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Geral

Cemitérios e borracharias, com vigilância quinzenal

07 de abril de 2008 - 16:52

O evento Comitê Popular do Movimento União Contra a Dengue reuniu mais de 300 pessoas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, na sexta-feira dia 04/04. Autoridades responsáveis pela saúde do município, do estado do Rio de Janeiro e da União estavam presentes. O reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves abriu a sessão assumindo o compromisso de engajar a universidade com toda a população do estado no combate à dengue.



Epidemia



O Secretário-Adjunto de Vigilância em Saúde do Ministério, Fabiano Pimenta, informou que os Bombeiros possuem capas de caixa d’água para fornecerem à população que precisar. Entretanto, apenas as capas não são suficientes se as caixas não estiverem tampadas. Por isso, ele solicitou aos presidentes de associações de moradores que realizem um levantamento aproximado da demanda de tampas de caixas d’água, classificadas em redondas, quadradas, de 250 ou 500 litros, para que sejam fornecidas à população, sem “gastar impropriamente o dinheiro público”.



A respeito da passagem do fumacê, o Secretário-Adjunto manifestou a importância de “desmistificar o fato, pois há pessoas infectadas e mosquitos adultos. É um desserviço dizer que o carro não adianta de nada e que é só uma cortina de fumaça. Nos meses em que não há proliferação do mosquito sim, mas nessa situação crítica ele é essencial”.



Fabiano enfatizou a necessidade de a população colaborar com os governos, já que “o número de casas em que os agentes de saúde não conseguem entrar, no Rio de Janeiro, equivale à cidade de Belém. Isso é suficiente para infestar o Rio inteiro”, completou.



Segundo o Superintendente de Vigilância em Saúde, Victor Berbara, as causas da epidemia de dengue são o crescimento da população, a urbanização não planejada nem controlada, abastecimento de água e tratamento de resíduos inadequados, aumento na disseminação dos vírus da dengue, ausência no controle efetivo do mosquito e a presença do vírus em todos os municípios do estado do Rio de Janeiro.



Berbara destacou também a gravidade da atual epidemia: existem 57 mil casos notificados; há falta de assistência à população; até 2007 as internações eram na faixa etária de 20 a 49 anos, em 2008, quase 50% delas estão entre 05 e 14 anos; já foram confirmados 44 óbitos de gestantes; a área metropolitana do estado abriga um cinturão de vírus 2, que é o mais grave dos quatro tipos reconhecidos internacionalmente. De acordo com ele, as tendas montadas pelo Estado para atenderem a população infectada “não existem só para diminuir filas. Há necessidade de entrar com hidratação venosa rápida e precoce em crianças, antes mesmo do caso evoluir.”



A respeito dos critérios utilizados para definir a epidemia, o Superintendente declarou que o Governo do Estado se pauta nas recomendações do Ministério da Saúde, que aponta 300 ocorrências por 100 mil habitantes como indicador de epidemia. Ana Maria Schneider, Subsecretária de Desenvolvimento do Sistema de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), representando o Secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes, disse que além do município do Rio, Angra dos Reis e Campos dos Goytacazes estão em epidemia, e Duque de Caxias e Nova Iguaçu estão em situação de risco. Ela também reiterou que o Estado trabalha com índices por população e não com números absolutos.



População e governos



O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão salientou a validade do envolvimento de entidades patronais, sindicatos associações de moradores, movimentos de bairro, movimentos de mulheres, escolas e universidades, trabalhando permanentemente e levando informações aos bairros e comunidades, para que nada passe despercebido em relação à dengue.



Temporão lembrou desafios a serem superados com esforços comuns aos prefeitos e ao Governador do Estado: a necessidade de monitorar e diagnosticar situações de risco em relação à habitação, recolhimento de lixo, saneamento ambiental, oferta de água regular e lugares que necessitem de intervenções por criarem condições favoráveis à reprodução do mosquito vetor.



O Ministro também sugeriu medidas que podem fazer a diferença em relação ao desenvolvimento da doença: “realizar diagnóstico precoce, tratamento adequado e impedir que alguém morra da doença. Isso é mudar radicalmente o modelo de organização da atenção à saúde no Rio de Janeiro. Ao invés de transformar o hospital no centro das atenções, o que é um grave equívoco, é preciso estruturar uma rede de atenção primária de qualidade, onde se estabeleçam vínculos regulares e permanentes entre médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde”.



Ana Maria Schneider informou à Agência Notisa a importância do monitoramento constante dos grandes focos de dengue: “normalmente, os pontos que geram grande proliferação a Vigilância Sanitária trata como ‘pontos estratégicos’, porque os agentes devem ir lá pelo menos quinzenalmente. Esses macrofocos são os cemitérios, os ferros-velhos, as borracharias e os chafarizes”.



Médicos migrantes



Um tema que gerou polêmica foi a decisão da Sesdec de solicitar pediatras de outros estados para apoiarem o Rio de Janeiro. “O caminho é esse mesmo. É o que queremos para o futuro”, disse Victor Berbara em seu discurso. No entanto, nem todos os convidados entraram em acordo. Uma das propostas apresentadas por Paulina Henrique Coutinho, representante do Conselho Estadual de Saúde e membro do Comitê União Contra a Dengue, foi “chamar os médicos aprovados no último concurso do Estado do Rio para começarem a trabalhar, ao invés de importar mão-de-obra”.



A opinião de Paulina foi reforçada pela Secretária Municipal de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de Niterói, Jandira Feghali. “Não é preciso buscar médicos de outros estados para atender, tem que ter médicos concursados no Estado”, disse Jandira à Agência Notisa.



Repelentes



O uso e a distribuição de repelentes também foram temas que causaram controvérsias. A Prefeitura do Rio de Janeiro cogitou distribuir gratuitamente o produto à população, meta que não é compartilhada pelo Governo do Estado. “Essas são medidas de proteção individual e nós governos temos que tratar as medidas coletivas. É claro que os repelentes devem ser usados, mas nós, enquanto governo, devemos combater o foco. Quando a gente usa o repelente, a gente está combatendo o mosquito adulto e só existe mosquito adulto porque tem foco. O dia em que não houver mais foco, não vai ter mais mosquito adulto”, declarou Schneider.



Apesar de parecer óbvio o uso do repelente, de acordo com a Subsecretária de Desenvolvimento do Sistema de Saúde, Jandira Feghali “abaixo dos 06 meses de vida, o repelente é contra-indicado, e as pessoas estão passando até em bebê recém-nascido. No pânico, eu que sou médica e sou mãe, compreendo essa situação. As pessoas vão fazendo o que podem pra não ver o filho dentro desse quadro de letalidade de crianças. Todo mundo vai tentando se salvar”.



Unicef



A coordenadora do escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) do Rio de Janeiro, Luciana Phebo, ofereceu apoio às secretarias e ao Ministério da Saúde para reverter a situação das crianças fluminenses, que têm morrido vítimas da dengue.

“Estamos elaborando material informativo, com o apoio do ilustrador Maurício de Souza, com a personagem Mônica, que atualmente é a embaixadora mirim do Unicef, para falar sobre a prevenção e a eliminação do foco do mosquito Aedes aegypti, e também folhetos específicos para as crianças sobre a proteção individual, a importância do uso de repelente, calças compridas e sapatos, para que elas também possam levar essas informações para o mundo adulto”, declarou Luciana.





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