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Cavaleiro de Tacuru surpreende conterrâneos e vai ao Pan

Gylson Ferreira e Humberto Marques/Campo Grande News - 03 de julho de 2007 - 19:57

Rogério: após 'cair no mundo', escolha para representar o Brasil no PanABET
Rogério: após 'cair no mundo', escolha para representar o Brasil no PanABET

Quando tinha 17 anos Rogério Clementino resolveu "cair no mundo", como ele mesmo diz. Órfão de pai, o jovem deixou a cidade de Tacuru com destino a Paranavaí (PR), onde arrumou um emprego de peão. No Paraná, conheceu um amigo que o convidou para ir tentar a vida no interior de São Paulo.

E assim Clementino foi para em Boituva: "Lá eu jogava bola com um cara chamado Leandro, que me arrumou um emprego para tratar de cavalos. Com o tempo ele me ensinou a domar e eu acabei indo para Araçoiaba da Serra, trabalhar em um haras".

O dono do Haras, o empresário José Victor Oliva, ex-marido da jogadora de basquete Hortência, começou a perceber que o peão tinha um talento para lidar com os animais e resolveu investir no rapaz. Não demorou para que o sul-matogrossense começasse a conquistar resultados: "Ele me incentivava, me colocava em cursos, foi me patrocinando mesmo. E eu fui vencendo competições".

A última grande conquista veio há duas semanas. Inicialmente convocado para ser reserva da equipe brasileira de adestramento nos Jogos Pan-Americanos, ele assegurou uma vaga de titular após a saída do cavaleiro Pia Aragão. Aos 25 anos, Rogério Clementino será o primeiro negro a defender o Brasil no hipismo em uma edição de Pan: "Estou muito orgulhosos disso. É emocionante. Agora vou trabalhar mais ainda para caprichar na hora da competição. Estou bem treinado e acredito que é possível conquistar uma medalha", analisa.

Surpresa - Clementino é nascido em Ivinhema, mas considera Tacuru sua casa: "Fui criado lá e minha família continua em Tacuru até hoje", afirma. Na cidade, os amigos ficaram surpresos com o conterrâneo. "Quando eu contava que ele tinha virada cavaleiro, ninguém acreditava", diz a mãe do jovem, Joselita da Silva Clementino. "Eles tiravam sarro e diziam que era mentira. Agora a cidade está de boca aberta", completa.

A família conta que logo que saiu de casa, Rogério passou três anos sem dar notícias: "Nós crescemos juntos e nos separamos quando ele tinha 17 anos e foi para o Paraná. Não tínhamos notícias dele, ficávamos angustiados, chorávamos de saudade sem saber onde ele estava", recorda-se o irmão Adriano da Silva Clementino. "Para mim é uma alegria ver ele competindo no Pan. E agora todo mundo sabe. Antes o pessoal da cidade dava risada e dizia que eu era louco, mas hoje todo mundo está contente", conclui.

Depois de experimentar uma mudança tão grande na vida, Rogério destaca que a fé em Deus é o segredo para se vencer: "Eu aprendi que a gente nunca deve desistir e precisa aproveitar as oportunidades. Quando você tem uma chance, deve encarar isso como uma porta que Deus está te abrindo. Com a ajuda d'Ele, a gente consegue tudo".

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