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Conheça Clodoaldo, o nosso ouro Paraolímpico

assessoria - 20 de setembro de 2004 - 07:40

“Agora dá para sentir que estou em Atenas. Parece um sonho. Eu nem acredito que está acontecendo”, afirmou emocionado. Desde a prova classificatória, que ocorreu na manhã de hoje, o atleta demonstrou que daria trabalho para seus adversários. Se antes deste domingo de ouro o cobra d’água já era chamado pelos amigos como Clodoaldo “Recorde” da Silva, com as façanhas que conquistou na sua estréia é esperar para ver qual nome o grupo irá adotar para chamá-lo a partir de agora. Phelps! Seria uma boa sugestão para ele que ainda irá enfrentar mais sete provas na Grécia.

O dia não ficou reservado somente para o ouro na prova da final, na classificatória, que ocorreu pela manhã, Clodoaldo simplesmente conseguiu os recordes mundial e paraolímpico com o tempo de 1:16:36. “Acho que os resultados de hoje abrirão as portas para mais medalhas na natação. Eu mesmo disputarei com mais tranqüilidade”, disse o atleta.

Além de recordista nos 100m livre, Clodoaldo carrega a marca mundial dos 50m livre e busca o recorde dos 200m livre perdido para o segundo colocado na prova de hoje. “Quando vou competir sempre quero alcançar melhores tempos”, diz a fera. E o pior que é verdade. Desde 2002, quando o Phelps brasileiro bateu três recordes mundias (nos 50m, 100m e 200m) ocorridos na Argentina, ele não parou de se destacar no cenário da natação paraolímpica. Todas as vezes que competiu de lá para cá conseguiu a bater seus próprios recordes nas provas em que é o favorito do mundo: 50m e 100m.

Ele considera que seu principal desafio é o japonês, mas sabe que ganhar o ouro de hoje tem um gostinho especial, pois o espanhol que ficou em terceiro aqui em Atenas tirou o ouro de Clodoaldo em Sydney. O rei das águas helênicas é humilde quando fala das outras sete provas que ainda irá nadar: Muita emoção ainda irá rolar no berço da história do esporte olímpico.

Dados importantes: a natação é uma das modalidades que mais cresce no Brasil. Na última paraolimpíada o país levou 17 representantes. Desta vez, mesmo com um limite de vagas, 21 atletas estarão brigando por medalhas em Atenas. Em Sidney, existiam 1.200 vagas para os países participarem na modalidade. Na Grécia, as vagas para todo o mundo contabilizam menos da metade: 580. Os nadadores paraolímpicos brasileiros saem na frente, pois em 2000 o Brasil foi representado por 17 competidores e agora, mesmo com a diminuição de vagas, tem um grupo de 21 nadadores – um aumento proporcional de 143,5%. A natação paraolímpica brasileira é a nona no ranking mundial e está lado a lado com grandes potências como Canadá e Alemanha (ambos com 21 vagas).

Brasil em Atenas no dia 19 de setembro: além do Clodoaldo a natação brasileira participou com mais 10 atletas. O futebol de 7 (paralisados cerebrais) derrotou os EUA por 4x0. O atletismo estreou as fases eliminatórias e as semifinais com atletas cegos e deficientes visuais. O judô conquistou mais duas medalhas uma de prata e outra de bronze. Os tênis de mesa e em cadeira de rodas também competiram hoje.





Perfil do atleta:

ALTURA – 1,75m

PESO – 63,5kg

NASCIMENTO: 01/02/1979

LOCAL: NATAL/RN

CLASSE S4

DEFICIÊNCIA: PARALISIA CEREBRAL

TÉCNICO: CARLOS PAIXÃO

CLUBE: SADEF – SOCIEDADE AMIGOS DOS DEFICIENTES DO RIO GRANDE DO NORTE PRINCIPAIS TÍTULOS: Ouro nos 50m e 100m livre, nos Jogos Mundiais da Nova Zelândia, em 1999; Prata nos 100m livre, e nos revezamentos 4x50m livre e 4x50m medley, e bronze nos 50m livre, na Paraolimpíada de Sydney, em 2000; Ouro nos 50m costas, 50m e 100m livre, e um bronze no revezamento 4x100m livre, na Copa do Mundo para Paralisados Cerebrais, na Inglaterra, em 2001; Ouro nos 100m e 200m livre (recorde mundial 3:00.01), e prata nos 150m medley e no revezamento 4x50m medley, no Mundial de Mar del Plata, em 2000; Ouro nos 50m, 100m e 200m livre, 150m medley, e nos revezamentos 4x50m medley e 4x50m livre, e prata nos 50m costas, no Parapan-americano de Mar del Plata, em 2003; Atual detentor dos recordes mundiais nos 50m ( 36.24) e 100m livre ( 1:22.05) .



O potiguar Clodoaldo já bateu tantos recordes em tão pouco tempo que agora ganhou um novo nome: Clodoaldo Recorde da Silva. É superando cada vez mais as barreiras do tempo que este brasileirinho se estabelece como o mais badalado tubarão paraolímpico das águas. Bateu duas vezes os recordes mundiais nos 50m e nos 100m e já foi detentor do título nos 200m. O atleta teve paralisia cerebral, por falta de oxigênio durante o parto, o que afetou os movimentos das pernas e trouxe uma pequena falta de coordenação motora. Conheceu a natação como processo de reabilitação, em 1996, mas foi convidado a levar o esporte em nível profissional, tal era o talento que ali começava a se revelar. Com um currículo invejável de medalhas, Clodoaldo encara com humildade cada título conquistado. Sempre de bom humor, o atleta, apelidado também de “Clodô”, é um fiel admirador da mãe, a batalhadora dona Maria das Neves da Silva. Um jovem irreverente e brincalhão, Clodô conquista facilmente a todos que estão ao seu redor. É um notável especialista nas provas dos 50m e 100m, mas também não deixa por menos nos 200m livre, 50m costas, 50m borboleta, 50m peito e 150m medley, prova em que é recordista parapan-americano. “Tenho batalhado bastante para transformar o ouro numa realidade em Atenas”, conta o atleta, que treina em média sete horas por dia.

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