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Cassilândia: delegado diz que soldado queria matar tenente

Bruna Girotto - 19 de outubro de 2011 - 08:00

Em entrevista ao programa Rotativa no Ar, da Rádio Patriarca, o delegado Rodrigo de Freitas informou, na manhã de ontem (18), que diversas testemunhas foram ouvidas sobre o homicídio do tenente Eufrásio ocorrido no final de semana em Cassilândia (MS). \"Estamos em fase final, para ser remetido ao Judiciário. Estamos esperando o médico legista enviar os armamentos e munições que foram retiradas do corpo, para enviá-las a perícia\", disse.

Segundo Rodrigo, o laudo é fundamental para tirar as dúvidas. \"E temos muitas dúvidas. Ele que vai sanar\", enfatizou.

Ele disse ainda que a Polícia Civil está trabalhando com três a quatro hipóteses. \"É que vão surgindo dúvidas em nossas cabeças. Não tem como você ter uma opinião formada se você não tem um laudo para lhe dizer o que aconteceu de verdade\", contou.

Rodrigo explicou que o Direito Penal ensina que o corpo fala. \"E fala mesmo\", confirmou. Porque, de acordo com o delegado, \"a perícia vai dizer a trajetória que a bala entrou, vai dizer de quais calibres saíram as munições, vai dizer se estavam em pé ou no chão, e se estavam rolando pelo chão. Isso tudo é determinante\".

O delegado disse que tem muitas dúvidas a respeito do crime. E descreve a cena do crime: \"Os policiais militares ficaram muitos nervosos. Se coloque na situação, o seu comandante e um colega de trabalho, lutando, com tiros disparando, porque a arma do Adriano Paulo havia seis disparos. Você vê um colega de trabalho vendo esse monte de tiros contra o próprio comandante. Então as coisas passam muito rápido na cabeça dessas pessoas. Às vezes, estão com boa vontade, querendo nos auxiliar, mas não tem como, as dúvidas surgem\".

O delegado afirmou que o sargento Caleghari ficou segurando o filho de Adriano Paulo (o soldado Paulão). \"Através do relato do sargento, um dos disparos do Adriano Paulo quase atingiu ele e a criança. Por isso ele não teve possibilidade de reação nenhuma. Primeiro, ele estava desarmado. Não esperava por isso. Não estava em trabalho. Ele foi lá para tentar contornar a situação\".

O delegado disse que as versões batem bastante em relação à chegada e discussão entre Adriano Paulo e o tenente Eufrásio. \"Então, aparentemente, Paulo teria dado dois disparos. Um policial disse que foi um e o outro disse que foram dois. A nossa conclusão inicial é que foram dois disparos. Nesses dois disparos, nenhum atingiu o tenente, que correu para trás da casa . Ele circundou a residência e aí entrou em luta corporal com Paulo, que veio ao seu encontro\", explicou.

Segundo Rodrigo, aparentemente, no momento em que o tenente entrou em luta corporal com o Paulo, o tentente não estava baleado. Isso porque, \"em qualquer lugar que tivesse acertado, a vítima não teria condições de entrar em luta corporal\".

O delegado volta a insitir que os tiros que acertaram o tenente podem ser do Paulão, porque segundo ele, não descarta que o da cabeça também pode ser um 38, a exemplo dos outros dois que acertam a região do abdôme. \"Estamos trabalhando ainda com esta hipótese. É por isso que precisamos do laudo”, afirmou.

O repórter fez o seguinte questionamento ao delegado: \"Então o senhor acha que a informação prestada pelo dr. Dairson [médico legista], de balas com calibres diferentes, não são corretas?\" Rodrigo respondeu: \"Eu não posso dizer, eu prefiro o laudo. Eu acredito que o dr. Dairson tenha todos os méritos no que falou, já viu muitas munições. Eu entendo isso, mas prefiro estar com o laudo em mãos, porque aí posso ter a conclusão.\"

Rodrigo disse que a munição parece ponto 40: \"Eu não vou negar que parece, mas não sou perito para dizer se é ou não é. Às vezes até uma pessoa que não é perito sabe o que é uma ponto 40. Agora eu particularmnte não sei. Estou esperando o resultado da balística. O que posso dizer éque foram efetuados seis disparo. Qual munição que matou, eu não sei.\"

Foi feito outro questionamento: \"Temos mais uma informação que dois tiros foram dados no abdôme. Mas esse tiro na cabeça, foi de cima para baixo. E não teria como, se estivessem brigando, ser dado o tiro de cima para baixo.\" O delegado respondeu: \"É justamente por isso mesmo que a gente espera a perícia. Ela vai dizer se é ou não é uma munição ponto 40 ou 38. O próprio perito já levantou isso no local. Existem todas essas possibilidades\".

O delegado disse à população: \"Independentemente disso, e agora quero falar com a população para que tenha noção do que passa na cabeça do delegado, da Justiça neste ponto. Não tira a culpa do Paulo de ter efetuado os disparos e no mínimo ter pretendido matar e ter dado causa a morte. Porque se o disparo foi de ponto 40, o disparo foi por um erro, pode ter sido por um erro do policial, que estava tentando impedir o Paulo de matar. Porque os dois tiros que atingiram, que nós temos grande certeza ser 38, esses tiros provavelmente causariam a morte do tenente. E a intenção do Paulo não foi em momento algum de atirar na perna. Quando o tenente chegou, ele desferiu dois tiros no tenente, ou seja, ele queria matar o tenente. Não tenho dúvidas disso. Agora, se o outro tiro contribuiu, se teve esse outro tiro, isso já é uma outra hipótese para a justiça trabalhar. O que eu tenho noção é que se foram dois ou três tiros do Paulo e a intenção dele era matar. Disso eu não tenho dúvida, vou fazer o relatório e vou encaminhar para o Poder Judiciário desta forma\".

O delegado disse que existem policiais e policiais. E fez questão de elogiar a conduta dos policiais que atenderam ocorrência. \"Posso dizer que sempre foram dois policiais exemplares\", concluiu.

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