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Conflitos na Bolívia atrasam retomada do projeto da UFN3

Correio do Estado - 19 de novembro de 2019 - 16:30

A onda de protestos na Bolívia trouxe impactos para empreendimentos de Mato Grosso do Sul. Entre as mudanças negativas, está o atraso no fechamento do contrato da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3) em Três Lagoas. A planta, que foi comprada pela russa Acron, tem como matéria-prima o gás natural boliviano e depende de acertos técnicos para que a comercialização com a Petrobras seja finalizada.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, o cronograma das tratativas da planta industrial já está prejudicado. “A nossa parte e a parte da prefeitura estão resolvidas, a questão é que eles têm que assinar com a Petrobras. Até o momento, eles [Acron] não assinaram com a Petrobras. Eles só podem assinar conosco quando a empresa for deles e isso ainda não ocorreu. Eu acho que agora atrasa um pouco essa negociação, porque eles vão ter que ficar de olho na questão da Bolívia. Essa questão atrasa o fechamento desse contrato da Petrobras com a Acron”.

Além de fornecer o gás natural (matéria-prima para o funcionamento da fábrica), a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) abocanhou fatia de 12% no negócio, com opção de ampliar a participação para 30%. O secretário disse que a empresa russa está preocupada com a instabilidade no país vizinho. “A Acron tinha esse pré-contrato de gás com preço fixado no fornecimento para 2023. Com essa mudança, você fica sem nenhuma referência de futuro. O presidente não vai ser o Evo Morales, pode ser alguém da direita ou da esquerda. Isso está fragilizando essa tomada de decisão. Lembrando que o gás é matéria-prima para a UFN3, porque ela pega o gás e separa a ureia, a amônia e o CO2. A UFN3 só funciona se tiver gás, então, durante a semana, a Acron se posicionou, [dizendo] que está preocupada com esse contrato em suspenso”, contextualizou Verruck.

UREIA

Outro empecilho causado pela onda de protestos que toma conta da Bolívia é o impedimento no fornecimento de ureia para o Brasil. O produto é matéria-prima para a fabricação de fertilizantes. Comunicado da Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB) informou aos clientes que a rodovia Bulo Bulo-Santa Cruz está bloqueada e por isso os caminhões não estão conseguindo entrar na fábrica para encher as carrocerias.

O titular da Semagro explica que, apesar do fim do fechamento da fronteira com a Bolívia, os veículos continuam sem passagem e alguns produtos seguem travados tanto para importação quanto para exportação. “Corumbá teve uma redução de 50% no comércio local e agora eles abriram a fronteira porque não tinha o que comer lá. Mas os caminhões ainda não passam, ainda não se minimizou a situação política. Houve o fechamento da ferrovia, portanto, isso está impedindo que a ureia chegue a Porto Suarez. Nós estamos com mais de 500 caminhões que haviam se deslocado para fazer o carregamento e estão parados. O borato também é um insumo que não está vindo. Por enquanto permanece o fornecimento de gás natural, mas o GLP também já está com problemas de vir para o Brasil. E os vergalhões de aço que vendemos para a Bolívia também não estão indo para lá, porque não conseguem passar a fronteira. O reflexo é a não disponibilidade do produto. Por exemplo, a ureia que o Brasil não produz, as empresas estão tendo que buscar outra alternativa em outros mercados. Mas a situação tende a se agravar com esses caminhões parados”, informou Jaime Verruck.

O governador Reinaldo Azambuja reiterou que há uma preocupação principalmente quanto ao fornecimento de ureia. “Conversei hoje de manhã com a Petrobras. A gente tem uma preocupação com a paralisação do fornecimento de ureia. Temos algumas indústrias de Mato Grosso do Sul que já utilizam essa matéria-prima. Eles [Petrobras] estão tranquilos, a gente espera que restabeleça a normalidade. A fornecedora de gás para o Estado é a Petrobras e, até o ano de 2020, são eles que garantem o fornecimento”, explicou.

Ainda conforme o secretário, a YPFB enviou aos compradores um comunicado informando que por motivos de força maior não fornecerá ureia. A comunicação foi feita para que a estatal não tenha nenhuma multa contratual. “Diante da situação de força maior e dada a incerteza de não saber quanto tempo mais se manterão essas medidas (bloqueios), a YPFB está avaliando alternativas para tornar viável o carregamento e a entrega dos fertilizantes, por isso apela à paciência e compreensão”, informou em nota a estatal.

PAÍS EM CRISE

A confusão tomou conta da Bolívia desde o polêmico resultado das eleições presidenciais que reelegeram o socialista Evo Morales. Diante de suspeita de fraude, grupos travaram as ruas exigindo segundo turno, o que aconteceu inclusive em Puerto Quijarro, perto de Corumbá. Uma equipe da Organização dos Estados Americanos (OEA) fez uma auditoria no pleito e encontrou uma série de irregularidades e inconsistências que acenderam ainda mais os indícios de trapaça. Morales e seus aliados deixaram o governo. Jeanine Áñez se autoproclamou presidente da Bolívia, e deve anunciar a convocação de novas eleições.

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