A música é antiga. Os cantores têm mais de 60 anos e são integrantes coral do Hospital Universitário de Brasília, HUB. São 30 portadores de Alzheimer que buscam nos encontros semanais, há um ano, uma oportunidade de esquecer a doença. Acompanhados de familiares e do maestro Sérgio Kolodziey, eles ensaiam canções antigas como Carinhoso, Índia, Luar do Sertão e Beijinho Doce. Para o coordenador do Centro de Medicina do Idoso do HUB, Einstein de Camargos, a música é muito importante para o tratamento dos pacientes de Alzheimer porque estimula a memória.

"A música, ao ser cantada, estimula a memória por vários aspectos. Desde o aspecto da formação da palavra, da intonação da voz, da lembrança da melodia e da letra."

O coral é o primeiro de que se tem notícia em todo o mundo. Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 1,2 mihões de idosos com Alzheimer. A doença não tem cura e, por isso, atividades que estimulem a memória são recomendadas. A piauiense Adália Figueiredo acompanha a mãe Maria, de 81 anos, toda semana. Segundo Adália, a mãe sofre de Alzheimer há cerca de 15 anos e a atividade ajudou a resgatar a alegria de viver de dona Maria.

"Ela se tornou uma pessoa mais alegre, muito mais participativa. Ela já estava muito quieta, muito triste, cabisbaixa. E aqui ela criou nova vida."

Além do coral, o HUB desenvolve oficinas de pintura e fuxico, além de terapia com filhotes de cães. Familiares e cuidadores que não dispõem de um serviço como esse no município, podem desenvolver atividades em casa que dêem prazer ao idoso. A interação ajuda na recuperação e na maneira como a família lida com a doença.

De Brasília, Eline Santos