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Conquistas de quem mantém o colorido da vida mesmo sem a visão

13 de dezembro - Dia Nacional do Cego

Assessoria - 10 de dezembro de 2013 - 09:14

O Dia Nacional do Cego, 13 de dezembro, é um dia para comemorar e celebrar as conquistas e possibilidades das pessoas com deficiência visual. Figuras como Dorina Nowill, que dedicou sua vida à inclusão de pessoas cegas e com baixa visão no Brasil, os talentosos cantores Ray Charles, Steve Wonder e Andrea Bocceli, além do humorista brasileiro Geraldo Magela, são verdadeiros protagonistas de sua própria história. Estes são apenas alguns exemplos de que é possível ultrapassar a barreira de uma limitação e alcançar objetivos. Estas pessoas ficaram famosas não por sua cegueira, mas sim por seu talento e determinação para realizar seus sonhos e objetivos.

Com luta, determinação e garra alcançaram o que a Fundação Dorina Nowill para Cegos considera essencial na vida de uma pessoa com deficiência visual: autonomia e independência. Este foi um dos objetivos de Dorina de Gouvêa Nowill quando ficou cega aos 17 anos e deu início ao que é hoje a instituição com seu nome. Em 67 anos, já passaram pela Fundação Dorina milhares de pessoas que tiveram suas vidas e rotinas transformadas. E é com o foco de garantir a cidadania, que a organização atua para facilitar a vida de quem não tem a visão como aliada e aprimoram os outros sentidos para executar atividades diversas do dia a dia e do trabalho.

A vida não perdeu a cor
Segundo dados do IBGE, há 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil e cerca de 1500 frequentam a Fundação Dorina, anualmente, para receber diferentes tipos de atendimentos. Laís Nascimento, 25 anos, é uma das pessoas que conheceram a instituição como um caminho para sua reabilitação após perder a visão subitamente. Devido ao glaucoma diagnosticado logo que nasceu, ficou cega aos 22 anos. De uma instante para o outro percebeu que sua vida mudaria totalmente.

“Estava trabalhando quando a pressão do meu globo ocular aumentou, desmaiei e perdi a visão no mesmo momento”, explica. “Fiquei meio desorientada, mas recebi muito apoio da minha família quando soubemos que a vida seria diferente”. Após detectar a perda da visão, os médicos sugeriram intervenções cirúrgicas com a tentativa de reaver resíduos visuais ou até mesmo recuperar a visão de Laís. Foram feitas quatro cirurgias e, sem os resultados esperados, Laís optou por reavaliar a maneira como seguiria a vida e resolveu se adaptar a um novo modo de viver.

“Entrei em uma fase de decisão e precisava escolher ‘fico parada ou vou fazer alguma coisa?’ Foi quando minha mãe soube da Fundação Dorina e aí sim tive a resposta: vou fazer não só uma, mas várias coisas”, conta. “Frequento a Fundação há 1 ano e meio e tudo que é oferecido eu me candidato. Fiz a reabilitação para aprender a me locomover sozinha pela cidade, fazer os cursos e manter minha independência. Na Fundação Dorina, fiz o curso de informática, de rotinas administrativas e estou terminando o curso de Avaliação Olfativa para Pessoas com Deficiência Visual”.

Laís é um dos exemplos de perseverança de quem não deixou que a vida perdesse a cor ao perder a visão. Hoje, o olfato tomou conta de parte do seu dia e ela já sentiu o cheiro de mais de 500 fragrâncias e matérias primas. Ela é a representante de turma no curso pioneiro de Avaliação Olfativa para Pessoas Com Deficiência Visual e tenta participar de todas as atividades propostas pela instituição, tirando o máximo de proveito do aprendizado. “Meu maior sonho é voltar ao mercado de trabalho, então, todas as formas que percebo que poderão enriquecer meu conhecimento, me envolvo e na Fundação Dorina tenho tido muitas oportunidade”, conclui Laís.

Despertando habilidades
A Fundação Dorina visa valorizar e ressaltar as habilidades das pessoas cegas e com baixa visão com atendimentos especializados. Quem chega à instituição recebe todo apoio de uma equipe multidisciplinar de Serviços de Apoio à Inclusão que propõe ações e acompanhamento para um cotidiano comum, sempre respeitando as limitações e interesses individuais. Pessoas com deficiência visual e seus familiares recebem suporte para terem pleno conhecimento de suas capacidades e também despertam os outros sentidos para que as barreiras do dia a dia sejam ultrapassadas.

Com a produção e distribuição de livros e materiais acessíveis – impressão em letra ampliada, braille, livros em áudio e digitais – a instituição promove o acesso à informação, cultura, entretenimento e conhecimento específico. Os serviços e atendimentos especializados buscam manter as tarefas da vida diária, como cozinhar, arrumar a casa, costurar, enquanto a orientação em mobilidade garante mais segurança e independência na locomoção por onde quer que o cego deseje ir. E há também cursos de capacitação profissional, área que busca a inclusão das pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho.
Tornando o mundo mais acessível

Empresas que buscam atender de maneira acessível a todos os públicos contam com consultoria e prestação de serviços da unidade de negócios sociais Soluções em Acessibilidade. Para que possam fazer parte de uma sociedade igualitária, empresas buscam a área afim de transformar materiais em formatos acessíveis, como cardápios, bulas, embalagens de produtos diversos e outros; consultoria técnica e treinamentos específicos sobre assuntos relacionados à acessibilidade; projetos de inclusão no mercado de trabalho; construção de projetos sociais de responsabilidade social com isenção fiscal entre outros. Há todo um trabalho para que os diversos ambientes estejam preparados para receber pessoas com deficiência visual.

Cultura acessível
Na instituição, o Centro de Memória Dorina Nowill, preserva a história da luta das pessoas com deficiência visual no Brasil e conta como a Fundação Dorina está relacionada a este contexto. Há máquinas de escrever em braille de 1940 e também os modernos softwares que permitem o acesso à informação às pessoas com deficiência visual. O local é mais uma opção de roteiro cultural acessível em São Paulo por ter sido desenhado em cima do desenho universal, conter audiodescrição, maquete tátil, piso tátil. Adultos e crianças podem conhecer a exposição com o auxílio de educadores e audioguia. Todos os textos de exposição e legendas das peças expostas contam com versão em braille e fonte ampliada, além da Pentop, um recurso inovador que permite a audiodescrição das sessões da exposição e maquetes.

Este é um espaço cultural que conta histórias e perspectivas sobre a luta das pessoas com deficiência visual no Brasil. A exposição “E tudo começou assim: ações, projetos e histórias que mudaram a vida das pessoas com deficiência visual” é uma viagem sensorial que inclui interatividade, participação, recursos sonoros, olfativos e auditivos, totalmente acessível para pessoas com deficiência física e visual. A visitação é gratuita mediante agendamento. A visita também percorre parte da Fundação Dorina Nowill para Cegos e é possível conhecer uma gráfica de materiais em braille, por exemplo.

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