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Geral

Choveram medalhas para o Brasil em Atenas

21 de setembro de 2004 - 07:13

A delegação paraolímpica brasileira que está desde o dia 10 de setembro em solo grego deu um show na terra berço esportivo mundial. Somente em um dia, o Brasil bateu um recorde: conquistou quatro medalhas de ouro. Isso sem falar na de prata e na de bronze. Os números entram para a história do esporte paraolímpico brasileiro e junto com eles os resultados expressivos individuais dos atletas. Com certeza os fenômenos paraolímpicos atacaram. Com os resultados de hoje, o Brasil terminou o dia em 10º lugar no quadro geral de medalhas. Se continuar nesse ritmo, o País tem tudo para ficar entre as grandes potências paraolímpicas mundiais.



A tarde começou com a conquista do tricampeonato do judoca Antônio Tenório, 33 anos, no Hall Olímpico Ano Liossia, na categoria até 100kg. Na disputa da semifinal Tenório derrotou seu principal adversário o americano Kevin Szott, campeão mundial e paraolímpico. A final foi contra o chinês Run Ming Mens por waza ari. Como o adversário de Tenório insistia na falta de combatividade, os juízes marcaram três penalizações, chamadas de shidos. O chinês, medalha de bronze nos Jogos Paraolímpicos de Sydney, não representou nenhuma dificuldade para o brasileiro. Tenório ganhou o primeiro ouro do dia.



“Estou muito feliz com esta medalha. Agora eu tenho que começar a pensar em Pequim”, afirmou. O coordenador da modalidade, Walter Russo, destacou que o judoca veio com a mentalidade de um vencedor para Atenas. “O Tenório não é daqueles que têm um golpe só. Ele estuda cada passo durante a luta”, explica.



No atletismo, o primeiro a roubar a cena foi Antônio Delfino, que em Sydney ganhou a prata nos 400m. “Aqui deixei todo mundo para traz”, disse emocionado. O velocista ganhou a prova dos 200m com o tempo de 22s41. O francês Sebastien Barc chegou em segundo com 22s62 e o australiano Heath Francis ficou com o bronze. Com o ouro, Delfino se torna um dos atletas paraolímpicos mais velozes do mundo. Amanhã ele irá correr os 400m, prova em que é o atual recordista mundial e ainda irá correr os 100m. O velocista, que hoje mora na cidade de Brasília, dedicou o título para sua mulher e seus sete filhos.



Aos 18 anos, ele teve parte do braço direito cortado, após um acidente de trabalho no campo, onde era lavrador. Acostumado a uma infância difícil, Delfino começou a trabalhar aos cinco anos. Por esse motivo, o velocista tem experiência de sobra para lidar com problemas que surgem em sua vida. Para ganhar o ouro, ele se dedicou cinco horas de treinamento por dia e não se arrepende. “Treinei durante quatro anos para ganhar o ouro. Hoje minha vida é 80% dedicada para o esporte”, declarou o atleta.



O segundo ouro foi de um dos melhores amigos de Delfino, André Andrade. Por ironia do destino, André também foi prata em Sydney e hoje antes de correr, os dois combinaram que iriam ganhar o ouro. Funcionou. André terminou os 200m da categoria T13 (deficientes visuais) com o tempo de 22s70. O segundo lugar ficou com o americano Royal Mitchell (22s96) e o bronze foi para Nathan Meyer (23s04). “Ainda não caiu a ficha”, confessou.



O gaúcho, 23 anos, confessa que deixou uma vida que tinha em Porto Alegre para se dedicar exclusivamente ao atletismo. Ele foi para Presidente Prudente treinar com a equipe de revezamento olímpico. O resultado veio. O menino que tinha o sonho de ser um jogador de futebol confessa que valeu a pena ter desistido. “O ouro é a realização”, afirmou. O sonho de conquistar o ouro já foi realizado, mas agora André quer abaixar o tempo, abaixar, abaixar. “Sonho em correr uma Olimpíada”, completa. André ainda irá correr os 100m e o revezamento 4x100m.



A terceira medalha da tarde no atletismo foi conquistada pela cearense Maria José, a “Zezé. Ela terminou a prova dos 200m da categoria T12 (deficiente visual) com o tempo de 26s20. “Ganhei o bronze que me tiraram em Sydney. Essa medalha tem gosto de ouro. Em algum lugar está escrito que iria ganhar essa medalha e sei que em algum lugar também está escrito que irei ganhar o ouro” disse Zezé. A atleta dividiu a sua vitória com seu guia Gerson Knittel. “Ele é o melhor do mundo”, elogiou.



Na frente da Zezé ficaram a francesa Assia Hannouni (25s12) e biellorussia Volha Zinkevich (25s87). Aqui em Atenas a atleta ainda irá disputar as provas dos 100m e 400m.



Para fechar o dia do atletismo com chave de ouro, Ádria Santos, 30, tornou-se a primeira brasileira a ser tricampeã paraolímpica. Ela correu a prova dos 100m, na qual é a atual recordista mundial, e conquistou o último ouro do dia. O fenômeno paraolímpico terminou a prova com 12s55. Chocolate, seu guia, a elogia disse: “Você é a melhor do mundo”. A chinesa Chun Miao (12s94) ficou com a prata e a grega Paraskevi Kantza (13s34) levou o bronze.



A estrela dedicou a medalha para sua filha Bábara, 14 anos. A velocista ainda irá enfrentar as provas dos 200 e 400m. Muito bem acompanhada pelo seu guia, ela diz que ele é os seus olhos dentro da prova. Para finalizar, a atleta ressalta a importância da mídia nos Jogos Paraolímpicos. “Vocês estão demonstrando a capacidade dos atletas paraolímpicos”, declarou para os jornalistas.



Na natação a estreante Edênia Garcia, com apenas 17 anos, ganhou medalha de prata nos 50m costas, prova em que foi campeã mundial em Stoke Mandeville-2003. A adolescente já havia prometido no dia anterior que iria levar para Natal, cidade onde reside, uma vitória: “minha terra pode esperar que amanhã mostrarei resultados”. Promessa cumprida. A jovem que adora desenhar e curtir uma boa música foi confiante para a final e não deixou os natalenses na mão. Com a prata (51s51 – classe S4), a menina que possui distrofia muscular progressiva fez questão de apontar a real ganhadora da competição: dona Maria das Graças, sua mãe. “Estou de alma lavada e com a sensação de dever cumprido. Há quatro anos atrás, eu não imaginava que estaria em uma Paraolimpíada, quanto mais ganhar uma medalha nesta competição”, afirmou emocionada a nadadora. A japonesa Mayumi Narita ficou com o ouro (49s54), batendo o recorde paraolímpico, que era de 50s38. A medalha de bronze foi para a francesa Anne Cecile Lequien.



Judô: o Comitê Paraolímpico Brasileiro investiu na inclusão do judô paraolímpico. O grupo que está em Atenas é composto por sete atletas e a modalidade conquistou, em dois dias de competição, uma marca inédita: um ouro, duas pratas e um bronze. Pela primeira vez o judô feminino participa de uma edição dos Jogos e o Brasil já conseguiu trazer para a Grécia três judocas.



Evolução do atletismo parolímpico: Em Sydney, o Brasil foi representado por dez atletas e ganhou nove medalhas: quatro ouros, quatro pratas e um bronze. Agora, o número de atletas subiu em 70%. Somente hoje, aqui em Atenas, o atletismo brasileiro fechou o dia com quatro medalhas. E o que é melhor: três de ouro.



Natação: a modalidade é uma das que mais crescem no Brasil. Na última Paraolimpíada, o País levou 17 representantes. Desta vez, mesmo com o limite de vagas, 21 atletas estão brigando por medalhas em Atenas. Em Sydney, existiam 1200 vagas para os paÍses participarem na natação. Na Grécia, as vagas para todo o mundo contabilizam menos da metade: 580. Mesmo com a diminuição de vagas, o Brasil aumentou o número de nadadores e conquistou 21 vagas. Este aumento corresponde a 143%. A natação paraolímpica brasileira é a nona do ranking mundial e está lado a lado com grandes potências como Canadá e Alemanha, ambos com 21 vagas.



Para ver as fotos, acesse www.cpb.org.br







Assessoria de Comunicação do CPB

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