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Geral

Com custo alto, emissão de CNH tem queda de 22% em MS

Correio do Estado - 18 de maio de 2019 - 18:30

A quantidade de emissões da primeira Carteira de Habilitação caiu 22,36% em Mato Grosso do Sul, nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2016. O levantamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS), feito a pedido do Correio do Estado, apontou que as novas Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) passaram de 10.318 para 8.010.

A queda vem sendo registrada há quatro anos e, para representantes do Detran, comprova a dificuldade financeira das pessoas. Para tirar uma CNH, o condutor gasta, em média, R$ 2,5 mil, e tem um ano para concluir todo o processo.
Após ser demitida, em setembro do ano passado, Camila Monteiro, 18 anos, decidiu usar o que recebeu na rescisão para fazer a CNH.

Mas oito meses depois ela ainda não conseguiu finalizar o processo e enquanto isso adia os planos de se tornar motorista de aplicativo. “Foi a alternativa que pensei depois que fiquei desempregada. Achei que seria mais rápido conseguir a habilitação, mas reprovei no exame psicotécnico e agora está demorando para terminar o processo”, explicou .

Também com dificuldades financeiras, o agente de saneamento Jonatas de Paula, 21 anos, tenta incluir a categoria A - para conduzir moto - e assim deixar de andar de carro, por conta dos gastos. “Carro é mais caro, pra manter, abastecer. Como quero reduzir custos, vou ter que andar de moto mesmo”, diz.

O instrutor de auto-escola Jefferson Matos, 27 anos, observa que atualmente a maioria das pessoas que querem fazer a CNH é para poder exercer atividade remunerada como motorista. “A pessoa que não tem faz para isso, e as que tem, apenas para moto querem incluir carro para dirigir os aplicativos. Isso de dois anos prá cá, aumentou muito. Além disso, é um facilitador para que se consiga emprego, qualquer lugar pede que a pessoa tenha CNH”.

Na prática, a emissão de pedidos para quem vai fazer o documento pela primeira vez diminuiu a partir de 2016. A maior queda foi em 2017, quando passou para 8.005, no ano seguinte aumentou um pouco para 8.640 no período. Mas, em 2019 voltou a ter queda, com registro de 8.010 nos quatro primeiros meses do ano. Enquanto isso, no mês de maio a redução também se confirma, passando de 2.325, em 2016, para 2.251 no ano passado. Este ano, até o dia 14 de maio foram apenas 590 novas CNH, no caso de primeira habilitação.

O chefe de divisão de exames de habilitação do Departamento, Marcelo de Moraes Vaz, explica que paralelamente a queda da primeira habilitação, a quantidade geral de emissões referente a CNH- que incluem renovação e mudança de categoria, por exemplo - aumentou, passando de 254.531, em 2016, para 267.190, em 2018.

Este ano foram 94.942 até o dia 14 de maio. “Na minha observação, o aumento geral ocorreu porque as pessoas que não dirigiam passaram a ter interesse justamente por conta dos aplicativos de carona e viram uma possibilidade de emprego. E outra situação é relativa a idosos, que caso comprovada a incapacidade de dirigir, podem adquirir veículo com isenção fiscal”, explicou Vaz.

IRREGULAR

Dirigir sem CNH não é crime, mas caso o condutor cause danos o crime fica congurado e ele pode ser preso. Dados do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran) revelam que a cada ano aumenta a quantidade de pessoas flagradas em blitze sem habilitação.

Em 2017, foram 3.151 casos, já no ano passado foram 3.508. A tenente Zélia da Conceição, do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran), explicou que entre janeiro e abril deste ano foram 996 notificações de condutores que não possuem autorização para dirigir.

“Quando encontramos um condutor sem habilitação ele é notificado e o proprietário do veículo também. O veículo só é apreendido quando não há uma pessoa habilitada para conduzi-lo. Mas se essa pessoa sem CNH provocar ou se envolver em acidente ela pode ser presa”, explica.

A policial militar de trânsito disse ainda que nas abordagens, as pessoas que não tem habilitação justificam a situação com a falta de dinheiro. “É comum, sempre ouvirmos de quem dirige sem CNH que não fez porque ganha salário mímino e o documento custa mais de R$ 2 mil. Sabemos que são 13 milhões de desempregados, mas não justifica. Pois sem a habilitação é muito grande o risco de acidente e até de provocar a morte de alguém ou de si próprio”, afirmou a tenente.

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