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Cliente nunca tem razão, mas loja vive cheia na Capital

Campo Grande News/ Ângela Kempfer - 31 de agosto de 2011 - 09:40

Entre o burburinho de uma pequena multidão de mulheres, muitas com crianças no colo, o destaque de loja de roupas na avenida Calógeras é a proprietária, uma pessoa que de tão sincera mais parece uma personagem de novela.

A empresária Magda Murad não para de gritar e é sempre muito direta. Loja cheia, ao contrário do que parece, para ela é “um tormento”. “Vender para pobre é complicado, eles acham que R$ 10,00 é dinheiro”, reclama aos berros sem o menor constrangimento diante das clientes.

Ao conversar com ela a impressão é de que na loja, localizada entre a Barão do Rio Branco e Dom Aquino, cliente nunca tem razão e é um incomodo, uma antítese ao que prega todo marqueteiro famoso. “Estou já há quinze anos aqui me degradando”, comenta, lembrando que o pai tinha loja há 40 anos na Calógeras. “Mas era granfa. Depois quebrou e morreu”, diz.

A “turca”, como é chamada pelas clientes, tem planos para daqui dois anos. “Vou vender a loja e mudar para São Paulo, morar com minha filha que casou”, solta a gargalhada. “Cansei de tanta tormenta”, explica.

Na fila, as consumidoras já não se assustam com as ofensas, só dão risada, cheias de peças nos braços. E a mulher continua: “No Natal, me chamaram de p...”, protesta.

As vendedoras, com ar de assustadas, andam de um lado para o outro, sempre com os olhos arregalados. “Tem sempre alguém roubando”, justifica Dona Magda.

Para evitar o prejuízo, também há seguranças. São homens fortes, com cara fechada, em locais estratégicos e sobre patamares para ver tudo por cima.

A irmã também ajuda nas vendas e é ainda mais pitoresca. Ao se irritar com o falatório da mulherada avisa em tom áspero: “O santo vai azedar, a ciganona vai baixar aqui, porque hoje o sangue tá pesado”, avisa, também gritando.

Depois, ela mira em uma mulher e apontando para sacolinha que a cliente tem na mão faz o lembrete: “Você sabe que tem de pagar isso, né?!”

A consumidora vai para fila e ouve outra bronca, agora da Dona Magda, que fica o tempo todo no caixa. “Ei, fica quieta aí na fila porque você tá dando muito trabalho hoje. Tá bem doidona hoje”.

Constrangida, a cliente diz bem baixinho: “Eu só queria pagar”.

Sobre o motivo de loja sempre cheia, apesar dos pesares, a proprietária ensina: “Nosso lucro em cima das mercadorias é pequeno e por isso garantimos um preço bom e nosso cliente”.

Depois de tantos berros e desabafos, dona Magda abre o sorrisão para a equipe do Lado B e diz tchau, com direito a beijo jogado.

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