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Com apenas 5% de consumo interno, 34 frigoríficos param

Fernanda Mathias / Campo Grande News - 18 de outubro de 2005 - 12:47

Com um consumo interno de apenas 5% da produção total de carne – de 1 milhão de toneladas ao ano, cerca de 84 mil toneladas mensais – os 34 frigoríficos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) em Mato Grosso do Sul estão com atividades totalmente paralisadas ou abatendo somente os bovinos comprados antes da confirmação do foco de febre aftosa, em 8 de outubro, na fazenda Vezozzo, em Eldorado.

A informação é do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho Neto, segundo o qual alguns frigoríficos que adquiriram bovinos antes da confirmação do foco já acertaram com seus clientes para que ao abate seja feito somente após a liberação da entrada de carne em outros Estados.

A carne desossada e processada, com exceção da procedente das cidades interditadas, deve entrar nos Estados que impuseram barreiras sanitárias a Mato Grosso do Sul, conforme ficou decidido em reunião ocorrida na última sexta-feira no Mapa (Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária). Porém, a medida ainda não foi colocada em prática e ontem mesmo caminhões com carne de Mato Grosso do Sul tiveram que voltar para trás na divisa com São Paulo.

Laucídio acredita que dentro de duas semanas de 60% a 70% da produção normal de carne do Estado, que abate por ano 3,7 milhões de bovinos, possa ser retomada, mas para que os abates sejam normalizados 100% a previsão é menos otimista: seis meses. Esse é o prazo, a contar do abate dos últimos animais infectados para que a OIE (Organização Internacional de Epizootias) reconheça o status de zona livre de febre aftosa com vacinação, perdido após a confirmação deste último foco. Outros três focos foram confirmados, um deles também em Eldorado e outros dois em Japorã.

Abatidos antes do foco por uma forte crise de preços, até 20% menores que os do mesmo período do ano passado, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), muitos produtores chegaram ao desespero, conforme Laucídio Coelho.

Ontem foi realizada reunião-jantar na Acrissul para discutir a questão da febre aftosa e Laucídio conta que recebeu vários apelos de produtores. A situação para os 18 frigoríficos exportadores é ainda mais grave. Dentre os que suspenderam os abates está o Bom Charque de Iguatemi, empresa que está entre as 10 maiores exportadoras de Mato Grosso do Sul, que concedeu férias coletivas a mais de mil funcionários. Nos municípios do Conesul interditados por conta do foco, três frigoríficos estão com abates suspensos, como o frigorífico Boifran, de Eldorado. Desde o começo da semana não há abates. A empresa tem cerca de 500 funcionários parados à espera de uma mudança no cenário.

Os funcionários das empresas temem o desemprego e o comprometimento da atividade prejudica fortemente os municípios, cuja dependência da pecuária é muito alta. O trânsito de animais em pé, produtos e subprodutos de bovinos está suspenso em Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã e Mundo Novo. Os prefeitos destas cidades estão hoje em Campo Grande, onde pedem socorro ao governo.

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