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Geral

China, um país de contrastes

Edla Lula/ABr - 22 de maio de 2004 - 10:46

Na terra do ing e do iang, dos opostos complementares, são visíveis os contrastes que se revelam na era pós-abertura econômica. A suntuosa arquitetura, com seus telhados encurvados, compõe o cenário com modernos arranha-céus. Algumas construções são uma mistura de muito vidro, luz neon, e torres antigas.

As antigas casas, no entanto, cada vez mais vêm sendo demolidas para ceder espaços para os modernos prédios construídos por multinacionais que se instalam aos montes nas grandes cidades, como Pequim e Xangai.

Nas ruas, uma multidão de carros novinhos divide o trânsito, em velocidade que só ultrapassa os 40 quilômetros por hora em auto-estradas, com as velhas bicicletas. Os automóveis, antes só dirigidos por gente do governo, embaixadas e taxistas, entraram para as famílias chinesas no final dos anos 90 e, com maior intensidade, no ano passado. “Graças à pneumonia asiática, que deixou a gente com medo de andar por muitas agremiações, compramos carros”, diz o empresário Yan Tun.

Os educadores de trânsito se distribuem ao longo das principais avenidas na tentativa de reeducar ciclistas, pedestres e motoristas para o convívio segundo as leis do trânsito. Numa situação que para os ocidentais pareceria caótica, os chineses conseguem se harmonizar, sem muitos acidentes, ignorando as regras. Eles atravessam uns pela frente dos outros sem se indagar de quem é a vez; aqueles riscos no chão, que os ocidentais chamam faixa de pedestre parecem ser para eles como mera decoração no asfalto. Pedestres atravessam largas e movimentadas avenidas sem sequer olhar para os lados. Simplesmente passam. Para os motoristas, mudar de rumo é muito fácil. Não precisa ficar procurando o próximo retorno, basta fazer a volta no ponto em que parou.

No barulho da noite, o convívio entre a suavidade do gu zheng, instrumento da música antiga muito tocado, e a agressividade da música eletrônica, simbolizada pela cantora A-mei, são o encontro mais gritante do velho e do novo. Pequim está pontilhada de pubs onde os jovens se encontram para dançar no mais legítimo ritmo ocidental e tomar cerveja e outras coisas mais quentes. Num desses lugares, o Le Jazz, faz sucesso a cantora Ming Bo, que com dedo em riste, num gesto típico do dos funkeiros, interpreta bandas norte-americanas no dialeto mandarim. “É um ritmo forte, que mexe com a alma da gente”, diz Wong Lee, de 21 anos, freqüentador do bar.

Quando o assunto são números, os contrastes também são visíveis. A China atravessa um período de transição de um regime de dinheiro controlado, para a liberação. Aí se vê extremos também comuns ao capitalismo: enquanto no trânsito desfilam Ferrari, Audi, Toyota, nas estações de metrô e nos pontos turísticos estão mendigos a pedir.

A soma das riquezas do país chega a US$ 1,3 trilhão, mas 20% da população concentra 80% dessa riqueza, segundo os dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Enquanto os investimentos estrangeiros ultrapassam os US$ 50 bilhões, os salários dos operários não ultrapassam os US$ 2 por dia. A renda per capita é de US$ 1000 por ano.


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