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Com aumento no Pantanal, focos de incêndio têm recorde em MS

Correio do Estado - 05 de novembro de 2019 - 17:00

Este ano, Mato Grosso do Sul registrou aumento considerável no número de focos de incêndio, a maior quantidade dos últimos cinco anos – desde 2015. Até domingo (3), o Estado teve 10.645 focos, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e mais da metade (5.698) era em Corumbá – a 417 km de Campo Grande.

A quantidade chega a ser quase 500% maior do que o registrado no ano passado, quando foram 2.134 focos de 1° de janeiro até o dia 3 de novembro.

De acordo com o superintendente regional do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) em Mato Grosso do Sul, Luiz Carlos Marchetti, esse aumento está justamente relacionado com a queda de focos dos últimos anos. “Os dois últimos anos tinham registrado as menores quantidade de focos, por isso mais que dobrou agora. Nos últimos dois anos, o índice pluviométrico foi alto, não teve queimada, o que aumentou a massa de combustível. Então, este ano, com tempo seco, inverno seco e calor, com essa massa de dois anos sem queimar, virou esse incêndio, foi fora da curva”.

No ranking do Inpe que lista os municípios com maior número de focos de incêndio nos primeiros três dias dos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro, quatro cidades de Mato Grosso do Sul estão entre as cinco primeiras.

Corumbá (1ª), Aquidauana (3ª), Miranda (4ª) e Porto Murtinho (5ª) são as cidades que formam o território do Pantanal no Estado e são justamente os municípios onde mais ocorreram queimadas no País. Apenas no domingo (3), conforme o Inpe, havia 161 focos no Estado, e 76 eram em Corumbá, 42 em Aquidauana, 31 em Miranda e os outros 12 focos tinham localização.

ALERTA

A queimada que atinge a região do Pantanal de Mato Grosso do Sul já devastou uma área de 122 mil hectares, conforme dados do Corpo de Bombeiros. O fogo é combatido com o apoio de quase 150 homens, e a partir de hoje está previsto o reforço de mais 35 bombeiros de Brasília (DF).

Outra equipe de quatro bombeiros de Mato Grosso do Sul também foi deslocada ontem para a região que queima há mais de dez dias. No local estão 146 pessoas, entre bombeiros do Estado e dois do Distrito Federal, brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Exército Brasileiro, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e funcionários de fazendas da região.

Três aviões Air Tractor, que comportam mais de 3 mil litros de água cada, atuam no controle da queimada, um do Distrito Federal e dois do ICMBio, além de três helicópteros – dois da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e um da PRF que fazem o monitoramento das áreas em chamas. Mais três caminhões-pipa, um cisterna e um tanque dão apoio à operação, montada na fazenda BR-PEC.

O Air Tractor dos bombeiros de Mato Grosso, que ajudou no começo da operação, voltou ao estado vizinho no domingo (3), para manutenção, em razão de as horas de voos terem chegado ao limite permitido.

Apesar do aparato, a queimada segue avançando, por se tratar de uma região de difícil acesso. Na semana passada, a primeira estimativa dos bombeiros apontava que a área queimada chegava a 55 mil hectares, mas em poucos dias a região em chamas mais que dobrou.

O incêndio ocorre próximo a áreas de preservação entre Corumbá e Miranda, conhecidas como Buraco das Piranhas, a região do Passo do Lontra e a Fundação Bradesco. No fim de semana, o comandante do Corpo de Bombeiros do Estado, coronel Joilson Alves do Amaral, e o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, sobrevoaram a região. Ontem, o grupo que atua na área fez uma reunião para definir a estratégia de combate para os próximos dias.

Os bombeiros do Distrito Federal já estiveram no Estado este ano para combater focos de incêndio na região. O fogo devastou cerca de 2,5 milhões de hectares do Pantanal. O grupo de Brasília atuou durante onze dias nas queimadas no local.

PRIMAVERA SEM CHUVA INTENSIFICA PROBLEMA

A primavera em Mato Grosso do Sul, que começou no dia 23 de setembro, costuma ser quente e chuvosa, mas já se passou mais de um mês e o sul-mato-grossense enfrenta período atípico em relação aos últimos anos dentro da estação, apenas com o registro de altas temperaturas, que chegam aos 40ºC, e sem chuvas.

Isso porque nos meses de setembro e outubro tiveram chuvas muito abaixo da média histórica. Somando esse fator à presença de massas de ar seco, que aumentaram as temperaturas, os canais de umidade ainda não se fortaleceram como nos anos anteriores, segundo a meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), Franciane Rodrigues. “As chuvas que têm acontecido no Estado são isoladas e pouco acumulativas”, disse.

O Pantanal, na região de Corumbá, sofre com as queimadas nos últimos dias e a falta de chuva contribui para a situação não se resolver. De acordo com a especialista, os acumulados não são suficientes para reduzir os incêndios florestais, mas a situação deve mudar nos próximos dias.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), amanhã deve chover forte nas regiões leste e sul do Estado e na quinta-feira (7) há possibilidade de chuva forte em vários pontos de MS.

Quebrando o ciclo de chuvas isoladas, elas poderão se tornar mais frequentes e regulares nos próximos 16 dias, ocorrendo a regularização pluviométrica em todo Mato Grosso do Sul.

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