O Banco Central (BC) reconhece que desde setembro, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) retomou a política gradativa de aumento da taxa básica de juros (Selic), houve redução das projeções de inflação em relação à trajetória de metas, principalmente nos dois últimos meses.

As informações constam da ata da reunião que o Copom realizou na semana passada, distribuída hoje pelo BC. O documento ressalta, contudo, que "alguns fatores representam riscos ao processo de convergência da inflação" à trajetória de metas. O principal receio é a possibilidade de o crescimento econômico impulsionar a demanda agregada (consumo) mais do que o previsto nos exercícios de projeção.

O colegiado de diretores do BC teme que "a resistência da inflação à queda" se revele mais intensa do que o mercado e a autoridade monetária estimam. Apesar de trilhar o caminho das suposições, o Copom examinou a conveniência de acelerar o ritmo de ajustes da taxa Selic, que evoluiu de 16% ao ano, em setembro, para os atuais 18,25%.

A ata da reunião do Copom adverte, porém, que "na eventualidade de se verificar uma exacerbação de outros fatores de risco inflacionário, a autoridade monetária estará pronta para adequar às circunstâncias o ritmo e a magnitude do processo de ajuste da taxa de juros básica". Recado que, por si só, gera expectativas do mercado com relação à próxima reunião, marcada para os dias 15 e 16 de fevereiro.

A intenção, de acordo com o documento do BC, é deixar a taxa Selic alta por um período "suficientemente longo" para forçar a redução da expectativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, em 5,67%. Acima, portanto, da meta que o BC ajustou para 5,1%.