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Cientistas defendem uso de células de embriões

Agência Senado - 03 de junho de 2004 - 10:06

A utilização para finalidades terapêuticas de células tronco obtidas a partir de embriões congelados em clínicas de fertilização foi defendida por cientistas, nesta quarta-feira (2), durante audiência pública conjunta das Comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Educação (CE), convocada para debater o projeto da nova Lei de Biossegurança.

Muitos desses embriões, recordaram expositores convidados, acabam esquecidos pelos pais, ou porque eles já tiveram os filhos que desejavam, ou porque decidiram adotar uma criança. Como não podem ficar congelados para sempre, acabam descartados pelas clínicas, em vez de abrir caminho para o tratamento de doenças genéticas como a degeneração de músculos de crianças.

- Será que a gente pode comparar a vida dessas crianças com um embrião congelado? Será que podemos negar às crianças a esperança de uma vida longa? Sou a favor de clonagem terapêutica, pois vi milhares de crianças e jovens morrerem e, pela primeira vez, vemos uma luz no fim do túnel - afirmou a diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), Mayana Zatz.

Segundo a exposição inicial do professor Marco Antônio Zago, diretor científico do Hemocentro da USP em Ribeirão Preto (SP), é necessário distinguir a extração de células tronco de adultos, que podem reparar alguns tipos de tecidos e a partir de embriões, que têm um poder muito maior de produção de qualquer tipo de tecido. Ele sugeriu como “agenda possível” o tratamento equivalente ao dos transplantes para a extração de células de adultos e a discussão do uso terapêutico de pré-embriões usados em clínicas de reprodução.

O médico Dráuzio Varela lembrou, durante a audiência, que, apesar da proibição do Conselho Federal de Medicina do descarte de embriões congelados, não há controle desta prática. Na sua opinião, a possibilidade de fazer com que células funcionem como “fábricas de tecidos” poderá representar para o século 21 uma revolução na medicina equivalente à descoberta dos antibióticos no século 20.

Os embriões congelados há mais de cinco anos nas clínicas de fertilização poderiam ser usados para a pesquisa, segundo sugestão apresentada pela professora Patrícia Pranke, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Sempre após o consentimento dos pais”, observou. Ela propôs ainda a proibição da manipulação genética de embriões, da clonagem reprodutiva humana, da produção e da comercialização de embriões.

Também presente na mesa, o médico e senador Tião Viana (PT-AC) observou que o assunto é polêmico em todo o mundo e deve ser tratado com todo o cuidado pelo Legislativo. Após manifestar a sua “convicção cristã”, ele disse que defende a utilização de embriões congelados para fins terapêuticos em algumas condições, apesar de recentes pesquisas alemãs indicarem a possibilidade de se obterem células tronco de adultos tão boas quanto as de um embrião. A seu ver, o Congresso poderia permitir o uso de embriões congelados há mais de três anos em “condições específicas”. Ele sugeriu ainda ao governo a criação de um Comitê Nacional de Ética e Pesquisa para as Ciências da Vida.

Posicionou-se contra a clonagem de células embrionárias para fins terapêuticos o filósofo André Marcelo Soares, professor de Bioética da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A seu ver, a proposta tem “propósito claramente utilitarista e não percebe que a fecundação tem como fim o nascimento de um novo ser e não o de prover bancos de órgãos”. A presidente da CAS, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), destacou a presença, na audiência, de quatro líderes partidários.


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