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Confira os Campeões da República

Lima Rodrigues/ABr - 17 de novembro de 2003 - 07:49

Os principais ciclistas do país participaram hoje da II Copa da República de Ciclismo, disputada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em um circuito de 40 quilômetros.

No masculino, num total de 16 voltas, a prova foi vencida pelo brasiliense Rodrigo de Melo Brito da Silva, o "Morcegão", que compete pela equipe da cidade de Santos, em São Paulo. No feminino, numa prova com 25 minutos de duração - mais uma volta – a vencedora foi Clemida Silva, que também compete pela cidade praiana. Na categoria masculina, o primeiro colocado recebeu R$ 3.000,00; o segundo lugar, R$ 2.000,00 e o terceiro colocado, R$ 1.000,00. No feminino, a vencedora da prova recebeu R$ 2.000,00; a segunda colocada R$ 1.000,00 e a terceira classificada R$ 500,00.

Torcida do "Morcego"

Numa manhã de sol, em Brasília, mais de mil pessoas compareceram à Esplanada para assistir à competição. Boa parte do público estava lá por um motivo especial. Com faixas e bandeiras, uma verdadeira torcida organizada foi formada para prestigiar o brasiliense “Morcegão”, de 26 anos, destaque do ciclismo nacional. No ano passado, no Rio de Janeiro, ele ganhou a I Copa da República de Ciclismo. Já venceu também a 8ª Etapa da Volta de Santa Catarina; o Grande Prêmio de 1° de Maio, em Indaiatuba (SP) e a Prova Interrnacional 9 de julho – Interlagos (SP), além de ter conquistado o segundo lugar dos 100 Km de Brasília.

Rodrigo de Melo Brito disse que treinou muito nos últimos meses para a prova de Brasília. Valeu a pena. Logo após a largada, ele se manteve entre os dez primeiros colocados, deixando para as últimas das 16 voltas na Esplanada dos Ministérios o arranque final. Na última volta, Morcegão chegou a atingir 71 quilômetros por hora. E isso, porque, segundo ele, o vento estava forte e atrapalhou um pouco. “Há muito eu queria ganhar uma corrida desse porte aqui em Brasília. Meus familiares, inclusive minha avó, minha mãe e minha esposa estão aqui me prestigiando. É legal esse apoio. E foi muito bom passar pelo circuito e ouvir o pessoal gritar meu nome”, disse “Morcegão”, lamentando que tenha que competir pela cidade de Santos porque “em Brasília ainda falta uma estrutura para o ciclismo, devido à falta de patrocinadores”. Segundo ele, a prefeitura de Santos valoriza bastante o esporte amador.

Ainda ofegante, logo após a conquista da II Copa da República de Ciclismo, “Morcegão” falou da emoção de ser bicampeão. “Ganhar é muito bom. Ser bi em casa é melhor ainda. Acho que nunca senti uma felicidade tão grande como estou sentindo agora. Eu vinha treinando muito forte e me concentrando bastante. É uma emoção indescritível”, afirmou.

O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, foi representado pelo secretário Nacional de Alto Rendimento, André Arantes, ex-triatleta. Disse que o ciclismo brasileiro tem evoluído muito, com condições de conquistar 56 medalhas nas diversas provas que serão disputadas nas Olimpíadas de Atenas na Grécia, em 2004. “O ciclismo vem num progressão já há alguns anos. Brasília merece um evento desse porque a cidade tem grandes ciclistas”, destacou Arantes.

Família veloz

A bicampeã da Copa da República de Ciclismo, Clemilda Silva, é de uma família de atletas. Tem 24 anos e compete há apenas dois anos e oito meses. A irmã dela, Janildes Fernandes, compete há mais tempo; já conquistou medalhas em competições no exterior. A última foi a medalha de Prata nos jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana. Janildes chegou hoje em segundo lugar na prova de Brasília. O irmão de Clemilda, Neilson Fernandes, compete há oito anos. Na prova disputada na Esplanada dos Ministérios, Neilson chegou em 21° lugar. Além disso, ela conta ainda com outros familiares disputando provas de ciclismo pelo Brasil afora. A prima ,Vênia Fernandes Souza, e as sobrinhas Sandra, de 12 anos e Márcia, de 11 anos.

Nascida em São Félix do Xingu, em Mato Grosso, Clemilda mudou-se para Goiânia ainda pequena. Se considera mais goiana do que mato-grossensse.

Além da I Copa da República de Ciclismo, que ela venceu no Rio de Janeiro no ano passado, Clemilda ganhou outras provas e foi convidada a competir na Itália. Lá, foi contratada por uma equipe profissional e já até conquistou o segundo lugar na Suiça numa competição da qual participaram as melhores ciclistas do mundo. Um detalhe: no mesmo dia que ela conquistou a prova na Suíça, a irmã, Janildes Fernandes, também fez bonito em Santo Domingo e conseguiu a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos. “Fico três meses no Brasil e o restante do ano na Itália. Lá agora está muito frio e eu aproveito para passar uma temporada no Brasil, mas sempre treinando muito”, explicou. Ela inclusive é a única brasileira, até o momento, classificada para os Olimpíadas de Atenas, em 2004.

Com apenas o segundo grau completo, Clemilda sonha, um dia, se formar em Educação Física. Por enquanto, por causa das competições, ela não pode tentar entrar numa faculdade. “O ciclismo tem um tempo curto. O estudo eu posso concluir depois”, frisou.

Como se fosse um maestro olhando para os instrumentos de uma orquestra com um enorme carinho, Clemilda olha para biclieta de ponta italiana fabricada com fibra de carbono, como se quisesse dizer: “Com essa bike eu vou longe”. Nem precisa dizer. Ela já foi longe demais. De família pobre de Mato Grosso, dos doze filhos de “Seu” Geraldo e de dona Maria Fernandes, seus pais, Clemilda também segue os passos, ou melhor, os pedais da irmã Janildes – que mora na Europa há mais tempo – e segue pelo mundo para mostrar aos estrangeiros que o Brasil não é bom só no futebol, mas também no ciclismo.

Clemilda treina uma média de cinco horas por dia. Em janeiro, ela vai disputar a Copa América em São Paulo e é uma das favoritas. Em relação às Olimpíadas de Atenas, ela diz que a expectativa é muito grande e lembra que ainda está se preparando para a Grécia. “No primeiro semestre de 2004 vou participar, na Itália, da primeira etapa da Copa do Mundo com as minhas principais concorrentes que estarão nas Olimpíadas. Vou me preparar na Europa para levar o nome do Brasil para frente. Se todos pensassem assim, o ciclismo seria mais valorizado no país”, disse Clemilda.


Brasil em duas rodas

O coordenador-geral da II Copa de Ciclismo, Thadeus Kassabian, disse que “este tipo de competição segue o mesmo modelo dos eventos em percurso curto e de alta perfomance”. Segundo ele, “reunindo apenas federados, a prova possibilita um elevado nível técnico bem como o surgimento de novos atletas para a modalidade”.

Kassabian classificou o local da prova – a Esplanada dos Ministérios – como “um cenário maravilhoso”, ressaltando que essa foi uma das melhores provas de ciclismo já promovidas no Brasil. Destacou, ainda, a presença de um bom público na Esplanada dos Ministérios.

Segundo ele, as próximas competições de ciclismo serão realizadas em São Paulo. “De 11 a 18 de janeiro do próximo ano a Copa América e a Volta do Estado de São Paulo, que é um evento inédito no país: uma prova de 1.200 quilômetros para equipes de ponta”, informou.

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