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Chagas : Ministério da Saúde recebe doação para combate

Assessoria - 21 de outubro de 2004 - 13:41

O ministro da Saúde, Humberto Costa, participou ontem (20), em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, da solenidade de entrega de um cheque simbólico para oficializar a doação de 360 mil comprimidos de Rochagan (Benzonidazol), doados pela empresa Roche. O Rochagan é um medicamento indispensável no tratamento da Doença de Chagas. Os comprimidos foram entregues ao Ministério da Saúde em três lotes, enviados em maio, junho e julho deste ano.

A Doença de Chagas deixou de ser um problema de saúde pública no País, mas ainda desperta a atenção das autoridades sanitárias brasileiras. Erradicá-la é uma tarefa impossível, pois a doença é transmitida pelo barbeiro, inseto importante para o equilíbrio ecológico nas matas. No entanto, algumas medidas são importantes para garantir o seu controle. Uma delas é a eliminação da única espécie de barbeiro que pode ser exterminada: Triatoma Infestans. Mais de 720 municípios brasileiros já estão livres desse vetor. Agora, o Ministério da Saúde trabalha para combater os últimos focos da espécie no Brasil, localizados no Rio Grande do Sul e Bahia. Para isso, vai destinar R$ 1,31 milhão, até o final do ano.

“Com os recursos repassados, o Ministério espera atingir o controle da doença na região nos próximos dois anos”, ressalta o coordenador do Programa Nacional de Combate a Doença de Chagas, Márcio Vinhaes. O dinheiro será usado em ações como o uso de inseticidas nas casas para reduzir a presença do vetor. O coordenador explica que essa espécie de barbeiro pode ser eliminada da mata por não ser nativa da fauna e da flora brasileiras. Trata-se de uma espécie introduzida pelo Sul do País que se adaptou à vegetação brasileira. “Os Triatoma Infestans são os que mais transmitem a doença porque preferem o sangue humano ao de, por exemplo, boi ou o de vaca”, afirma Vinhaes. “Cerca de 80% dos casos de Chagas detectados no Brasil foram transmitidos por esse tipo de barbeiro”, acrescenta.

Nos anos 80, os barbeiros da espécie Triatoma Infestans eram encontrados em mais de 720 municípios. Em 2003, esse número caiu para apenas 29. Os pequenos focos dessa espécie são encontrados, principalmente, no Rio Grande do Sul e na Bahia. O trabalho de combate à doença no Rio Grande do Sul será menos intenso do que nos municípios baianos. “Esse estado está em uma fase mais avançada em relação ao controle da doença de Chagas. Queremos, até o final do ano, realizar uma avaliação nacional e até internacional para confirmar se a região encontra-se livre da transmissão da doença por esse vetor”, esclarece Márcio Vinhaes.

Ações de prevenção – Desde 1980, o Ministério da Saúde trabalha com ações regulares e sistematizadas em todas as áreas de risco de transmissão da doença de Chagas (Nordeste, semi-árido brasileiro, cerrado e Rio Grande do Sul). Nessas áreas, uma das principais ações de prevenção é o uso de inseticidas domiciliares. Quando possível, são realizadas também melhorias nas casas do interior, trabalhos de educação em saúde e campanhas de esclarecimento para a população sobre a doença.

O Ministério da Saúde promove ainda inquéritos entomológicos. Ou seja, trabalha na procura ativa dos insetos transmissores da doença nas casas que fazem parte das áreas de risco. A realização de inquéritos sorológicos – coleta de sangue na população da área de risco para avaliar o impacto da doença e de infecções – é outro trabalho de controle desenvolvido pelo Ministério.

A primeira coleta de sangue na população aconteceu de 1975 a 1980 em todo o território nacional. Com a avaliação, pôde-se verificar a prevalência da doença em 4,2% da população e em 8,8% em alguns estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais. De 1994 a 1997, foram feitos inquéritos pontuais em determinados estados para monitorar a evolução da doença. A coleta de sangue foi feita na população de 7 a 14 anos. Mais de 232 mil amostras foram coletadas para testar positividade para a Doença de Chagas. A doença foi detectada em apenas 0,14% das amostras. “Somente 325 testes foram positivos. Percebeu-se grande redução no número de casos”, observa o coordenador.

Um novo inquérito sorológico está sendo realizado para analisar as ações de controle nos últimos 20 anos e identificar novas áreas endêmicas. Já foram coletadas mais de 60 mil amostras na população de 0 a 5 anos incompletos, faixa etária escolhida para avaliar o aparecimento de novos casos. “Esse trabalho deverá ser concluído no final do ano em todo o território nacional. Até agora, já se observou que o nível de infecção da doença está muito baixo”, comenta Vinhaes.

O coordenador adianta que, em Minas Gerais, dos mais de 11 mil exames realizados na população, identificaram-se somente 28 crianças soropositivas para a doença. Márcio observa que em todos esses casos a transmissão da doença de Chagas ocorreu de mãe para filho. “Isso demonstra que as ações desenvolvidas pelo ministério tiveram grande impacto no controle da doença”, conclui.

População acima de 30 anos é principal vítima da doença

Provocada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, a doença de Chagas se manifesta tardiamente nos infectados. Por isso, uma das maiores preocupações do Ministério da Saúde é com a população com idade entre 30 e 35 anos que contraiu a doença anos antes e precisa de tratamento. Segundo o coordenador do Programa Nacional de Combate a Doença de Chagas, Márcio Vinhaes, a infecção dessas pessoas chega a interferir na economia do País. “Os infectados se aposentam mais cedo e assim há uma perda muito grande na produtividade”, destaca.

A doença de Chagas tem duas fases: a aguda e a crônica. A fase aguda diz respeito ao início do seu desenvolvimento e, na maioria das vezes, é assintomática. O máximo de sintomas que pode apresentar é febre alta e mal-estar. “A descoberta da doença nessa fase inicial é extremamente importante, pois os recursos de tratamento hoje disponíveis podem, inclusive, proporcionar cura total da infecção, especialmente se o remédio for dado adequada e precocemente”, destaca o técnico.

Já a fase crônica da doença manifesta-se em um período de dez a 15 anos após a infecção, evoluindo para quadros mais problemáticos. Suas formas mais graves são quando a doença afeta o coração ou o sistema digestivo. O diagnóstico da doença de Chagas é feito por exames parasitológicos diretos ou indiretos. “O exame permite identificar a presença do parasita causador da doença no sangue”, explica o coordenador.

Embora a transmissão da doença não se dê tão facilmente – pois é preciso um contato prolongado do homem com o barbeiro –, alguns cuidados podem ajudar a preveni-la. O Ministério da Saúde orienta a população que vive nas áreas de risco a evitar fazer estoque de madeira e comida dentro de casa, pois podem servir de alimentos para o inseto transmissor da doença. É preciso ainda manter a casa sempre limpa, iluminada, arejada e sem frestas onde o barbeiro possa se esconder. Se possível, é bom que as casas estejam distantes de galinheiros.

“Ao encontrar algum inseto dentro de casa, os moradores das áreas de risco da doença devem procurar um agente de saúde para identificá-lo”, ressalta Márcio Vinhaes. “Médicos, enfermeiros, professores e pais de família devem estar atentos aos casos de pessoas com febre prolongada e outros sintomas, especialmente nas regiões consideradas de risco”, completa.

Mais informações
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