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Cassilândia: o que Valdir está depondo no Fórum

Humberto Marques/Campo Grande News - 04 de junho de 2007 - 17:40

O ex-secretário de Finanças de Cassilândia, Waldimiro José Cotrin Moreira, informou que seis vereadores do município também receberiam valores referentes ao esquema de desvio de recursos públicos da prefeitura que veio à tona durante a “Operação Judas”, deflagrada pelas polícias Civil e Militar e o Ministério Público Estadual. Dentre os beneficiários do Legislativo, estaria o prefeito em exercício do município, Baltazar Soares Silva – presidente da Câmara dos Vereadores cassilandense.

A acusação de Moreira foi feita na tarde desta segunda-feira (4 de junho), durante depoimento ao juiz Sílvio Prado, no Fórum de Cassilândia.Conforme o ex-secretário, também receberiam uma “mesada” de R$ 6 mil mensais os vereadores Romão Maiorchini (que responde interinamente pela Mesa Diretora da Casa de Leis), Juscelino Araújo, Ozélio Silva, Paulo Dalastra e Silvonei Veron. Além disso, a Câmara receberia R$ 20 mil por cada sessão extraordinária realizada – valor que, conforme Moreira, seria partilhado entre os nove parlamentares municipais. Os pagamentos seriam efetuados aos vereadores pelo ex-vereador e secretário de Turismo da cidade, Adenilson Camargo.

Os valores pagos aos vereadores seriam debitados também por meio de “vales”, que eram debitados no tesouro municipal. Conforme Cotrin Moreira, o esquema teria sido deflagrado no início de 2005, e acabou no começo de 2006. Em seu depoimento, ele não deu explicações técnicas sobre a forma com a qual eram efetuados os saques. Porém, rechaçou que se tratava de um esquema de “caixa dois”: conforme o ex-secretário, o sistema de recebimento de títulos e taxas da prefeitura sempre foi feito desta forma.

De encontro a esse argumento, o juiz Prado lembrou que os documentos utilizados como “vales” ainda tinham inscrições em Cr$ (cruzeiro), denotando sua antiguidade. Cotrin Moreira também adiantou que os vales encontrados em nome do Sindicato Rural de Cassilândia seriam, na verdade, créditos que o ex-secretário tinha com o município – ele seria proprietário de um posto de combustíveis, e teria, conforme sua defesa, R$ 400 mil em créditos com a prefeitura.

Moreira também deu explicações sobre os documentos referentes a saques que eram destinados a “Pintado”. Segundo ele, este seria o apelido de uma pessoa que realiza empréstimos a juro, cobrando taxas de 3,5% ao mês sobre os valores negociados. O ex-secretário salientou, ainda, que os vales eram utilizados para controle interno das despesas, para posterior apresentação de contas.

A movimentação financeira, conforme ele, era toda feita na tesouraria da prefeitura, que estava sob responsabilidade de Luceni Quintina Correia – uma das servidoras presas durante a “Operação Judas”, mas que ganhou a liberdade por colaborar com as investigações.

Já sobre as investigações sobre desvio de recursos no departamento de água e esgoto da cidade, Moreira destacou que os vales eram destinados às pessoas que efetuavam as cobranças atrasadas, que teriam direito a 5% do valor arrecadado. Ao ser ouvido pelo juiz, Moreira disse que chegaram a ser efetuados estudos para que instituições financeiras assumissem esse serviço. Contudo, diante da baixa demanda e dos valores das taxas, o serviço se tornaria mais caro, não sendo assim adotado.

Waldimiro Moreira foi o primeiro dos 13 indiciados que devem ser ouvidos na tarde desta segunda-feira pelo juiz Prado. Eugênio Luiz Azambuja, também preso durante a operação e liberado pelas autoridades por colaborar com as investigações, será ouvido por carta precatória, uma vez que reside em Inocência.

A “Operação Judas” identificou irregularidades no tesouro municipal, onde um grupo de funcionários se beneficiaria de saques irregulares na tesouraria do município. O esquema teria sido deflagrado para pagar dívidas de campanha do prefeito José Donizete Ferreira de Freitas (PT). O chefe do Executivo cassilandense chegou a ser afastado pela Justiça, a pedido do MPE. Na sexta-feira (1º), o desembargador Horácio Pithan acatou pedido da defesa do prefeito, reconduzindo-o ao cargo. (Com informações do repórter João Pamplona, da Rádio Patriarca de Cassilândia).

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