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Geral

Confira o Café com o Presidente

22 de março de 2004 - 08:11

Confira o que disse o presidente Lula, hoje, no programa Café com o Presidente:

Jornalista: Alô amigos de todo o Brasil, eu sou Luiz Fara Monteiro. Estamos com mais uma edição do “Café com o Presidente”, o programa de rádio em que o presidente Lula conversa com você. Tudo bem, presidente?

Presidente: Tudo bem, Luiz.

Jornalista: Presidente, vamos falar de recursos de fundo para o Nordeste. É sabido que no passado os bancos tinham dificuldades de fazer esse dinheiro chegar às mãos da população. O Banco do Nordeste está disponibilizando R$ 3 bilhões para financiar o desenvolvimento da região. É isso? Começa a mudança para a aplicação desse dinheiro, para esse dinheiro chegar realmente às mãos do povo?

Presidente: Essa mudança já começou no ano passado. Eu lancei na semana passada, na cidade de Fortaleza (CE), o programa “Cresce Nordeste” e esse programa vai utilizar R$ 3 bilhões do Fundo Constitucional, que foi um Fundo que nós criamos na Constituição de 1988 para desenvolver o Nordeste brasileiro. Mas que como os outros fundos para o Nordeste, muitas vezes, não era um fundo para ajudar as pessoas que realmente precisavam. Com um agravante: as pessoas não pagavam, 46% das pessoas que pegavam dinheiro no banco não pagavam e muitas vezes o banco não cobravam.

Eu estive no Banco do Nordeste, no ano passado, e o presidente do Banco do Nordeste me disse que tinha empréstimo que não tinha assinatura de quem tomou o empréstimo. Portanto, você não podia cobrar porque não tinha prova. Nós trabalhamos muito duro, moralizamos esse banco, contratamos mais gente, montamos mais agências e agora colocamos R$ 3 bilhões para o desenvolvimento do Nordeste, sobretudo, para a gente ajudar o grande empresário, o pequeno, o médio empresário e o micro empresário das mais diferentes atividades econômicas. Só para se ter uma idéia do que nós fizemos em 2003, nós emprestamos já R$ 1 bilhão. Foi o maior volume emprestado pelo Banco do Nordeste nos últimos 10 anos. Em 2002, só tinham sido emprestados R$ 254 milhões. Portanto, no primeiro ano nós investimos quatro vezes mais do que eles investiram em 2002. E agora, com esses R$ 3 bilhões, nós queremos fazer com que o Banco do Nordeste cumpra com sua finalidade. Ou seja, ajudar o desenvolvimento do Nordeste brasileiro. Nós vamos financiar pequenos e médios empreendimentos como agricultura, artesanato, floricultura, aqüicultura, apicultura, comércio e serviços, fruticultura, turismo, entre outras atividades que nós vamos financiar. E o que é importante que o meu caro amigo e minha amiga ouvinte nordestino perceba é o seguinte: os juros serão mais baixos, em torno de 6% ao ano e o prazo para pagamento mais longo, até 12 anos, com carência de quatro anos.

Aliás, eu acho importante lembrar que no ano de 2003 nós fizemos com o sistema financeiro o que nunca tinha sido feito na história desse país. O Banco do Brasil emprestou muito mais dinheiro para o microcrédito. Só para se ter idéia, o Banco do Brasil saiu de R$ 8 bilhões de empréstimo, em 2002, para R$ 13 bilhões em 2003. Para 2004, nós temos R$ 18 bilhões para emprestar para o microcrédito. A Caixa Econômica criou o “Caixa Aqui”e nós conseguimos incluir, em um ano, mais de um milhão de novos correntistas, pessoas pobres que nunca podiam entrar num banco e agora entram e abrem a sua conta. E mais ainda. Fizemos acordo com o movimento sindical e estamos emprestando dinheiro para o trabalhador a juros mais baratos do que os do cartão de crédito, do que os do cheque especial, para desconto em folha de pagamento.

Ou seja, o que nós estamos fazendo, na verdade, é colocando o sistema financeiro, sobretudo, através dos bancos públicos brasileiros, a serviço da sociedade brasileira, a serviço do crescimento econômico, a serviço de novas linhas de crédito. Eu estou tranqüilo que nós fizemos com o dinheiro público para investimentos mais do que tinha sido feito nos últimos dez anos no nosso Brasil.

Jornalista: Existe então uma democratização não só do acesso bancário como também do crédito. É importante para a população, presidente, é importante para o cidadão, principalmente aquele de mais baixa renda, ter acesso ao banco, ter acesso aos serviços bancários, é essa a idéia do governo?

Presidente: Eu vou dar o depoimento de uma mulher que foi a pessoa que abriu a conta número 500 mil na Caixa Econômica. Uma catadora de papel de São Paulo*. Ela me abraçou chorando no dia do lançamento. Eu fui na assinatura e ela disse assim: presidente, pela primeira vez eu me sinto cidadã. Eu me sinto importante porque eu nunca tinha podido entrar dentro de um banco, porque eu não andava bem vestida, porque eu andava com roupa comum, às vezes eu tinha dificuldade. Agora eu sou tratada como gente. Eu tenho a minha conta, eu deposito o meu dinheiro e entro lá de peito aberto e de cabeça erguida. Um depoimento como esse vale mais do que qualquer coisa. Porque significa que as pessoas estão conquistando espaço político, o seu espaço de cidadania, estão sendo tratadas com respeito.

Eu vou dar o depoimento do presidente de um banco importante no Brasil, banco público. Quando nós assinamos o Pronaf, em 2003, e começou a demorar para sair dinheiro, eu fui cobrar dele e ele me disse: “Presidente, desculpa, mas tem muitos gerentes nossos que não estão mais habituados a lidar com os pequenos, sabe? Foram educados para tratar apenas com os grandes”. Então, essa mudança de comportamento de colocar os bancos públicos a serviço da sociedade e dentro da sociedade, de facilitar para que os pequenos empreendimentos tenham acesso, é a nossa meta e nós vamos conseguir isso tranqüilamente, e a cada ano que passa, crescer muito mais.

Jornalista: Obrigado, presidente, e até o nosso próximo encontro.

Presidente: Obrigado a você, Luiz, e até o próximo programa. Baixa Alta

* A dona da conta de número 500 mil da Caixa é a agricultora aposentada Maria das Neves Mendes da Silva, que mora em Brasília, e não a catadora de papel Neuza Magalhães, de 42 anos, como citou o presidente Lula. Neuza é, sim, dona da conta 500.001.

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