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CNA cobra medidas para amenizar crise no setor rural

Agrolink - 24 de março de 2005 - 10:35

Diante da crise de renda que afeta atualmente o setor agropecuário, torna-se urgente prorrogar as parcelas que vencem este ano das linhas de crédito para investimento de forma ágil e desburocratizada, assim como das parcelas dos programas de securitização, Pesa (Programa Especial de Saneamento de Ativos) e do Recoop (Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária).

O alerta foi dado por Carlos Sperotto, vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ao participar de audiência pública nesta quarta-feira (23-03) na Câmara dos Deputados. A audiência foi convocada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara para tratar da crise de renda da atividade agropecuária.

Sperotto destacou que os custos de produção subiram, os preços das commodities caíram e, além disso, o produtor de vários pontos do País está enfrentando quebra de safra. Essa combinação, disse o vice-presidente da CNA, compromete a capacidade de pagamento do produtor, que precisa de maior prazo para quitar operações de crédito rural, caso contrário terá de reduzir os investimentos na lavoura. “O Palocci (Antônio Palocci, ministro da Fazenda) vai se ressentir da queda na contribuição que o setor agrícola vai dar à economia do País”, afirmou Sperotto, alertando sobre a crise que enfrenta a atividade rural.

Segundo afirmou o dirigente da CNA, uma queda ainda mais brutal dos resultados da atividade agropecuária depende agora de ações como a de prorrogação no prazo de pagamento de operações de crédito agrícola que vencem este ano. A CNA defendeu também a redução dos encargos financeiros do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) para 8,75% ao ano e permissão para a importação direta pelos produtores de agroquímicos do Mercosul, pois teriam preços mais baixos.

Aos parlamentares, o dirigente da CNA apresentou planilhas com números que comprovam a crise do setor rural. A colheita de grãos da safra 2004/2005, inicialmente estimada em 131,9 milhões de toneladas; deverá atingir apenas 119,5 milhões de toneladas. A queda é de 9% na colheita, fruto principalmente da estiagem que atingiu o Sul e o Sudeste do Brasil. A safra no Rio Grande do Sul, inicialmente estimada em 19,2 milhões de toneladas, atingirá no máximo 11,6 milhões de toneladas de arroz, feijão, milho, soja e trigo. É uma queda de 39%.

Ao mesmo tempo em que há perdas em volumes, caem também os preços pagos aos produtores. A saca com 50 quilos de arroz era negociada a R$ 32,82 em março do ano passado no Rio Grande do Sul, mas este ano está rendendo apenas R$ 25,50 ao produtor, o que representa redução de 22,3%. Em Mato Grosso, a saca de 60 quilos de soja era negociada por R$ 39,45 em março do ano passado, mas hoje vale apenas R$ 27,59, queda de 30,1%.

A queda dos preços agrícolas reduz o poder de compra do produtor. Atualmente, é necessário vender 55,75 sacas de milho para comprar uma tonelada de adubo. Em 2002, com 38,10 sacas de milho era possível comprar uma tonelada de adubo. Para um produtor de trigo, hoje é necessário vender 11,6 mil sacas do grão para comprar uma colheitadeira, enquanto que em 2002 a mesma operação se tornava possível com a venda de 6,5 mil sacas de trigo. Sperotto destacou também que atualmente a atividade agropecuária apresenta inadimplência de 0,56% nas operações de crédito rural, frente 28%, há dez anos. “O setor ainda está saudável, mas precisamos adotar ações preventivas para evitar o retorno da crise que já vivemos no passado”, disse Sperotto.

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