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Como lidar com as crianças no divórcio
Quem está passando pela separação: Lembre-se, filhos querem ver mães e pais satisfeitos, felizes. Se forem juntos: que maravilha, se separados, bola para frente. Um novo processo será percorrido, até a adaptação da nova realidade. Assim como tudo o que é novo em nossas vidas. Acho que é bacana a criança saber que batalhamos pela nossa felicidade – ela não cai do céu, não vem do outro! E saber também que todo mundo merece uma segunda chance para ser feliz, inclusive a mamãe e o papai!
A separação, por mais amigável e madura que seja, é sempre um processo de luto, tanto para os adultos como para as crianças. E, como todo luto, envolve dor e precisa de tempo para ser elaborada.
Ressalto que para cada faixa etária há pontos mais críticos para lidar com o assunto. Quanto maior a criança espera-se um maior recurso psíquico para lidar com a perda. Alguns sintomas comuns: alterações de apetite, no sono, maior irritabilidade, agressividade, inibições no comportamento, isolamento. É importante também avisar a escola sobre o que está acontecendo e para que vocês possam contar com uma rede adicional para detectar esses sintomas.
Seguem algumas dicas para facilitar esse processo:
Converse: Tentar criar e manter um canal para que a criança expresse o que sente, sem pressionar uma positividade forçada. Raíva, tristeza são esperadas, se vc puder escutar isso sem se angustiar muito, melhor! Dor e sofrimento fazem parte da vida, apesar da gente querer protegê-los de tudo, a vida não é assim!
Menos ódio: Quanto menor a dinâmica de ódio na cabecinha da criança, mais fácil será! Afinal aquele serzinho ama e muito os dois. Preservar a figura paterna ou materna, evitar a alienação parental, o que é inclusive considerado crime, galera! Não usem a criança como pombo correio, conversem entre si. Mesmo que o divórcio não seja amigável, vcs vão precisar ao menos se tolerar.
Manter a rotina com ambas as famílias: Tentar, na medida do possível, fazer com que a criança não perca o convivio com os primos, avós e tios dos dois lados. Manter a rotina parecida com a vida de antes ajuda a sentir que ela continua pertecendo àquele grupo e é amada por ele.
A culpa não é dela: Comunicar às crianças que na separação não há culpa alguma dela, que é uma questão só do casal. Pode parecer óbvio, mas muitas crianças carregam esse peso da culpa. Por isso a importância de comunicar isso.
Para as crianças maiores, se fizer parte da realidade economica da família, o uso do celular facilita o dia a dia da comunicação com os pais.
Para crianças pequenas não há necessidade de muitas informações, elas não conseguem reter tudo, mas a regularidade das visitas ajuda muito organizar sua cabecinha. É esperado e normal que regridam um pouco, voltando por exemplo, a usar fraldas, chupeta, etc…
Jogue aberto, mas com cuidado de não ferir a criança por uma questão que não é dela. Falar que o relacionamento deu certo sim, só que durou “x” anos ajuda também. Geralmente a família precisa de um novo balanço até economico, a criança saber disso não é ruim. Mas não deixe a sentir um peso.
Garanta que você vai estar lá para sempre, elogie a criança quando possível. Dê ainda mais carinho.Tolere algumas atitudes que não eram dela, conte que você sabe que vai passar!
Já tive potenciais pacientes que vieram procurar terapia para os filhos,apenas por que se separam, mas as crianças pareciam bem saudáveis, não fazia o menor sentido… Não é porque houve uma separação que existe a necessidade de terapia, deve-se estar atento para os sintomas.