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Cientistas de MS defendem abertura de arquivos de guerra

Afonso Benites / Campo Grande News - 24 de dezembro de 2004 - 13:31

A abertura dos arquivos brasileiros relacionados à Guerra do Paraguai, ou Guerra Grande, é defendida por pelo menos dois pesquisadores de Mato Grosso do Sul. O jornalista e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) com doutorado em história pela PUC/RS (Pontífice Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Mauro César Silveira e o historiador e doutor pela USP (Universidade de São Paulo), Valmir Correa, acreditam que o sigilo absoluto da documentação é prejudicial para a compreensão do processo que envolveu a Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e Argentina) e o Paraguai.
A discussão surgiu no início do mês quando a Folha de São Paulo revelou que o governo brasileiro estaria se negando a divulgar a documentação aos estudiosos. A hipótese levantada pelo jornal é que autoridades brasileiras teriam pago árbitros internacionais para favorecer o País na demarcação da fronteira.
“Manter os documentos sob sigilo é a preocupação de manter a história que foi contada até hoje. Acho que não tem pra quê. Afinal um país não pode viver de segredos”, aponta Valmir Correa. Conforme historiadores, a preocupação do governo é que as fronteiras possam ser desfeitas ou que o Brasil tenha de pagar indenização ao Paraguai. “Os limites já estão solidificados. Não é revelando os documentos de mais de 100 anos atrás que irá mudar. Isso é paranóia”, opina.
Mesmo sem confirmação, o fato de árbitros internacionais terem sido subornados pelo governo brasileiro não é novidade. O jornalista Mauro Silveira e outros pesquisadores apontaram indícios dessa possibilidade. No segundo livro de autoria de Silveira, “Adesão Fatal - A participação portuguesa na Guerra do Paraguai”, ele relata que o suborno pode ter acontecido. “Não consegui confirmar, mas tive indícios de práticas pouco ortodoxas”, revela.
Assim como Correa, o jornalista defende a divulgação da documentação. “Não tive dificuldades em pesquisar no Paraguai. Seria bom se o Brasil também permitisse essa pesquisa”, finaliza.
Nessa semana, em matéria da Folha de São Paulo, a ministra das Relações Exteriores do Paraguai, Leila Rachid de Cowles, afirmou que os trâmites para o esclarecimento a respeito dos documentos foram iniciados por ela. Entretanto ainda não teve resposta do governo brasileiro.
A história da Guerra tem versões diferentes. Alguns historiadores defendem que o líder paraguaio Solano López foi um ditador expansionista esmagado ao agredir os países vizinhos. Outros afirmam que López estava à frente de uma emergente potência industrial, nacionalista e independente da Europa. Com informações da Folha On Line.

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