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Compras: Educação aos filhos, deve começar cedo

Agência Brasil - 26 de dezembro de 2004 - 09:42

Os pais devem educar os filhos desde cedo para evitar a compulsão pelas compras. A afirmação foi feita pelo psiquiatra Hermano Tavares, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia. Fundador do núcleo que estuda as doenças do consumo, no Hospital da Clínicas de São Paulo, Tavares concorda que o problema se torna evidente no final do ano – época das festas natalinas.

"Sem dúvida porque, no final do ano, as pessoas que tem esse tipo de compulsão ficam particularmente vulneráveis, com esse apelo ao consumo que existe na época de Natal", disse ele.

No caso dos adolescentes,Tavares afirma que as pessoas nessa etapa da vida são, por natureza, mais impulsivas. O psiquiatra lembra que nos últimos dez anos houve uma reorientação do comércio para esse público consumidor. Tavares observa que existem muito mais ofertas de consumo e as campanhas publicitárias são voltadas para esse grupo, que tem uma certa avidez natural por experimentar coisas novas e, portanto, podem ser excelentes consumidores.

O psiquiatra enfatizou que o consumo sem controle é evidenciado por um preocupação excessiva com a questão de compra, pois o ato adquire prioridade sobre os outros comportamentos do indivíduo. "A pessoa deixa de viajar, usar seu dinheiro para outras coisas, eventualmente, até mais importantes, porque ela precisa comprar, pagar prestações e dívidas contraídas pelo ato do consumismo", argumentou.

A outra marca característica, segundo ele, é o endividamento, pelo excesso de compras, e o sofrimento psicológico, não somente financeiro, que advém pela perda de controle sobre esse tipo de comportamento, pois comprar termina sendo mais do que simplesmente um prazer.

Hermano Tavares destacou que o problema independe de classe social. Para ele, o comprar compulsivo e as compulsões, em geral, químicas ou não químicas, são relativamente democráticas. Para ele, "atingem todas as classes sociais e todas as faixas etárias".

Por outro lado, o comportamento varia de acordo com o poder aquisitivo e as possibilidades de cada um. "Então, uma pessoa de baixa renda pode dar vazão, em uma loja de R$ 1,99, e uma pessoa da elite pode comprar numa dessas butiques caras que existem para servir à alta sociedade. Independentemente do valor consumido, a perda de controle do comportamento é
que vai caracterizar a compulsão", explicou.

O psiquiatra disse que é preciso evitar também a compensação para os filhos, pois muitas vezes os pais que trabalham fora tentam compensar a ausência com presentes e outros agrados. Ele acredita que a questão do sentimento de culpa é muitoimportante e deve ser observada porque é um fato da sociedade moderna, em que as pessoas, com medo de perder o emprego, terminam se sobrecarregando, com muitas horas extras e termina ausente da vida familiar.

"Nem precisa discutir se, de fato, vale a pena passar tantas horas extras no trabalho, para aumentar o salário, para depois comprar os brinquedos e pagar uma babá para ficar aquelas horas extras que você não pode ficar por estar trabalhando", explicou o médido. Ele recomenta que se racionalize um pouco o cotidiano e se tente privilegiar a convivência familiar, já que mais horas passadas junto aos filhos podem sacrificar o ganho financeiro, mas permitem economizar em termos de tratamento médico, saúde mental e harmonia familiar.

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