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Com renda baixa, caminhoneiro adia troca de pneus e IPVA

Fernanda Mathias e Leandro Calixto - Campo Grande News - 11 de março de 2006 - 13:58

Há três anos sem poder pegar férias e em débito com as três parcelas do IPVA (Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor), o caminhoneiro Elias José de Melo, 44 anos, reflete a realidade do profissional do transporte de cargas, que nos últimos anos assistiu à uma queda brusca em seu padrão de vida.

Proprietário de um caminhão Mercedes Benz, ano 1997, há cinco anos Elias transporta carne. Segundo ele, com o aumento de custos (pedágio, óleo diesel, pneus) seu faturamento líquido caiu em 30% nos últimos dois anos. Além disso, ele afirma que as estradas mal conservadas danificam muito o caminhão.

Elias afirma que a manutenção de rolamento, faixa de freios e troca de óleo teve de fazer “se não o caminhão não anda”, mas admite que a manutenção não foi feita integralmente, como gostaria. “Queria trocar esses pneus, fazer uma pintura”, diz. Outro reflexo da perda de renda é que os assessórios, de gosto dos caminhoneiros, estão praticamente desaparecendo dos caminhões. No entendimento do caminhoneiro, o valor do óleo diesel deveria ser reajustado para baixo, uma vez que o câmbio está desvalorizado.

Casado, com um filho de dois anos e outro de seis, ele diz que tem dificuldades em honrar os compromissos. “Não consigo dar uma vida legal para minha família, meu padrão de vida caiu consideravelmente. Não sei o que é férias há três anos e sempre tirei férias no fim de ano. Como vou levar meu filho para passear no Shopping se não tenho dinheiro para comprar o que ele quer”, reclama. Neste começo de ano, o caminhoneiro priorizou o seguro e está em dívida com o IPVA, que soma R$ 1,6 mil.

Para quem tem frotas de caminhões a situação não é mais confortável. O empresário
Ângelo Antônio Makun, 45 anos, tem 24 veículos usados para transporte de soja, óleo e farelo. Ele diz que no último ano a queda de faturamento foi de 30% e que os ganhos acabam se revertendo aos próprios custos de manutenção e impostos. “Estamos empatando, na verdade trabalhamos por amor”, conclui, completando que “quem dizer que está lucrando com transporte no Brasil não sabe fazer contas”.

Há 17 anos Ângelo se lançou nas estradas e há 12 tem a própria empresa de transporte de cargas. Ele admite que o problema de má qualidade de veículos nas estradas é latente. “Existem muitas carretas sem a manutenção mínima”, diz. Mas assegura que, mesmo perdendo na renda, fez a manutenção de sua frota. Para Ângelo os vilões que “engolem” a renda do caminhoneiro são o alto preço do diesel, dos pneus e principalmente os pedágios.

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