobra na verdade muito pouco tempo livre no futebol do Corinthians nessa primeira parte. Você está jogando sábado, ou às vezes domingo, e já joga na quarta-feira novamente, então você fica um dia fora do hotel, às vezes dois no máximo. Você faz isso 3 dias numa semana, para ficar em concentração.

Minha esposa está revezando a permanência no Rio Grande do Sul e a estada aqui, então muitos desses dias ela está aqui. Procuro conviver com ela, mas saio pouco, porque o futebol também te desgasta muito na questão de ficar fora de casa. Nos dias de folga, em que são possíveis a convivência caseira, você procura usufruir isso.

Às vezes vou a restaurantes, para aproveitar essas inúmeras oportunidades que tem em São Paulo, embora ainda conheça pouco, mas tenho procurado seguir algumas sugestões de pessoas que já têm mais conhecimento. Leio um pouquinho, hoje mais coisas ligadas ao Corinthians, exatamente nessa busca de se obter mais conhecimento do clube, de como a cultura interna vê o futebol que nós estamos trabalhando. E procurando nos ambientar o mais rápido possível.

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