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Conheça sete motivos errados para querer ter filhos

Uol - 19 de outubro de 2014 - 22:02

Uma criança deveria vir ao mundo porque é fruto de um desejo e de um amor muito intenso entre seus pais, que, juntos, decidiram o momento ideal da relação para gerá-la. Nem sempre, porém, é o que acontece, e o nascimento de um bebê por uma razão equivocada pode trazer muitos problemas a um casal: rompimento, inclusive. UOL Comportamento conversou com especialistas que elencaram sete motivos errados para engravidar. Veja:

1. Segurar casamento ou o par
Muitas pessoas –em sua maioria, mulheres, mas alguns homens também pensam desse modo– acreditam que o nascimento de um bebê é uma espécie de "celebração mágica" de um relacionamento perfeito. A chegada de uma criança, para muita gente, serviria para fortalecer os vínculos afetivos entre seus pais, enchendo a casa de amor e alegria. É fato que filhos dão um novo colorido à existência, mas para que isso aconteça é fundamental que o casal já esteja bem, e nunca jogar a esperança de se entenderem nos ombros de alguém que não tem nada a ver com seus problemas.

Segundo a psicóloga Cecilia Russo Troiano, de São Paulo (SP), autora do livro "Vida de Equilibrista – Dores e Delícias da Mãe que Trabalha" (Ed. Cultrix), filhos devem ser planejados e fruto do desejo do casal em formar uma família. "Se antes de ter filhos o casal já não está bem, com a chegada de um bebê os conflitos podem se acentuar, já que outros temas surgirão sobre os quais os pais terão que se entender. A harmonia do casal precisa ser ainda mais efetiva após as crianças. Se não há isso antes do nascimento, o filho pode ser o gatilho da separação, porque os cuidados fazem com que as diferenças fiquem mais evidentes", afirma Cecilia.

2. Fazer companhia para o filho que o casal já tem
Para Sergio Klepacz, psiquiatra do Hospital Samaritano de São Paulo, esse pode até ser um argumento compreensivo, mas não garante a felicidade nem a estabilidade emocional dos filhos –de nenhum deles. "Em alguns casos, pode até gerar ciúmes excessivos entre os irmãos", diz. Vale a pena refletir: será que a criança se sente mesmo solitária ou essa impressão é reflexo de uma percepção dos pais, que muitas vezes se culpam de não poder dar mais atenção e tempo ao filho?

Na opinião de Cecilia Russo Troiano, o casal também pode arranjar companhia para a criança de outros jeitos: com um animal de estimação, colegas da escola, amigos do bairro etc. "Não podemos ter filhos pensando no caráter prático da 'companhia'. Além disso, haverá momentos em que o mais velho vai querer tudo, menos a presença do mais novo", afirma.

3. Medo de não ter ninguém para cuidar de você na velhice
Segundo a terapeuta familiar Quezia Bombonatto, de São Paulo (SP), trata-se de uma razão egoísta, já que nenhuma pessoa tem o direito de delegar a outra –muito menos a um filho– o papel de cuidar dela no futuro. "Uma decisão como essa, no entanto, nem sempre é consciente, por isso o casal precisa pesar todos os prós e contras e avaliar se deseja mesmo gerar uma nova vida", fala Quezia.

A ansiedade em relação à velhice deve ser administrada ou sanada de outra forma. Mesmo porque, de acordo com Cecilia, não são poucas as histórias que mostram que ter filhos não é garantia de ter uma assistência no futuro, nem emocional nem financeira. "Além disso, tantas coisas podem acontecer pelo caminho que não dá para contar com isso. E se o filho não quiser ou não puder assumir essa função? E se a família que ele construir for contra?", exemplifica a psicóloga.

4. O relógio biológico "tocou"
Essa é uma questão que aflige, sobretudo, o sexo feminino. No entanto, nunca é demais lembrar que, hoje, a medicina conta com vários recursos para que a mulher possa gerar uma criança mesmo que os índices reprodutivos estejam em baixa. Para os especialistas, se apressar para engravidar antes dos 35 ou 40 anos pode se tornar uma armadilha se a mulher não tiver condições financeiras e/ou emocionais para isso. Mesmo as "produções independentes" devem ser pensadas de forma mais racional. "Ninguém deve guiar uma decisão pela pressão do tempo. Ter um filho é uma resolução que envolve nosso pleno compromisso e precisamos estar preparados em todos os sentidos", diz Cecilia.

5. Todos os amigos em uniões estáveis têm filhos
Não adianta se iludir: todos os casais com filhos acabam mesmo se ocupando mais e deixado um pouco de lado os amigos que ainda não têm crianças. É algo natural e de ordem prática: pais têm horários mais rígidos, precisam carregar um arsenal de coisas quando saem de casa, conversam sobre assuntos da rotina infantil etc. Os com crianças pequenas, principalmente, parecem pertencer a um outro universo; então é normal que haja um certo distanciamento, pelo menos por um tempo.

Por causa disso, alguns casais se sentem compelidos a também engravidar para acompanhar a turma. "Seguir o que todos fazem jamais deve ser um motivo para pensar em ter filhos. Aliás, não deveria ser motivo para nada. O filho será seu e não dos outros, então, ambos devem estar preparados e ter uma visão realista da maternidade e da paternidade", diz Cecilia. Talvez seja o caso de tentar adaptar os programas para que todos saiam satisfeitos e/ou de buscar novas amizades com interesses parecidos.

6. Pressão do par
Esse é um dos motivos equivocados mais comuns para alguém resolver ter um filho, mas dificilmente as coisas saem conforme o planejado. "O que é certo para um nem sempre é para o outro. Acho que se deve evitar tomar uma decisão egocentrada. O casal precisa ter consciência ao fazer a escolha, pois as motivações podem ser individuais e muito voltadas ao momento do par. Trata-se de uma decisão que deve ser feita a dois", comenta a terapeuta familiar Quezia Bombonatto.

Segundo o psiquiatra Sergio Klepacz, em muitos casos, a pressão de um dos cônjuges pode fazer a diferença, mas, se já houver uma rachadura no relacionamento, ela tende a se aprofundar pela contrariedade daquele que está cedendo na relação. Sujeitar-se à pressão leva a esquecer momentaneamente que depois que a criança nascer ambos dividirão as responsabilidades e precisam estar totalmente motivados e comprometidos para tais tarefas.

7. Influência da família
Também é outro motivo errôneo bastante comum que costuma levar casais a apressarem seus planos de se tornarem pais. A pressão, na maior parte das vezes, vem dos futuros avós, que chegam a apelar para chantagens emocionais do tipo "quero segurar meus netos antes de morrer" para alcançarem seus objetivos. Para os especialistas, o par precisa se proteger contra esses recursos.

"O casal não deve nunca resolver ter um filho por demandas impostas ou convenções sociais. A decisão precisa seguir única e exclusivamente as razões e necessidades dos dois. Afinal, o vínculo maior será com eles, que serão os responsáveis pela nova vida, e não com os avós", declara Luciana Barros de Almeida, presidente da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia).

Para Sergio Klepacz, psiquiatra do Hospital Samaritano de São Paulo, se o casal não estiver preparado para a chegada da criança –por motivos que vão desde questões financeiras até pendências na relação– os estragos serão maiores do que as recompensas aos avós, que verão a alegria de ter um novo membro na família estragada por possíveis problemas entre o par.

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